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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

'IMAGINE' - 44 ANOS!

          Este pequeno texto, analisando o álbum 'Imagine' de John, foi escrito para o meu livro 'Alto & Bom Som', em 2009. Recordando hoje os 44 anos de um grande álbum! 



                                    Imagine – Nuvens utópicas 


Em seu último trabalho gravado em sua terra natal, antes de partir para os EUA , John Lennon resolveu baixar o tom do discurso.
Tendo exorcizado seus fantasmas no álbum anterior, o catártico John Lennon/Plastic Ono Band’, Lennon retorna com um álbum mais harmônico e bem arranjado. Desta vez, o produtor Phil Spector recebeu carta branca para acrescentar cordas e violinos às canções.

  
Após conseguir controlar o uso de drogas, o relacionamento de John com Yoko atravessava uma ótima fase, e isto se refletiu no álbum.
Com seus ideais intocados após a campanha do bed-in pela paz mundial, a dupla resolveu compor um hino a esta causa.
Give Peace a Chance tinha sido uma pálida mostra do que John podia fazer, mas da próxima vez ele não erraria a mão.

Imagine iria se transformar na música mais conhecida, mais cultuada e mais amada do ex-Beatle. Seu nome virou sinônimo de paz, justiça e liberdade. Até hoje, ela continua atual e existem milhares de versões pelo mundo afora. Se John Lennon ficou marcado por alguma música, com certeza foi Imagine.

Outro grande sucesso do disco foi a balada Jealous Guy, que remontava ao tempo da meditação transcendental na Índia com o Maharishi Mahesh Yogi, em 1968.
 John à havia iniciado após ouvir uma leitura do Maharishi e colocou o título provisório de Child of Nature. Como os outros Beatles não se interessaram, John a deixou de lado, só retornando aos trabalhos depois da separação do grupo.
Nesta música, assim como em várias outras, surge a inconfundível guitarra de George Harrison, convidado de honra do álbum.


John trabalhou em Imagine com vários amigos e músicos de primeira linha, o que contribuiu para o som redondo do álbum. O line-up básico foi Nicky Hopkins no piano, Klaus Voormann no baixo e Alan White na bateria, além de participações especiais do saxofonista King Curtis e dos bateristas Jim Keltner e Jim Gordon.

Podemos sentir um remake do álbum anterior nas composições I Don’t Wanna Be a Soldier Mama, I Don’t Wanna Die e Gimme Some Truth, em que John solta a voz pra valer, seguido por um arranjo poderoso de guitarra.
John e Yoko dividem os créditos pela balada Oh My Love, que demonstra o quanto eles ainda estavam apaixonados.

Um dos grandes momentos do álbum é a rascante How Do You Sleep? – com um soberbo solo de slide de Harrison -, que tinha como alvo ninguém menos que o ex-parceiro Paul McCartney.
Durante a difícil e turbulenta separação dos Beatles, John nunca engoliu que  McCartney tivesse sido aquele que anunciou oficialmente o final da banda. Lennon começaria a hostilizar Paul publicamente, criticando suas canções e o seu álbum de estreia.
McCartney revidou de maneira mais sutil, através da música, com a canção Too Many People, lançada no início de 71.
Nesta canção, Paul comenta sobre 'gente' que ‘prega um discurso, mas segue outro caminho na vida privada’ e aconselha as pessoas a ‘não deixar que lhe digam o que fazer...’


John parece ter entendido o recado e retalhou de maneira mais direta. How Do You Sleep?, entre outros ataques a Paul, sugere que ‘a única música que você fez foi ‘Yesterday’ – referindo-se a canção super-famosa do parceiro no  tempo dos Beatles.     
A letra de 'How Do You Sleep?', segundo a lenda, seria ainda muito mais ofensiva a Paul com as contribuições de Yoko e do empresário Allen Klein, mas o chapa Ringo Starr, que se achava presente no estúdio, conseguiu impedir John de colocar tudo no papel.
Felizmente, logo depois, as coisas se acalmaram e Paul compôs para John a canção Dear Friend, em que sugere uma trégua no conflito entre os dois.

Nada melhor do que terminar o álbum de forma mais amistosa, e John o fez de maneira impecável em How?, uma de suas mais belas composições até então, e a deliciosa Oh Yoko!, mais uma declaração de amor a sua inseparável esposa e companheira.


Chegava ao fim aquele que, provavelmente, foi o álbum mais acessível do ex-Beatle. Com ele, ficou provado que Lennon não era apenas aquele rockeiro duro, sagaz e incapaz de cantar uma bela balada.
Ainda naquele ano, John comporia o clássico natalino Happy Xmas (War is Over), lançado em single e que chegaria aos quatro cantos do mundo como mais uma mensagem de paz do casal Lennon.
Tempos difíceis os esperavam na América, mas na metade de 1971, John e Yoko tinham o mundo a seus pés.


                                                                                            Agosto de 2009 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

CAT STEVENS/ YUSUF




                                                             TALENTO NATURAL


Vou combinar com vocês que apesar de ele ter se convertido ao Islã em 1977, e trocado seu nome para Yusuf Islam, ainda gosto de chamá-lo de Cat Stevens, seu nome artístico, ou simplesmente CAT!
Sem dúvida um dos maiores compositores ingleses dos anos 60/70, Steven Demetre Georgiou, filho de pai grego e mãe sueca, completa 67 anos neste 21 de julho.


Cat era aquele tipo de artista de quem você poderia comprar um disco de olhos fechados. Desde seu primeiro álbum, em 1967, chamado 'Matthew and Son', em que a faixa título e 'I Love My Dog', emplacaram nas paradas, sua carreira foi uma das mais bem sucedidas do show biz!

Não pense, porém, que Cat se contentava com o sucesso fácil. Álbuns como 'Mona Bone Jakon' (1970), são já uma amostra de suas preocupações com o mundo consumista e superficial que o inglês já detestava naquela época.
Neste mesmo ano de 1970, ele lança 'Tea for the Tilerman', provavelmente seu mais acessível trabalho, em que desfilam algumas de suas melhores canções. A música 'Father and Son' se tornou um clássico instantâneo, unindo gerações.

Sempre evoluindo, em 1971 Cat vem com 'Teaser and the Firecat', disco em que suas preocupações com a paz mundial, em uma época extremamente conflituosa, ficavam mais fortes. A canção 'Peace Train', virou seu hino à paz, até os dias atuais. Outro destaque é 'Morning Has Broken', testemunha do perfeccionismo musical de Cat.

Em 1973, Stevens se saiu com um álbum muito diferente. Dispensando o produtor de longa data Paul Samwell-Smith, e sua banda habitual, ele descobriu que sua maior influência era a música negra, e não o rock. Como ele havia morado algum tempo no Brasil, para fugir do imposto de renda britânico, ele entitulou o disco de 'Foreigner'. Ali não havia nenhuma música comercial, e o que deixou seus fãs de cabelo em pé, era que o lado A era composto de uma única canção: 'Foreigner Suite', com seus mais de 18 minutos.

'Buddha and the Chocolate Box' (74), é mais dinâmico em sua essência, e o hit 'Oh Very Young', deu aos fãs um pouco do que eles esperavam.
 Ele já não dava a mínima para o sucesso, mas em 1976, Rod Stewart lança o álbum 'A Night on the Town', em que a música 'The First Cut is the Deepest', antiga composição de Stevens, rouba o álbum, e emplaca nas paradas. Todos queriam ouvir novamente o 'velho Cat', mas ele já está noutra!

 Seu último álbum da fase Cat Stevens foi 'Izitso', lançado no início de 1977. Um belíssimo adeus do iluminado Mestre aos seus fãs ocidentais.
No ano de 1978, ele ainda lançaria 'Back to Earth', mas as canções já não tinham nada a ver com o antigo Cat!


Depois de sua conversão, Yusuf silenciou durante muitos anos, Sendo entrevistado uma vez ou outra, quando ficamos sabendo que ele havia casado. Suas declarações também foram desastrosas, ele mesmo reconheceria depois, sobre a pena de morte imposta pelo Islã ao escritor Salman Rushdie.

Como sua vida deve ter se tornado um tanto monótona, digamos assim, parece que Yusuf, começou aos poucos a compor novamente. Em 2006, finalmente, um novo disco de Yusuf (Cat) seria lançado.
'An Other Cup', mostra que o velho sábio não perdeu seu talento nem sua voz. Ele até ressuscitou o antigo sucesso 'Don't Let Me Be Misuderstood', praticamente se apropriando da canção.
'Roadsinger' de 2009 e o mais recente 'Tell'em I'm Gone', nos mostram um artista ainda sensível, sem radicalismos, e o que é muito importante: disposto a voltar a gravar e fazer turnês.

Grande Cat. Grande Yusuf!!





terça-feira, 23 de junho de 2015

QUEM FOI O 5º BEATLE?



                                              O BEATLE QUE NÃO FOI RECONHECIDO



Este é um papo manjado entre os beatlemaníacos. Quem foi o quinto beatle? Ele realmente existiu?



Hoje, Stuart Sutcliffe estaria completando 75 anos. Ele é um forte concorrente ao cargo honorário de 'quinto beatle', pois fez parte da banda até 1962, tocando baixo. Grande amigo de John Lennon, Stu entrou para os Beatles graças a insistência deste. Seu forte não era a música. Ele era na verdade um grande artista, e seus quadros valorizaram muito após sua morte. Deixaremos então Stu na 'lista de espera'.




Talvez o candidato mais viável a este posto, por ter 'descoberto' o talento deles, seja o empresário Brian Epstein. McCartney, que nunca foi muito amigo dele, disse uma vez: "se existiu um quinto beatle, ele foi Brian". É verdade. Epstein tirou os caras de um porão úmido e decadente, os orientou a como se portar num palco, e buscou contrato com gravadoras para que finalmente eles pudessem gravar um disco. Foi trabalho duro, mas Brian venceu a batalha. No entanto, seu pouco tino para os negócios, faria os Beatles perder muito dinheiro, principalmente em negociações de royalties. O contrato para a trilha sonora de 'A Hard Day's Night', também foi uma piada, com os Beatles arrecadando muito menos do que deveriam.
Enfim, Brian aguarda no primeiro lugar na nossa 'lista de espera'.




Tenho certeza que muitos votos iriam para o produtor George Martin.
Martin, que trabalhava no selo Parlophone, da EMI, em 1962, quando Epstein foi lhe mostrar umas demos de um grupo de Liverpool, imediatamente enxergou alguma coisa naqueles rapazes. Porém, no início, Martin ficava procurando por um cantor principal (que poderia ser Paul ou John na opinião dele), e o grupo de apoio. George custou a se dar conta que o forte da banda era o todo.
Martin foi essencial nas primeiras gravações, mostrando como funcionava um estúdio para os garotos, e tendo a humildade necessária, para depois de um certo tempo, deixar os caras à vontade nas gravações. Sua presença seria menos necessária com o tempo. Somente quando começaram as brigas internas, Paul foi buscar novamente o velho maestro para unir o grupo. Ele fica de nº 2 na fila.




Pouco conhecido do grande público, mas um cara que fez muito pelo som dos Beatles, é o engenheiro de som Geoff Emerick.
Geoff começou seu trabalho com os rapazes em 1965. Seu antecessor Norman 'Hurricane' Smith, queria se tornar produtor, e foi transferido para outra banda que estava começando: Pink Floyd!
Os Beatles lucraram muito com a chegada de Emerick. 'Rubber Soul', com a ajuda de Geoff, já mostra uma banda bem mais madura e dominando os estúdios. Ele insistiu com Paul para que usasse o baixo Rickenbacker, no lugar de seu tradicional Hofner, o que aumentou em muito o peso de músicas como 'Paperback Writer', por exemplo. Com o tempo, o trabalho de Emerick só aumentou com os rapazes, mas ele foi suficientemente talentoso para acompanhar a evolução da banda. Ele merece um crédito enorme pelos 'truques' de estúdio dos Beatles. Forte concorrente ao posto.




Podemos citar também os amigos dos caras, desde a época em que começaram, e que os acompanharam até após o final da banda. Deste grupo, se destacam de cara Mal Evans e Neil Aspinall.
Mal era o gigante simpático, antigo leão de chácara do Cavern, e depois roadie dos rapazes. Na verdade ele foi muito mais que roadie. Ele estava presente em todas as gravações, pronto tanto para ir buscar um chá, como para tocar um pandeiro. No final da banda, Mal chegou a se aventurar como produtor da banda Badfinger.




Neil era o motorista do grupo nos primeiros tempos. Amigo leal de Pete Best, primeiro baterista dos
caras, Neil quase largou o grupo quando Best foi chutado do conjunto em favor de Ringo Starr. Aspinall acabou ficando, e graças a seu talento como contador, a gravadora 'Apple' dos Beatles foi recuperada nos anos 90.

Sem dúvida temos que falar de Pete Best, o primeiro baterista da banda. Pete, não era na verdade grande amigo de nenhum dos outros do grupo, então sua saída pouco antes do início do sucesso dos Beatles, não foi uma surpresa. Seu talento como músico também era questionável.



 
Alguns chegaram a votar em Billy Preston, como 5º beatle. Sinceramente, não concordo. Billy, apesar de seu enorme talento, e de proporcionar um clima mais agradável nas fatídicas sessões do projeto 'Get Back/Let It Be', não participou assiduamente da banda. Aliás, Paul vetou qualquer maior participação dele como integrante perpétuo da banda.
Preston fica na reserva.

Para um diagnóstico final, devo dizer que todos os citados acima, contribuíram de uma maneira ou de outra para que os Beatles atingissem os seus objetivos. Uns mais, outros menos. Penso que colocar um 'quinto beatle' no grupo, mesmo oficiosamente, desmereceria o trabalho dos quatro. Lembro de um Paul McCartney magoado citando um artigo que dizia: 'Sgt Pepper's, o melhor trabalho de George Martin'.  "Pera aí, vamos devagar", disse o Macca, "o George ajudou, mas chamar 'Pepper's de um álbum dele é demais".
Para concluir, um sábio ditado popular: não se mexe em time que já ganhou!    

segunda-feira, 1 de junho de 2015

SGT. PEPPER'S - 48 ANOS.


                                          Sergeant Peppers 

                                    48 ANOS DE UMA REVOLUÇÃO



            Era uma vez um verão inglês da contracultura, há 40 anos. Na esteira do movimento beatnik dos anos 50, os sixties se transformaram no palco de manifestações da juventude contra valores da cultura ocidental, configurando um tipo de crítica anárquica que revolucionou nosso modo de ver o mundo. Este caldeirão, que apenas prenunciava o Maio de 68, a Primavera de Praga e o Festival de Woodstock, também encontrava John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr um tanto diferentes. Alguns anos antes, os Beatles explodiram como grande fenômeno da comunicação de massa do século XX, mas haviam abandonado os palcos e a histeria das fãs para se dedicarem integralmente ao trabalho em estúdio.
            Muito desta nova orientação se demarcava em Revolver (1966), que já soava um tanto esquisito e diferente para os padrões da época. Foi então que, em 1o de junho de 1967, os Beatles surpreenderam o mundo com uma verdadeira revolução. Sgt Pepper´s Lonely Hearts Club Band era lançado como a primeira experiência de disco conceitual e que seria bastante imitada nos anos seguintes. De fato, Sgt Pepper´s não deve ser considerado apenas um disco, mas a fiel expressão de uma época. Foram 129 dias de gravações, provavelmente os dias mais inventivos e revolucionários da história do rock.
            Quarenta anos depois, a atualidade desta obra permanece intacta. Sua resistência ao tempo revela, a cada audição, novos elementos que provocam a sensibilidade. A concepção do álbum começou um pouco antes, mais precisamente no final de 1966, quando os Beatles gravaram o compacto Penny Lane/Strawberry Fields Forever, duas canções tão marcantes na carreira do quarteto de Liverpool que fariam por merecer integrarem o Sgt Pepper´s.
            A ideia do novo disco era engenhosa e jogava com elementos de farsa e de ironia com o culto às celebridades marcante na cultura da mídia. Os Beatles agora trocariam de identidade e se tornariam a banda de um suposto “Sargento Pimenta”. A partir deste momento e até seu final, em 1970, os rapazes de Liverpool seriam uma banda de estúdio, buscando os limites de sua criatividade e explorando ao extremo os poucos recursos tecnológicos da época (o disco foi gravado em quatro canais).
            Qualquer pessoa que tenha comprado Sgt Pepper´s Lonely Hearts Club Band lembrará para sempre suas primeiras impressões ao segurar aquela capa multicolorida e cheia de enigmas, onde os Beatles figuram ao centro, caracterizados com os fardões da banda imaginária, tendo ao fundo ícones da cultura midiática, como Jonny Weissmuller, Mae West, Marlon Brando e Shirley Temple, além de pensadores como Marx e Jung. O impacto visual da capa de Pepper´s é apenas o prenúncio do que vem a seguir, quando convidamos o leitor para uma audição comentada, música por música.



Sgt Pepper´s Lonely Hearts Club Band
            Paul McCartney teve a ideia para o álbum quando voava dos Estados Unidos para a Inglaterra. Nomes esquisitos para conjuntos estavam na moda, e Paul imaginou que os Beatles poderiam trocar suas identidades e se transformarem na “Banda dos Corações Solitários do Sargento Pimenta”. A música anuncia o show que está para começar.

With a Little Help from my Friends
            A música é interpretada por Ringo Starr e está interligada com a abertura. A universalidade dos temas se sobressai, aparecendo neste caso a amizade. Nela, é apresentado um certo “Billy Shears”, alter-ego do baterista dos Beatles. Composição de Paul, com uma “pequena ajuda” de John Lennon.

Lucy in the Sky with Diamonds
            A famosa canção de Lennon tem as iniciais LSD e foi interpretada na época como apologia às drogas. Mais tarde, John explicou que se baseou em um desenho do filho Julian, então com cinco anos, que teria retratado uma colega de escola chamada Lucy voando no céu e rodeada por estrelas que parecem diamantes.

Getting Better
            Música de Paul, inspirada em frase que o baterista Jimmy Nichol, que substituiu Ringo quando este ficou doente em turnê de 1964, repetia sempre. Quando perguntavam a Jimmy como estavam as coisas ele respondia “estão melhorando”. Quando ouviu a gravação de Paul, um sarcástico Lennon chegou a dizer: “não poderia estar pior”.

Fixing a Hole
            Paul compôs esta música após consertar o telhado de sua casa na Escócia. Também se refere aos fãs mais exaltados que faziam ponto em frente à sua residência. No dia da gravação, McCartney conta que um sujeito bateu à sua porta dizendo que se chamava Jesus. Paul o levou ao estúdio para apresenta-lo aos colegas: Este é Jesus. “Ele se comportou bem”, lembrou Paul mais tarde, “e nunca mais vimos Jesus”.

She´s Leaving Home
            Uma das mais belas baladas de McCartney, conta a história de uma adolescente que não se sentia mais amada pelos pais e resolve fugir de casa. Paul conta que era uma jovem com o mesmo tipo de solidão de Eleanor Rigby, outra de suas personagens imortalizada na célebre gravação de Revolver (1966). Um tema de época, a rebeldia associada à saída da casa dos pais e à recusa dos valores da família.

Being for the Benefit of Mr. Kite
            Lennon tinha um quadro antigo na parede de sua casa sobre uma apresentação de circo, criando uma atmosfera de espetáculo para a musica, que contou com brilhante trabalho de produção de George Martin, e do engenheiro de som, Geoff Emerick.

Within You Without You
            George Harrison, enfim ele, aparece em sua única canção no álbum. A marca é a influência da cultura e música orientais, que influenciavam George desde 1965. É o único Beatle nesta gravação. Os demais músicos são indianos.

When I´m Sixty-Four
            A melodia foi composta por Paul quando tinha apenas 16 anos. McCartney concebeu a letra em 1966, quando seu pai completou 64 anos. Detalhe: McCartney tem 64 anos hoje, quarenta anos depois de Sgt Pepper´s. Sobressalta o tema do amor e do companheirismo, capazes de sobreviver ao envelhecimento. Uma pérola.

Lovely Rita
            Música inspirada no que seriam as equivalentes americanas das “fiscais da zona azul”. Paul ficou sabendo que elas existiam nos Estados Unidos e as homenageou, fazendo-as parecer sexy, apesar da maioria das pessoas não concordar.

Good Morning Good Morning
            Canção de Lennon feita a partir de um anúncio de sucrilhos na TV. John era o Beatle que mais gostava de televisão e de jornais, tendo diversas vezes buscado inspiração em propagandas para suas composições.

Sgt Pepper´s (Reprise)
            A faixa-título agradou tanto que os Beatles decidiram por uma reprise. Paul, com seu estilo prático de compor, adaptou a letra para agradecer antecipadamente aos fãs pelo sucesso do álbum. Coisa que eles nunca duvidaram.

A Day in the Life
            Esta é a reunião de duas músicas distintas. A parte principal é de John, incluindo o relato do acidente fatal e o enorme tapa-buracos em Blackburn, dentre outras notícias lidas no jornal durante o café da manhã. Paul contribui com a parte do rapaz atrasado, que tem início com um despertador. Enfim, uma música sobre um dia normal na vida das pessoas, mas que o talento Beatle transformou em pura arte.

Epílogo
            E então, gostaram? Então é só voltar ao início e curtir tudo outra vez. Boa viagem.


                                                               Maio de 2007 

 Escrito em parceria com Rogério Koff