Total de visualizações de página

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Polanski - Filme Novo


Deverá estrear em outubro já concorrendo ao 'Leão de Ouro' em Veneza, o novo filme de Roman Polanski, 'The God of Carnage', com Jodie Foster,  Kate Winslet, John C. Reilly e Christoph Waltz.

Baseado na peça de Yasmina Reza,  'Le Dieu du Carnage', o filme trata do encontro em um apartamento de dois casais, pais de dois meninos que se desentenderam no colégio, num aparente caso de bullying.


O filme está sendo aguardado com muita expectativa. Depois de 'The Ghostwriter' (O Escritor Fantasma), Polanski parece de novo ansioso por um grande trabalho.
Jodie Foster comentou que o filme é uma mistura de thriller, drama e comédia! 
Aos 78 anos completados dia 18 de agosto, o grande diretor parece cada vez mais motivado!


domingo, 28 de agosto de 2011

Gene Clark - No Other!


 Você lembra do 'The Byrds'? Tenho certeza que sim. Talvez você não lembre do melhor compositor desta banda. Segundo a opinião de Chris Hillman, membro proeminente do Byrds e depois do 'Flying Burrito Brothers', e a minha própria, esta pessoa atendia pelo nome de Gene Clark!


Gene foi um dos membros fundadores da banda, nunca chegado aos holofotes, como Jim McGuinn (mais tarde Roger), mas um compositor e cantor de mão cheia. Com os Byrds com quem ficou durante pouco tempo, sua participação em álbuns como 'Mr Tambourine Man' e 'Turn Turn Turn' é inesquecível. 'Feel Awhole Lot Better', foi seu primeiro sucesso, seguido por 'Set You Free This Time' e 'She Don't Care About Time'.

Se o Clark dos Byrds era interessante, o da carreira-solo foi mais. No início não foi bem carreira-solo. Ele 'cometeu' um álbum maneiro com os Gosdin Bros', em 1967, em que 'So You Say You Lost Your Baby', matava a pau.
Seguiu-se uma dupla mais country impossível: 'Dillard & Clark'.
Impressionante a modéstia deste homem que deixou Doug Dillard ter seu nome em destaque. Desta fase inspirada de sua carreira, Clark emendou clássicos do naipe de 'Why Not Your Baby', 'The Radio Song' e 'Polly'.


Uma opinião pessoal minha é que suas melhores canções talvez não tenham aparecido em nenhum álbum oficial. Este erro foi corrigido na coletânea 'Flying High', em que pequenas obras primas como 'The French Girl', 'Los Angeles' e 'Dark Hollow' ganham seu muito merecido espaço.

Em 1971 finalmente Gene lança seu primeiro álbum completamente solo. O disco 'Gene Clark' - mais conhecido como 'White Light' por causa da capa - escancara o talento deste americano do Missouri. 'With Tomorrow' e 'Spanish Guitar' - a música que Bob Dylan queria ter composto - alavancaram este trabalho nas paradas. Mas paradas de sucesso não tinham nada a ver com Clark, que também detestava voar e se apresentar ao vivo, o que causou transtornos a sua carreira.


Gene continuou compondo em ritmo acelerado no decorrer da década de 70, apesar de seus problemas com o álcool. 'Roadmaster' em 72 trazia as inspiradas 'Full Circle Song' e 'In a Misty Morning'.
No final da década de 80, Gene Clark, já com graves problemas de saúde fez parceria com a cantora country Carla Olson no álbum 'So Rebellious a Lover', em que 'Fair and Tender Ladies' se tornaria um clássico.


Após um longo período lutando contra seu vício, Clark faleceu em 1991 aos 46 anos de idade. Seu talento foi tardiamente reconhecido por milhares de pessoas, além de seus companheiros músicos, para quem sempre fora um ídolo. Sua influência na música contemporânea, country-rock e pop é considerável. Em seu famoso álbum 'Raising Sand', o ex-Zeppelin Robert Plant e a cantora country Alison Krauss, prestam uma homenagem emocionante ao 'roadmaster', como Gene era conhecido, em 'Polly' e 'Through the Morning, Through the Night'.
Quem conhecia Clark e sua música, como Sid Griffin, ex-'Long Ryders', que era um dos seus maiores fãs,  sabia que ele estava sempre 'flying high'!

Para seu epitáfio nada mais apropriado: 'Harold Eugene Clark  -  No Other'.  

   

sábado, 27 de agosto de 2011

Beatles X Stones!!



De novo a pergunta que não quer calar: Quem são os melhores? Beatles ou Rolling Stones?

Os autores do livro 'The Beatles vs The Rolling Stones', Jim Derogatis e Greg Kot, transformaram esta pergunta para 'O que você prefere ser.... Um Beatle ou um Stone'?
Ao fim das 190 páginas, ricamente ilustradas deste livro se você ainda não tiver se decidido é porque você gosta de ambas as bandas, cada uma a sua maneira, claro!

 
Em forma de depoimentos de ambos os autores, eles vão citando e comparando o histórico das duas maiores bandas do planeta. Eles não se furtam a fazer comparações, tipo: Qual o melhor baixista: McCartney ou Wyman??? Covardia?? Nem tanto, talvez, pois cada um tinha seu estilo - ou a falta de um, no caso de Paul - bem definido.
A capa dura do livro é em 3D, conforme você olha aparece uma banda ou outra, e o preço é camarada! 
Um bom programa para o final de semana, 'White Album' X 'Exile on Main Street'!!!



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

J. D. Salinger - Uma vida enigmática!



 

 Um de meus livros de cabeceira sempre foi 'The Catcher in the Rye' [O Apanhador no Campo de Centeio]. Tive contato pela primeira vez com o trabalho de J. D. Salinger na década de 80. Logo procurei seus outros livros, e também devorei 'Nove Estórias' e 'Franny and Zooey'. 
Salinger foi uma pessoa única e enigmática. O herói [ou anti], Holden Caufield, me emociona até hoje quando retorno ao livro de Salinger. 
Vou ler esta biografia que Ricardo Silva comenta abaixo para entender um pouco mais do homem, além do mito. 

 
"Pouco se sabe sobre a vida de J. D. Salinger, autor de um dos livros mais importantes do século 20, O apanhador no campo de centeio. O último livro publicado pelo autor foi a compilação de duas novelas, Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira & Seymor – uma apresentação em 1965. De lá para cá, Salinger talvez tenha se tornado (ironicamente) o mais célebre escritor recluso de todos os tempos.

Saindo agora do forno a biografia Salinger – Uma vida , que tenta traçar um painel da história vivida pelo autor, ao longo do século passado. Nascido em 1919, Salinger era filho único de uma família judia abastada da Nova York de então. O autor, Kenneth Slawenski, desde o início do livro nos traz indicações de como a literatura salingeriana era autobiográfica. A começar por Holden Caulfield, o anti-herói de O apanhador e seu personagem mais icônico, que assim como seu autor, estudou num internato e tinha dificuldades nas matérias escolares padrões.

Kenneth retrata nessa primorosa biografia partes da vida de Salinger pouco comentadas como sua entrada para o 12º Regimento do Exército Americano durante a Segunda Guerra. Esse período obscuro de sua vida foi de fundamental importância em sua obra. Graças a ele Salinger nos brindaria com contos tão essenciais da literatura norte-americana como Um dia ideal para os peixes-banana e Para Esmé, com Amor e sordidez presentes no livro Nove estórias. Nesses contos, Salinger não retrata os horrores da guerra, mas traça um retrato psicológico caprichado de personagens que ainda sofre a influência dos fatos apavorantes da Segunda Grande Guerra. Salinger, como ficamos sabendo nessa biografia, passou por um dos piores momentos da Guerra, tendo no seu regimento o maior número de baixas.

O autor da biografia também relata o lado místico do escritor, que desde cedo se interessou pelo zen-budismo. Em sua dedicação em conhecer e estudar a filosofia oriental, Salinger acabaria se tornando um investigador profundo da religião, que pregava dentre outras coisas, o desapego e a falta de vaidade; duas características que acabaram influenciando tanto a vida profissional quanto pessoal do autor, assim como sua obra.

Ele acreditava na pureza como busca para um caminho espiritual e, por isso, criou tantos personagens jovens. Além de Holden, escreveu alguns contos e novelas curtas sobre a família Glass, uma família americana de pais artistas cujo os sete filhos são gênios precoces que se apresentam num programa de rádio, dentre eles Seymor – que ganhou uma novela só para si – sendo a representação máxima do iluminado.

Talvez o mais precioso dessa biografia seja o estudo da obra do escritor comparando-a com fatos íntimos de sua vida. Salinger criou personagens carismáticos e cativantes que preencheram as expectativas de milhares de jovens que até a criação de Holden não tinham um personagem literário com o qual pudessem realmente se identificar. Levando em consideração que até Elvis Presley e a invenção do rock na década de 50, o ideário jovem era um eterno limbo entre a infância e a fase adulta, Salinger foi um dos precursores da criação de uma literatura pop, em que um personagem fala de questões que dizem respeito à essa cultura específica. O apanhador é repleto de palavrões e gírias da época, além de vários temas controversos, dentre os quais eu destaco a eterna sensação de não-pertencimento do personagem.

Com quatro livros publicados, Salinger escreveu seu nome no panteão dos grandes escritores americanos do século 20, ao lado de nomes como John Updike e William Faulkner, ganhador do Nobel de Literatura, que à época do lançamento do  O apanhador no campo de centeio chegou a elogiar a obra e seu autor publicamente numa frase que resume bem o espírito do que foi a vida desse grande recluso: “Sua tragédia foi que quando ele tentou entrar para a raça humana, não havia nenhuma raça humana ali.”

Ricardo Silva é formado em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Ouro Preto.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

REVOLVER - 45 Anos



Em 05 de Agosto de 1966 era lançado o álbum 'Revolver' dos Beatles! A experimentação e a revolução sonora dos rapazes que havia começado com 'Rubber Soul' em 1965 se intensificava! Novos caminhos musicais eram apontados por este disco, cuja importância na obra da banda é incomensurável.

No 'Alto & Bom Som', o 'Revolver' foi visto desta maneira:


                                             Revolver -  Raízes Experimentais

            Assim que 1966 chegou, os Beatles resolveram que este seria o último ano das turnês mundiais.
Além de extremamente desgastados com as seguidas viagens, os garotos sentiam que não estavam progredindo como músicos devido à histeria nas apresentações, nas quais eles mal podiam ouvir a si mesmos.
Outro motivo para esta decisão foi a declaração de Lennon numa entrevista de que “os Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo”, que foi tirada do contexto e publicada em manchetes garrafais nos EUA, ocasionando queima de álbuns da banda e até ameaças de morte. A partir desse momento, sempre que eles subissem num palco, estariam correndo risco de vida!
Os Beatles também tinham projetos individuais naquela época. John já tinha lançado dois livros de contos e participara do filme “How I Won the War”, deixando claro que necessitava dar um tempo nos Beatles.
George, que em 1965 começara a se interessar pela música indiana, estava cada vez mais absorto em seus estudos da cultura oriental.
Paul, o único Beatle que ainda morava em Londres – os outros compraram mansões nas proximidades da capital inglesa – freqüentava o underground londrino e começava a curtir aquilo que seria chamado de ‘Swinging London’, participando de apresentações performáticas, indo a concertos de vanguarda, ouvindo gente como John Cage e Albert Ayler e fazendo gravações caseiras de música experimental.

Quando, em abril, o s Beatles se reuniram em Abbey Road para o início das gravações de um novo álbum, todos tinham idéias novas e estavam ansiosos para pô-las em prática.

George tem a honra de iniciar os trabalhos com Taxman, marcada por um solo de guitarra estilo indiano tocado por Paul. Harrison estava furioso com o imposto de renda britânico, que levava uma bela fatia dos lucros da banda e resolveu desabafar na música.
Paul, usando de toda sua criatividade, inspirou-se na música barroca para compor Eleanor Rigby. A letra evoca a terrível solidão de uma mulher que ‘junta o arroz na saída da igreja após um casamento’. Paul sempre jurou que seu personagem era fictício, mas anos depois foi encontrado um túmulo de uma certa Eleanor Rigby no cemitério de uma igreja em Liverpool.
I’m Only Sleeping nos apresenta um autêntico John Lennon reclamando das obrigações de ter que levantar cedo em certos dias. Belo trabalho vocal, e produção perfeita de Martin.
Harrison, que teve o recorde de três músicas no álbum, surge com Love You To, música de inspiração totalmente oriental, em que ele convida vários músicos indianos para o acompanharem. George estava se afirmando como compositor.
Paul contribui com uma de suas melhores músicas, Here, There and Everywhere. Elogiada pelo próprio Lennon, esta canção tem tudo no lugar certo, com  grande contribuição no arranjo de George Martin. Ela é uma declaração de amor a namorada de Paul na época, Jane Asher.
McCartney também sabia fazer músicas infantis, e Yellow Submarine foi escolhida a dedo para o vocal de Ringo. Cheia de efeitos especiais e instrumentos bizarros, ela acabaria se tornando um clássico Beatle e inspiraria um desenho animado em 1968.
A inspiração para She Said She Said veio a Lennon durante a turnê americana de 1965. Os Beatles se hospedaram numa mansão de Los Angeles, onde ficaram cercados por seguranças e imprensa. Lá dentro, a festa estava animada. Um dos convidados era Peter Fonda que, nos jardins da mansão, fazia uma viagem de LSD - na época ainda uma substância legal - com John e George. O papo corria solto até Fonda proclamar em ALTO E BOM SOM que “sabia como era estar morto”, pois, certa vez, ele havia sido baleado e estivera em coma. John ficou muito impressionado e não esqueceu essas palavras para compor a canção.
Paul se inspirou no ensolarado verão de 1966 para compor Good Day Sunshine, uma música alegre e inofensiva, com um bonito trabalho de piano e baixo.
And Your Bird Can Sing, com uma letra marota de John, faz os Beatles voltarem às raízes com um rock muito bem feitinho.
For No One apresenta McCartney compondo outra música com cordas, formando com Yesterday e Eleanor Rigby, algo como uma trilogia.
Nunca se tinha visto uma banda de rock apresentar este tipo de canção. Novos caminhos para a música estavam sendo apontados por este álbum, e muita gente iria se aproveitar da inesgotável fonte criativa dos Beatles.
John aproveita para fazer uma homenagem a um médico de Los Angeles, na música Doctor Robert. Comentava-se que era o tipo de médico que tinha sempre uma injeção pronta para qualquer tipo de problema...
George termina sua participação com I Want to Tell You, que apresenta um belo piano e baixo tocados por McCartney.
Got to Get You Into My Life é uma canção em que Paul, por incrível que pareça, demonstra seu amor pela maconha! A sessão de metais é o ponto forte da música.
John, que andava interessado em literatura não convencional, se inspirou no “Livro Tibetano dos Mortos” para compor Tomorrow Never Knows, música com distorções na voz e uso de loops – fitas caseiras gravadas ao acaso em que McCartney vinha trabalhando - que exigiu muito de George Martin.
Com experimentações e novas sonoridades, este álbum apontava para novos caminhos que os próprios Beatles trilhariam. 

Os Beatles resolveram ousar também na capa do disco. Deixando de lado as fotos da banda, que foram usadas em todos seus álbuns anteriores, eles pediram ao seu amigo de Hamburgo, o artista gráfico Klaus Voormann, para desenhar a capa.
Voormann fez um brilhante desenho dos quatro rapazes, intercalando com colagem de fotos, o que levou os Beatles a mais uma vez serem pioneiros neste quesito na indústria fonográfica.

Estávamos em agosto de 1966 e “Revolver” era lançado. Definitivamente o mundo não seria o mesmo depois dele!



terça-feira, 16 de agosto de 2011

'Alto & Bom Som' também é 'Cultura'!


Uma propagandinha não faz mal prá ninguém! O livro 'Alto & Bom Som - Ruídos, Chiados e Pinceladas Musicais' agora encontra-se a venda na Livraria Cultura também!
Tenho que agradecer a minha 'empresária' Cristina Macedo - que por acaso também é minha irmã - por ter batalhado para que o livro chegasse lá. Além da 'Cultura' você também poderá encontrá-lo em POA na 'Palavraria' (Vasco da Gama, Bonfim), na 'Estação dos Livros' (Shopping Paseo) e na 'Bamboletras' (Lima e Silva, Cidade Baixa). Para o pessoal de Sampa, além da 'Cultura' a opção é a livraria 'Moonshadows' (Bairro Bela Vista), que também aceita pedidos pela internet.
Aqui em Santa Maria ele pode ser adquirido na Cesma e na Livraria da Mente.

A resenha para a 'Cultura' foi editada. A original era esta: 

Mergulhado no coquetel sonoro dos anos 60 e 70, o livro de crônicas ‘Alto & Bom Som – Ruídos, Chiados e Pinceladas Musicais ’, leva o ‘leitor-ouvinte’ a viajar pela vasta cultura musical daquela época. De clássicos rockstars como Eric Clapton e dos eternos Rolling Stones, até ídolos ‘cult’ como Gram Parsons e Nick Drake, - incluindo uma pitada inicial sobre o avô do blues, Robert Johnson -, o trabalho flui em deliciosa desordem até a banda que continua sendo uma referência para todos nós: ‘The Beatles’. Os garotos de Liverpool tem seus melhores álbuns dissecados em resenhas inspiradas que chegam até suas instigantes carreiras-solo. Sem dúvida, o livro se revela uma bela introdução ao trabalho dos imortais da música.  

Abaixo o link da Cultura para o 'Alto & Bom Som'.

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=5104099&sid=71151128413812351317116918

sábado, 13 de agosto de 2011

Roman Polanski - O Mestre!



Na distante década de 70 em uma daquelas madrugadas perdidas, provavelmente depois de uma boate no ATC, eu chegaria em casa e ligaria a TV e assistiria algum filme na Sessão Coruja ou Sessão da Madrugada! Muitos filmes me chamariam a atenção, mas um em particular eu nunca esqueci: 'A Dança dos Vampiros'!! Uma loira de tirar o fôlego - Sharon Tate - estrelava essa produção dirigida pelo cineasta - e seu futuro marido - franco-polonês Roman Polanski! Também participava o ator-humorista Jack Macgowran e o próprio Polanski como ator. O filme era uma sátira sensacional aos filmes de vampiros, e apesar de não ter feito sucesso na época do lançamento (1967), anos depois virou um 'cult-movie'.

Nos anos que se seguiriam passei a procurar todos os filmes que Polanski tinha dirigido, inclusive seus curtas do início da carreira na Polônia. Considero sua obra, apesar de alguns filmes menores, a mais instigante e provocadora de um diretor de cinema. Sempre gostei muito também dos filmes de John Cassavetes (trabalhou com Polanski em 'O Bebê de Rosemary'), mas aí já é uma outra história.
Tudo isso para dizer que recebi agora o livro 'Polanski - Uma Vida' de Christopher Sandford. Ainda não posso falar nada sobre ele, mas parece legal. Claro, que não ousaria dizer que pode se comparar a autobiografia de Roman publicada nos anos 80, mas vai valer como curiosidade!

Em 2008 eu escrevi um texto para o 'Diário de Santa Maria' quando Polanski completou 75 anos. Dei uma boa resumida na carreira dele, e em sua vida pessoal, que muitas vezes se confundem. Sei da personalidade conflituosa e complexa do Mestre e que muitos o consideram apenas um estuprador, - graças, claro, a cobertura sensacionalista e desinformada da imprensa  no caso de Los Angeles.
Não conheço outra pessoa que tenha passado por tudo que ele passou, e ainda assim seguir em frente.

De sua obra, que é o que me interessa, posso citar alguns filmes que considero brilhantes: 'Armadilha do Destino', 'Macbeth', 'Chinatown' e 'A Faca na Água'. Eles estão entre os melhores filmes que já vi.
Abaixo o texto do 'Diário... Até o próximo, Mestre!
                                  


                             ROMAN POLANSKI -  CENAS REAIS


Um dos maiores diretores de cinema ainda em atividade, Polanski é igualmente conhecido pela sua magnífica obra e suas tragédias pessoais.
Roman nasceu em Paris, filho de pais poloneses, ele passaria sua infância em Varsóvia onde sua mãe seria uma vítima do holocausto. Polanski consegue sobreviver buscando abrigo junto a amigos e parentes durante a segunda guerra mundial.

Roman Polanski cedo se interessa por fotografia e filmagens e cursa a Escola de Cinema de Lodz, onde conclui os estudos em 1959. Neste mesmo ano ele se casa com a atriz polonesa Barbara Kwiatkowska.
Após vários curtas de sucesso como ‘Dois Homens e Um Guarda-Roupa’, ‘Quando os Anjos Caem’, ‘O Gordo e o Magro’ e ‘Mamíferos’, ele consegue rodar seu primeiro longa na Polônia chamado ‘A Faca na Água’. Lançado em 1962, é um interessante estudo psicológico de 3 pessoas convivendo em um pequeno barco.

Na França em 1964,  conhece aquele que viria a ser seu roteirista em vários filmes, Gérard Brach, e consegue um acordo com a produtora de cinema “Compton Group’. A quatro mãos, ele e Brach, escrevem o roteiro de ‘Repulsa ao Sexo’ que viria a ser seu primeiro filme falado em inglês, com a participação da então iniciante atriz Catherine Deneuve.
Apesar de ser o seu filme que menos o agradou tecnicamente, Polanski conseguiu notoriedade com esse drama de terror psicológico muito à frente de seu tempo.

Já separado de sua primeira mulher, Barbara, em 1965, ele  parte para  Holy Island na Inglaterra, onde roda um de seus melhores trabalhos, o pouco conhecido do público, ‘Armadilha do Destino’ que viria a ser um dos mais influentes filmes para uma geração inteira de cineastas. Os movimentos de câmera são inovadores para a época, e a trama, tendo como pano de fundo um castelo claustrofóbico, é uma mistura de humor e tragédia, o que sempre foi uma marca de seus filmes e de sua vida.  Muito justamente ele seria premiado com o ‘Urso de Ouro’ de melhor filme em Berlim, 1966.

No final desse ano, Roman começa a escrever com Gérard Brach um roteiro sobre vampiros. Na verdade ‘A Dança dos Vampiros’ se tornaria uma paródia e um de seus filmes mais cultuados. Para atriz principal lhe é sugerido o nome de Sharon Tate, uma americana que fazia pontas em séries de TV.
Ele não apenas a contrata, como também se apaixona por Sharon. Eles se casariam em janeiro de 1968.


Faltava para Polanski um grande sucesso comercial, e ele viria com o filme ‘O Bebê de Rosemary’, baseado no livro de Ira Levin. Foi seu primeiro filme em Hollywood, e as locações foram quase todas feitas no sinistro Dakota Apartments em Nova Iorque. Destaque para a magistral atuação de Mia Farrow, como a dona de casa que teve um bebê com o demônio.  Outra marca de Roman é o cuidado com a trilha sonora. Seu amigo de longa data, o músico polonês Komeda, compõe duas canções de ninar belíssimas para a interpretação da própria Mia Farrow, que acrescentam ao filme um efeito hipnótico.

Após o imenso sucesso de ‘O Bebê de Rosemary’, ele decide descansar e aproveitar a vida doméstica. Sua esposa Sharon engravida, e ele resolve fixar residência nos EUA.         
Após as férias, ele é obrigado a viajar para Londres a fim de trabalhar em um novo roteiro, pouco antes da data prevista para o nascimento de seu primeiro filho.
Em agosto de 1969 a tragédia se abate novamente sobre Roman Polanski. Sua mulher Sharon Tate, grávida de oito meses, e mais 4 amigos são brutalmente assassinados pela infame gangue do maníaco Charles Manson, em sua casa de Los Angeles.
Muito tempo depois, Roman diria que a morte de Sharon foi o único divisor de águas em sua vida. A partir daquele momento sempre que estivesse se divertindo ele se sentiria culpado.

Indeciso sobre o que fazer, Polanski busca a saída no trabalho, e resolve adaptar ‘Macbeth’ de William Shakespeare para o cinema. Trabalhando em Londres com Kenneth Tynan no roteiro, eles produzem uma das versões mais acessíveis de Shakespeare, passando longe dos clichês teatrais presentes nas versões de Orson Welles e Akira Kurosawa.
Em 1972, ele fixa residência em Roma, onde roda seu filme mais obscuro, a comédia ‘Que?’, com Sydne Rome e Marcello Mastroianni. Um fracasso comercial.

Precisando recuperar o prestígio, Polanski resolve relutantemente aceitar o convite de Jack Nicholson e voltar a Los Angeles, onde tudo lhe lembrava a tragédia. Instalado na casa de Nicholson, Roman é presenteado com um exemplar do livro ‘Chinatown’ de Robert Towne. Ele e Jack resolvem imediatamente unir esforços e fazer uma versão para o cinema.
‘Chinatown’ ficaria conhecido como um dos mais belos thrillers já realizados, - teve várias indicações ao ‘Oscar’, inclusive tendo ganho o de melhor roteiro – e como uma  das melhores atuações de Jack Nicholson no cinema. O sucesso de crítica e comercial foi imediato e estrondoso.

De volta à França em 1976, ele resolve dirigir e atuar naquele que seria o aclamado Cult-movie, ‘O Inquilino’, em que ele interpreta o papel de um tímido bancário que passa a ter alucinações com a moradora anterior do imóvel. Muitos consideraram esta obra a última de uma ‘trilogia dos apartamentos’ seguindo os passos de ‘Repulsa ao Sexo’ e ‘O Bebê de Rosemary’.

Novamente nos EUA no início de 1977, Roman é contratado para fotografar adolescentes para a revista ‘Vogue’, o que acaba gerando uma grande confusão, incluindo um processo contra si por ‘intercurso sexual ilegal’ de uma garota de 14 anos.
Polanski é obrigado a se declarar culpado para evitar danos maiores à menina, e é sentenciado a um período de no máximo 3 meses para avaliação psicológica numa penitenciária em Los Angeles.  Após 42 dias ele é libertado e imagina poder continuar vivendo normalmente nos EUA, quando o juiz, - em uma reviravolta do caso, pressionado pela mídia e a opinião pública - pensa em mandá-lo novamente para a prisão por tempo indeterminado.
Ele então abandona a América, fugindo para Paris, ficando impossibilitado de regressar aos EUA, pois seria preso ao desembarcar.
 Até hoje o caso é polêmico, mas Polanski sempre jurou inocência e recebeu o apoio de amigos como Jack Nicholson e Harrison Ford.

Após a encrenca em Los Angeles, Roman mergulha novamente no trabalho e resolve adaptar o romance  de Thomas Hardy, ‘Tess dos Urbervilles’. O filme - a produção mais cara até então a ser realizada na França - marca a  estreia de Nastassja Kinski  em um papel  de destaque. Ela então com apenas 17 anos seria alçada a condição de estrela.
‘Tess’, foi um grande sucesso, apesar da longa e difícil filmagem. O filme levou o ‘Oscar’ de melhor figurino, direção de arte e fotografia.


Um antigo roteiro escrito por Polanski e Brach  - ‘Piratas’ -  feito com a ideia de ter Jack Nicholson no papel-título, é reformulado e filmado com Walter Matthau como o perverso ‘Captain Red’! Uma sátira sensacional de Polanski aos filmes de piratas e que seria muito imitada, inclusive em filmes atuais como ‘Piratas do Caribe’.
‘Busca Frenética’ une Roman e seu amigo Harrison Ford num thriller em homenagem a Hitchcok, e é quando sua atual mulher Emanuelle Seigner faz sua estreia no cinema.
‘Lua de Fel’ lançado em 1992, com a participação de Hugh Grant e também de Seigner,  é considerado um de seus melhores filmes. Houve até quem descobrisse um paralelo da vida – principalmente sexual - de Polanski com o personagem de Grant.
Em 1994 estreia ‘A Morte e a Donzela’, um filme sobre torturados políticos, tendo como cenário um país sul-americano libertado de uma ditadura sangrenta, estrelando Sigourney Weaver e Ben Kingsley.
No final da década, Polanski volta a brincar com o sobrenatural e lança o pouco inspirado ‘O Último Portal’ com Johnny Depp.

No ano de 2001, Polanski resolve finalmente enfrentar o fantasma de sua infância e começa a filmar o holocausto baseado no livro de Wladyslaw Szpilman.
‘O Pianista’, lançado em 2002, é para muitos a sua obra prima. Foi difícil esta revisita ao passado, mas ele venceu a batalha. O filme conta todo o horror da ocupação nazista num gueto de Varsóvia, habitado por um sensível e brilhante pianista, que perde toda sua família.


 Além da ‘Palma de Ouro’ de melhor filme em Cannes, o filme ganha 3 “Oscar’. Melhor ator para Adrien Brody, melhor roteiro adaptado, e, finalmente, o de melhor diretor para Polanski, que não podendo comparecer a cerimônia da Academia, recebeu seu prêmio em Paris das mãos de Harrison Ford.

Seu último trabalho lançado foi ‘Oliver Twist’. Apesar da bela fotografia e cenários majestosos, foi apenas uma pálida imagem da grande obra de Charles Dickens.

Polanski aos 75 anos, está mais ativo do que nunca. Após desistir do projeto do filme ‘Pompéia’, ele prepara para setembro deste ano o começo das filmagens de ‘The Ghost’. O filme será sobre um ‘ghost writer’ – escritor que recebe para escrever um trabalho, mas que normalmente não tem seu nome creditado - contratado para escrever as memórias de um ex-primeiro ministro inglês.

Sempre uma pessoa polêmica, despertando ao mesmo tempo admiração e repulsa, o certo é  que Roman Polanski soube superar todos os obstáculos e é simplesmente impossível ficarmos impassíveis quando assistimos a qualquer uma de suas obras.

     Publicado no Diário de Santa Maria em 16 de Agosto de 2008.
        
*Nota do Autor

*Em setembro de 2009  cumprindo mandado de prisão expedido pelos EUA, ainda referente ao caso do intercurso sexual ilegal em Los Angeles na década de 70, Roman Polanski é preso pela polícia ao desembarcar na Suíça, vindo da França para receber um prêmio por sua obra.
 Uma longa batalha judicial tem início. Ele é solto sob fiança dois meses depois e obrigado a cumprir prisão domiciliar em seu chalé na Suíça, até julho de 2010, quando foi libertado pelas autoridades suíças que negaram o pedido de extradição aos EUA.

Em 2010 seu filme  ‘The Ghost Writer’ – que Polanski terminou a pós-produção na cadeia – tem sua estreia nos cinemas, com as participações de Ewan McGregor e Pierce Brosnam.



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

BANGLADESH - 40 ANOS



No dia 01º de agosto de 1971, George Harrison protagonizou o primeiro concerto beneficente da história do rock, para ajudar Bangladesh, país vizinho da India, a pedido de seu amigo Ravi Shankar.
Apesar de todos os problemas legais que dificultaram a chegada do que foi arrecadado ao povo de Bangladesh, o esforço de George e de seus amigos não pode ser menosprezado.
Artistas como Bob Dylan, Leon Russell, Eric Clapton, Ringo Starr, Billy Preston, Jim Keltner, Klaus Voormann, Carl Radle, Jim Price, Don Preston, Jesse Ed Davis e a banda Badfinger, deram o melhor de si em duas apresentações fantásticas, que ficaram para sempre na memória de quem presenciou este show inesquecível ou assistiram o filme na época, ou mais recentemente pode assisti-lo em DVD.

Acrescento aqui o texto que escrevi para o livro 'Alto & Bom Som'!
                                    

                                                  O Concerto Para Bangladesh

O primeiro concerto beneficente da história foi organizado em agosto de 1971, por George Harrison.
George havia sido procurado por seu amigo, o músico indiano Ravi Shankar, que pediu ajuda para Bangladesh, assolado em 1970 por um ciclone e chuvas torrenciais, além de uma luta armada que levava milhões de refugiados a procurar abrigo nos países vizinhos.
Harrison disse que ajudaria da maneira que pudesse e procurou os músicos e amigos próximos a fim de organizar um evento cuja renda reverteria para o carente país asiático.
Determinado a cumprir a promessa feita ao amigo, George parte para Nova Iorque, onde consegue reservar a data de 01º de agosto no Madison Square Garden para o evento.

A participação dos convidados foi um problema delicado para George resolver.
Dois de seus grandes amigos tinham diferentes razões para não comparecer. Eric Clapton vivia o auge de seu vício em heroína, causado pela rejeição de seu amor – ironicamente - por Pattie Harrison, esposa de George. Mas Clapton mesmo com todos os seus problemas físicos e psicológicos e com todas as razões do mundo para não comparecer, confirmou a sua presença.
O outro convidado problemático era Bob Dylan, que não se apresentava ao vivo havia muito tempo e não gostava de participar de projetos do gênero. Sua participação ficaria em suspense até a última hora.
O terceiro problema – e talvez o mais complicado – era reunir no palco aquela banda que todos queriam ouvir de novo, os Beatles.
George sabia que seria difícil reuni-los - mesmo que eles não se apresentassem como grupo, apenas como artistas individuais  – mas a realidade foi mais dura.
Ringo Starr não causou problemas, e logo disse sim ao amigo.
Já Paul McCartney, após muitas negociações e apesar de estar passando por Nova Iorque na época, disse não ao ex-parceiro. 


Os Beatles estavam em meio a um processo legal de dissolução, impetrado pelo próprio McCartney contra seus três ex-parceiros de banda. Como os outros não haviam liberado Paul de seu contrato com a Apple e a briga nos bastidores continuava a todo vapor, Paul declarou que se sentiria um hipócrita subindo ao palco com os ex-companheiros.
Ainda havia John Lennon que se prontificou a comparecer e viajou de Londres a NY, acompanhado de Yoko Ono, dias antes do concerto. Para desespero de George, Lennon chega aos ensaios acompanhado de Yoko e certo de que ela também era convidada a subir ao palco.
Para a surpresa de John, George vetou a participação da mulher-dragão.  Um irado John Lennon abandonou os ensaios e voou direto para Londres, tão enlouquecido que ‘esqueceu’ Yoko no hotel!

O concerto em si consistiria de duas apresentações, a parte da tarde e a noturna. Os ensaios foram intensificados na última semana, ainda sem a presença de Clapton e de Dylan – cuja participação no concerto ainda era uma incógnita.


Finalmente, no dia 1º de agosto, eles sobem ao palco do Madison Square Garden, para duas apresentações.
A abertura nada convencional do evento coube a Ravi Shankar com sua cítara, e acompanhado de outros músicos indianos. Em seguida, Ravi agradece a George, e toca a música Bangla Dhun, que serviu de introdução para o concerto que se seguiria.
George entra em cena vestido com um terno branco e ataca com a agitada Wah-Wah, levando a plateia ao delírio, acompanhado por Leon Russell e Billy Preston nos teclados, Ringo e Jim Keltner na bateria, Klaus Voorman e Carl Radle no baixo, mais Eric Clapton e Don Preston nas guitarras. A banda inglesa Badfinger, contratada da Apple, também participou tocando violões e percussão e os metais foram comandados por Jim Price.
O álbum “All Things Must Pass”, de Harrison, ainda estava presente na memória de todos e não poderia faltar o hino My Sweet Lord, seu maior sucesso.


Outra pérola escondida de George, a vigorosa A Waiting on You All,vem a tona com a banda pegando junto.
Comprovando que o concerto era um esforço conjunto dos amigos, Harrison cede o spotlight para Billy Preston, que detona com seu sucesso That’s The Way God Planned It, com direito a uma dança improvisada no palco, levando a galera à loucura.
O velho chapa Ringo Starr comparece com seu hit do momento It Don’t Come Easy, deixando claro seu carisma ao ser ovacionado pela multidão.
Beware of Darkness de George traz o brilhante vocal do tecladista Leon Russell, sem dúvida um dos participantes mais ativos do show.


Como se tornaria normal, em cada apresentação de um ex-Beatle após a separação, o público ficava esperando pelas músicas antigas da banda. George nunca gostou de ter que reprisar essas canções, mas neste concerto ele fez uma exceção, e canta While My Guitar Gently Weeps de maneira emocionante, acompanhado pela guitarra de Eric Clapton.
Uma das grandes ausências “presentes” no concerto, foi a tímida participação de Clapton, seja solando ou cantando. Parece que infelizmente o ‘Deus’ da guitarra não se encontrava mesmo em condições físicas de fazer mais. De qualquer forma, ficou registrada sua presença, e acima de tudo o esforço do músico em ajudar o amigo numa hora tão importante.
Leon Russell volta à carga com o medley Jumpin’ Jack Flash, dos Stones, e Young Blood, indiscutivelmente um dos momentos mais cativantes da noite. Ao lado de Russell, os vocais de apoio de Harrison e Don Preston caíram como uma luva no arranjo da canção.         
Na sequência, para encerrar a primeira parte do concerto, George recupera outra Beatle-song, a delicada Here Comes the Sun, na qual ele chama ao palco o integrante do Badfinger, Pete Ham para um belo dueto no violão.


Harrison a certa altura do show foi informado que Bob Dylan encontrava-se nos bastidores e finalmente decidira participar. Para emoção de todos os presentes no Madison Square – inclusive dos próprios músicos no palco – Dylan surge em excelente forma, convocando George e Leon Russell para uma versão de A Hard Rain’s a-Gonna Fall.
O americano mostra-se receptivo e entusiasmado como há muito tempo não se via, e suas versões de Mr. Tambourine Man e Just Like a Woman colaboram para tornar a tarde/noite inesquecível.
Não poderia faltar Blowin’ in the Wind, a música que tinha se tornado um hino para a geração dos anos sessenta.
Para o encerramento dos trabalhos, George convoca todos os amigos ao palco para participar daquela que talvez seja sua melhor composição, a inesquecível Something, cantada de forma apaixonada.
O concerto termina com todos juntos apresentando a canção Bangladesh, composta por George especialmente para o evento.
Toda a arrecadação do concerto foi imediatamente destinada às vítimas do ciclone em Bangladesh. Mas a quantia seria irrisória diante do que se arrecadaria com o pacote do álbum que seria colocado a venda no início de 1972.


Acontece que George queria que as companhias fizessem o lançamento do álbum pelo custo, para que mais recursos fossem arrecadados. Além disso, músicos de várias gravadoras estiveram nos concertos, o que complicou as liberações de suas participações em um disco de uma empresa concorrente.
A situação custou muito tempo para se resolver, e deixou George Harrison amargamente decepcionado.
Trinta anos depois, em seus últimos dias, George teve a alegria de saber que um novo pacote comemorativo do concerto iria ser lançado, incluindo um DVD histórico.
Outros concertos beneficentes também fariam história nas décadas seguintes, mas Bangladesh ficará sempre na nossa memória como o primeiro esforço conjunto de nossos ídolos em busca de um mundo melhor e mais justo.