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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Clapton - O Meu Set-List dos Sonhos!


Faltando 6 dias para o show de Eric Clapton na FIERGS, comecei a fazer uma audição (pela milésima vez) dos grandes álbuns ao vivo do 'deus da guitarra'.
Levando em conta as músicas que se prestam mais para uma apresentação em grandes espaços abertos, eu fiz uma seleção desde o tempo do Cream.
Evidentemente a maioria destas músicas Mr. Clapton não tocará no show, pois sua fase agora é outra! Mesmo assim, fica aqui uma sugestão de um cd de 76 minutos, com um set-list que cairía bem em qualquer apresentação ao vivo de Eric. Dei especial ênfase a sua fase de retorno após seu problema com as drogas. O show no Rainbow Theater em 73, mostrou toda a força de vontade de nosso herói em seu retorno à vida!

                          Mr. Clapton  -  'Dream's Set-List'

1- Let It Rain- from 'Rainbow Concert'- 1973 (sempre uma das minhas favoritas).
2- Crossroads- from 'Wheels of Fire' (Cream)- 1968 (na interpretação de Clapton é um hino do blues)
3- Key to the Highway- from 'One More Car, One More Rider'- 2001 (versão light de outro hino)
4- Layla- from 'Rainbow Concert'- 1973 ( a obra prima do Mestre segundo ele mesmo, versão bonita)
5- Why Does Love Got to Be So Sad- from 'Derek and the Dominos in Concert'- 1971 ( versão pesada e uma das melhores composições de Clapton, fica aqui o registro desta banda inesquecível. Adoro a letra)
6- Badge- from 'Rainbow Concert'- 1973 (única parceria, como compositores, de Clapton com Harrison, só por isso já seria histórica, além disso a letra é muito charmosa)
7- Blues Power- from 'Rainbow Concert'- 1973 (na década de 70, Clapton utilizava sempre esta composição de Leon Russell)
8- White Room- from '24 Nights'- 1990 (uma obrigatória dos shows do Cream, mistura psicodelia e peso)
9- Tears in Heaven- from 'Unplugged'- 1992 (fica bem num set de músicas mais lentas, esta emocionante homenagem a seu filho Connor que morreu aos 4 anos de idade)
10- Wonderful Tonight- from 'Just One Night'- 1979 (uma bela balada inspirada em sua mulher na época, Pattie Boyd(ex-Harrison). O solo de guitarra arrasa.)
11- Sunshine of Your Love- from 'Live Cream vol. II'- 1969 (Cream)( outra clássica do Cream. O vocal principal é de Jack Bruce)
12- Further On Up the Road- from 'E.C. Was Here'- 1975 ( canção sempre presente nos anos 70 nos show de E.C., o nome já diz tudo)
13- After Midnight- from 'Rainbow Concert'- 1973 ( pra encerrar o show que terminará bem depois da meia-noite a sugestão é esta bonita balada, ás vezes tocada em ritmo de rock, ás vezes como reggae, como nesta versão de 73).

Faltou espaço para outras clássicas como: Bell Bottom Blues, Cocaine, Have You Ever Loved a Woman, I Shot the Sheriff, Pretending... etc... etc...

Vejo vocês na FIERGS!!



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Grapefruit - Revisitando Yoko Ono!

 

Yoko Ono, queiram ou não, foi um ícone da contra-cultura.
Antes de conhecer John Lennon ela já promovia 'happenings' na Swinging London dos anos 60, acompanhada de seu marido na época, Tony Cox, e de sua filha Kyoko.

De cineasta underground ('Fly', 'Rape'), a artista performática de vanguarda, de pianista clássica a cantora e mulher de um Beatle, talvez a Yoko menos conhecida seja a escritora.

Seu livro 'Grapefruit', foi publicado somente no Japão em 1964, em edição limitada de 500 cópias, e mais tarde engrossado com novas peças e desenhos de Yoko e relançado (com a óbvia ajuda de John) no Reino Unido em 1970.
Esta edição que tenho em mãos de 2000, foi sua primeira reimpressão em 30 anos.
Consistindo basicamente de pensamentos e 'instruções' e poucos desenhos de Ono, ele vale como curiosidade, para termos noção do quanto a 'mulher-dragão' era criativa.
Este livro foi seu primeiro presente para Lennon, quando o conheceu em 1966. E consta, que o Beatle ficava horas, recostado em seu sofá, viajando, absorvendo e remoendo suas instruções.

A dica básica de Yoko na orelha do livro é: "Queime-o depois de ler"!
John respondeu: "Este foi o melhor livro que já queimei"!!!

Outras 'dicas':

                                HAND PIECE

               Raise your hand in the evening light
               and watch it until it becomes transparent   
               and you see the sky and the trees through it.


                                 BODY PIECE

                Stand in the evening light until you
                become transparent or until you fall
                asleep.

                1961 summer.

                        
               

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Daytripper!



Ainda na onda das histórias em quadrinhos, chega as minhas mãos o livro 'Daytripper' de Fábio Moon e Gabriel Bá.
A dupla é brasileira, além disso são irmãos gêmeos e moram em são Paulo. Eles já foram publicados nos 4 cantos do mundo.
'Daytripper' conta a vida de Brás de Oliva Domingos, brasileiro, e que trabalha escrevendo obituários.
As aspirações de Brás são muitas, entre elas a de se tornar um escritor famoso. Apesar da aparente normalidade de seu cotidiano, a história de Brás mostrará reviravoltas surpreendentes.


O livro editado  em capa dura, com mais de 250 páginas, é um 'must' para os apreciadores de quadrinhos! Os desenhos e a própria história, deixam a gente orgulhoso de ser brasileiro. Publicado pela Panini Books.

"Daytripper é a história mais envolvente que li este ano. O conto de Fábio Moon e Gabriel Bá sobre a vida e as mortes de um escritor brasileiro é o rebento criativo do amor de Eisner e Fellini no que tinham de melhor; uma história de amor com os pés no chão, mas ainda assim tomada pela magia das circunstâncias. Daytripper é um quebra-cabeça fascinante no qual vou ficar pensando pelo resto da minha vida."*

                                            - Terry Moore*
                                        (Estranhos no Paraíso, Echo)
                                               

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Rei em Quadrinhos!


Devorando aqui a história do rei Elvis Presley em quadrinhos!
Não é bem a biografia de Elvis, e sim vários fatos importantes de sua vida resumidos em 10 histórias.
O livro foi organizado por Reinhard Kleist - juntamente com Titus Ackermann - que já havia publicado a história de Johnny Cash (sensacional) em 2009 e também a biografia de Fidel Castro.
Vários desenhistas participam deste livro, como Nic Klein, Michael Meier e Uli Oesterle.
Pra quem é fã do gênero, é imperdível! Lembrei dos meus amigos Paulo Chagas e Márcio Grings!

Aloha!!!


sábado, 24 de setembro de 2011

Mr. Clapton invade Dixieland!

 
Me preparando para assistir o show de Eric Clapton dia 06 em Porto Alegre, resolvi aperitivar com o álbum 'Play the Blues', lançado agora e gravado em abril pela dupla Wynton Marsalis & Clapton.
Wynton Marsalis já havia feito dupla faz pouco tempo com Willie Nelson, também num álbum ao vivo e gravado da mesma forma em seu clube de jazz, o Lincoln Center em NYC. O disco com Nelson já tinha sido bom, apesar de contido.
Desta vez, Mr. Marsalis e sua banda (que mata a pau, Clapton levou somente seu tecladista Chris Stainton), entram com tudo no jazz estilo dixieland. Muitos metais, muito sopro, banjo, Marsalis conduzindo com seu trumpete e Clapton lá no meio disto tudo tentando se encaixar!
E ele se encaixa! Já sabemos que em seus últimos trabalhos, Eric se bandeou mais pro lado do jazz. Seu festival 'Crossroads' do ano passado, já foi uma amostra dessa nova fase do 'slowhand', e seu disco lançado este ano, o 'Clapton', fervilha de standards do gênero.
Nada mais natural então, do que participar deste projeto com Marsalis, que como seu irmão mais velho, o saxofonista Branford (tocou na banda de Sting), adora um fusion com outros estilos.


Neste caso, Wynton não permite a Clapton liderar a banda. E Eric, muito satisfeito nesta posição, se 'acomoda' em ser um músico de apoio de luxo, com direito é claro, a vocais e acompanhamentos (e riffs) perfeitos.
'Ice Cream' que abre o show-disco é uma das melhores introduções ao jazz de dixieland que já ouvi, com os metais deixando o astral lá no alto.
O carisma de Clapton aparece em 'Forty-four' em que sua voz é testada ao limite. Os temas são longos, como convém a um bom tratamento jazzístico, e chegamos assim até 'Joe Turner's Blues', diferente de tudo que já ouvi no gênero.


A 'conhecida' acabou sendo a canção 'Layla' de Clapton, sugerida pelo baixista Carlos Henriquez, em que Marsalis fez uma introdução que torna a música irreconhecível, até a entrada do vocal.
Pra encerrar o álbum - e o show - surge a figura do veterano Taj Mahal, que participa de 'Just a Closer Walk with Thee' e 'Corrine, Corrina'.
Ao final, Mahal não se contém e repete várias vezes: "What a showwww.... What a showwww'!!!
Concordo plenamente!! 



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Hunter S. Thompson


Em 2005 o escritor Hunter S. Thompson meteu uma bala na cabeça!

Esta notícia me chamou a atenção em algum lugar, e desde então procurei conhecer um pouco de sua obra. Consegui acesso a alguns de seus artigos, entre eles o famoso 'O Kentucky Derby é Decadente e Depravado', de 1970, em que Hunter havia sido contratado para escrever sobre essa famosa corrida de cavalos. Acontece que Hunter junto com um amigo tomou um porre que durou vários dias, e suas 'impressões' sobre a corrida se misturaram a divagações alcoolizadas, junto a críticas ao modo de vida americano e sua própria interferência nos acontecimentos. Este foi considerado o primeiro fruto do 'jornalismo Gonzo'.


Seu primeiro livro de sucesso foi 'Hell's Angels', no qual Hunter investiu algum tempo de sua vida convivendo com essa gangue de motociclistas americanos. O resultado foi considerado um clássico moderno.

Em 1971, ele publicou 'Medo e Delírio em Las Vegas', a partir de uma série de artigos que apareceram na revista Rolling Stone. No livro, um alter-ego de Hunter, acompanhado de um amigo, viaja até Las Vegas para uma corrida de motocross, com o porta-malas de seu conversível, lotado de todo tipo de drogas, em busca do 'sonho americano'!


A surpresa final veio em 1998 com a publicação de 'Rum' ( Diário de Um Jornalista Bêbado), que Hunter iniciara em Porto Rico na década de 60. Johnny Depp, parceiro de Thompson, estrelaria uma versão para o cinema de 'Rum'. Este livro já prenunciava as inovações literárias mais tarde utilizadas por Hunter.

 
Democrata convicto, Thompson, participou ativamente da campanha de George McGovern nos anos 70, em que acabou derrotado por Richard Nixon.
Em 2003, um de seus últimos trabalhos foi uma crítica mordaz ao governo de George W. Bush, chamado 'Reino do Medo.'
Seu estilo de escrever, seus livros, seus artigos, tudo se confundia com sua vida, em que a moderação nunca seria bem-vinda!


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Deixa eles falarem, House!!


Não me interesso muito por séries de TV, mas quando por acaso, topo com o Dr. House na telinha, eu dou um jeito de ficar alguns minutos na frente dela.
Como se fosse Sherlock Homes - seu endereço também é 221-B - ele investiga cada detalhe, que possa levar a elucidação do crime, digo, doença de seus pacientes.
Isto não o impede de também gostar de 'outras cositas', como a música por exemplo, aliás como Holmes também, que adorava tocar violino! Como dizem, a música ajuda na concentração!!


Surge agora o House músico! Quero dizer, Hugh Laurie resolveu gravar um álbum, que se chama 'Let Them Talk' .
Passeando pelos standards não tão óbvios do blues, e como o pianista competente que é, House é digno de ser ouvido sem pressa, como ao final de um dia de trabalho, chegando em casa, como ele fazia ao tocar seu piano na série.
Canções de Leroy Carr (Six Cold Feet), Ray Charles (Swanee River) e Robert Leroy Johnson (They're Red Hot), dão um tom seguro ao trabalho, sem brilhantismo excessivo dos músicos.
O disco foi gravado em Hollywood, em três sessões de julho a outubro do ano passado.


Se vai fazer tanto sucesso quanto a série, não sei, mas que o carinha tem talento de sobra, isso é certo, ou melhor, elementar, meu caro House!!



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Saudade de Neruda!


"Ao pé dos vulcões, junto aos ventisqueiros, entre os grandes lagos, o fragrante, o silencioso, o emaranhado bosque chileno... Os pés afundam na folhagem morta, um ramo quebradiço crepita, os gigantescos raulíes levantam sua estatura encrespada, um pássaro da selva fria atravessa o ar, esvoaça e se detém entre as ramagens sombrias -- e logo, de seu esconderijo, soa como um oboé... O aroma selvagem do loureiro e o aroma obscuro do boldo me penetram pelas narinas até a alma... O cipreste das Guaitecas intercepta meus passos... É um mundo vertical: uma nação de pássaros, uma multidão de folhas... Tropeço em uma pedra, escarvo a cavidade descoberta, e uma aranha imensa de pelo vermelho me olha fixamente, imóvel, grande como um caranguejo. Um besouro dourado me lança sua emanação mefítica enquanto desaparece como um relâmpago seu radiante arco-íris... Ao passar, atravesso um bosque de fetos muito mais altos do que eu; caem no meu rosto sessenta lágrimas de seus verdes olhos frios e atrás de mim ficam por muito tempo agitando seus leques... Um tronco podre, que tesouro!... Fungos negros e azuis deram-lhe orelhas, plantas parasitas vermelhas cobriram-no de rubis, outras plantas preguiçosas emprestaram-lhe seus filamentos, e brota, veloz, uma cobra de suas entranhas podres como uma emanação, como se do tronco morto lhe escapasse a alma... Mais adiante cada árvore se separou de suas semelhantes... Erguem-se sobre a alfombra da selva secreta, e cada uma de suas folhas, linear, encrespada, ramosa, lanceolada, tem um estilo diferente, como cortada por uma tesoura de movimentos infinitos... Um barranco; a água transparente desliza sobre o granito e o jaspe... Voa uma mariposa pura como um limão, dançando entre a água e a luz... A meu lado as calceolárias infinitas me saúdam com suas cabecinhas amarelas... Lá no alto, como gotas arteriais da selva mágica, vergam-se os copihues vermelhos (Lapagéria Rósea)... O copihue vermelho é a flor do sangue, o copihue branco é a flor da neve... Num tremor de folhas, a velocidade de uma raposa atravessa o silêncio, mas o silêncio é a lei destas folhagens... Apenas o grito distante de um animal confuso... A interseção penetrante de um pássaro escondido... O universo vegetal apenas sussurra até que uma tempestade ponha em ação toda a música terrestre.
         Quem não conhece o bosque chileno não conhece este planeta.
          Daquelas terras, daquele barro, daquele silêncio, eu saí a andar, a cantar pelo mundo".*


Pablo Neruda - 12/07/1904 - 23/09/1973.   'Confieso que he vivido'.*

Neruda se foi na primavera, há 38 anos!



'Puedo escribir los versos mas tristes esta noche...'


sábado, 10 de setembro de 2011

Clapton! Tá chegando a hora!!!



Menos de um mês para o show de Eric Clapton na Fiergs, que se realizará no dia 06/10! Meus ingressos chegaram, graças a Titina, e eu vou fazer uma audição especial hoje com o 'slowhand'!
Algo bem próximo talvez do seu som atual, mais jazzístico, maneiro, mas sempre lembrando claro, o seu lado blues e emocional.


A banda que Eric trará ao Brasil deverá contar com Steve Gadd na bateria, Willie Weeks no baixo e Chris Stainton nos teclados, além de Michelle John e Sharon White no backing vocal.
Willie Weeks é considerado um dos maiores músicos do planeta em seu instrumento, e já tocou com praticamente todos os grandes nomes do blues e rock de que se tenha notícia. Gadd é um grande baterista de estúdio novaiorquino, que sempre foi muito requisitado. Stainton já participou de vários álbuns de Clapton, principalmente nos anos 80, e agora volta ao time principal!


Banda pra ninguém reclamar!!
Depois de assistir ao Clapton da época de 'Journeyman' em 1990, roqueiro e blueseiro, só me resta agora curtir o lado mais 'soft' desta lenda viva!



Dá-lhe Mr. Clapton!!  


domingo, 4 de setembro de 2011

Fred Neil - The Other Side!


Alguns anos atrás, uma amiga me perguntou se eu tinha alguma coisa do Fred Neil. Fred Neil??? Quem é?
"Puxa vida, você não conhece?" Aí ela me refrescou a memória. "O cara que compôs 'Everybody's Talkin', tema do filme 'Midnight Cowboy' e que estourou na voz de Harry Nilsson".
Aaaahhhh, agora sim!!
Não querendo deixar claro minha ignorância quanto a pessoa e a carreira de Fred Neil, fui correndo baixar o que pudesse encontrar dele.


Acho que consegui o melhor! Seu álbum 'Fred Neil' de 1966, aquela capa aí de cima em que ele abraça uma criança - foto sensacional - e em que, além de 'Everybody's Talkin', outros petardos de Neil se fazem presente.
'The Dolphins' que abre os trabalhos é o carro-chefe de sua carreira. 'Sweet Cocaine' e 'I've Got a Secret (Didn't We Shake Sugaree)', também se destacam.


Como dizia o título desta canção, Neil tinha muitos segredos em sua vida particular. Pouco se sabia sobre ele, fora de sua cena da música folk americana, em que foi parceiro de palco de gente como Dave Van Ronk e até Gram Parsons.
No final dos anos 70 Fred abandonou a música e foi viver na Florida, quando, fazendo jus a sua canção dos 'Dolphins', se dedicou a um projeto para salvar os golfinhos da extinção, até dar adeus a este planeta em 2001.


A voz de Neil, uma mistura de Johnny Cash com Roy Orbison, era seu diferencial. Não se acha uma voz assim por aí. O próprio Orbison gravou sua canção 'Candy Man' e o Jefferson Airplane fez uma bela cover de 'The Other Side of this Life'. 
É tudo contigo, Fred!!


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

God of Carnage

 
 
Um pouco mais sobre o novo filme de Roman Polanski que estreou em Veneza!!


Um grupo de garotos brinca em um parque à beira do East River, em Nova York, até que um deles ataca outro com um galho. A sequência inicial é a única rodada ao ar livre em Carnage, o novo filme de Roman Polanski, grande atração desta quinta-feira, segundo dia de competição do Festival de Veneza. O drama cômico que se segue, durante o qual se discutem as causas e consequências do ato de violência juvenil, se passa nos limites do apartamento dos pais de um dos jovens, exatamente como descrito na peça original de Yasmina Reza (Deus da carnificina), que serviu de base para o novo longa do diretor franco-polonês, recebido com aplausos calorosos pela plateia de jornalistas.


O filme de Polanski preserva a estrutura e o tom teatral do texto da premiada escritora e dramaturga francesa, já encenado em diversas partes do mundo. Ao optar por uma adaptação mais próxima do literal, o diretor transforma o apartamento novaiorquino em palco para as deliciosas performances de seus quatro protagonistas, Kate Winslet, Jodie Foster, John C. Reilly e Christoph Waltz.
Embora ambientado no bairro americano, Carnage foi rodado em Paris, já que Polanski está impedido de entrar nos EUA e de circular livremente pela Europa, porque ainda responde à acusação de estuprar uma adolescente em Los Angeles, em 1977 — em 2009, o autor de O escritor fantasma foi preso a caminho de um festival de cinema na Suíça e aguardou a sentença sobre sua extradição em prisão domiciliar.
A sensação de assistir a uma peça filmada é confirmada por seus intérpretes, que defenderam o filme em Veneza ao lado de Yasmina e Alexandre Desplat, compositor da trilha sonora, sem a presença do diretor.
"Era exatamente como se estivéssemos fazendo uma peça. Ensaiávamos um pouco antes de fazer as cenas do dia e toda a história era filmada em ordem cronológica. Acho que nenhum de nós havia feito algo parecido antes", contou Kate, com entusiasmo. "Eu já havia assisto à peça da Yasmina na Broadway. Só fiquei preocupada se eu faria a minha personagem tão engraçada quanto a que vi."
"Nós trabalhamos juntos em diferentes aspectos dos ensaios e das filmagens, sempre mantendo o jeito de interpretação de cada um. Tudo era repassado e revisto todos os dias. Acho que poderíamos ir direto do set a um teatro", brincou Waltz.


A trama reúne duas famílias de classe média alta que revelam suas contradições e preconceitos enquanto tentam chegar a um acordo sobre a briga de seus filhos. De um lado estão o advogado Alan (Waltz) e sua mulher, Nancy (Kate), pais do agressor; do outro, a escritora liberal Penelope (Jodie) e o marido, Michael (Reilly), um vendedor de peças e engrenagens domésticas. Ao longo de quase uma hora e meia, a conversa civilizada cede lugar a acusações, revelando hipocrisias de ambas as partes. O desfecho é menos pessimista do que o descrito na peça de Yasmina.
"Roman, que trabalhou na adaptação comigo, queria um final que desse alguma esperança às gerações futuras", confirmou ela.