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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Tudo Deve Passar - Mas Algumas Coisas Teimam em Voltar. Ainda bem!!


                        All Things Must Pass  -  Relançamento em Vinil!!

Mais um relançamento de um ex-Beatle está  previsto para esta semana, mais precisamente no dia 26. Trata-se do famoso álbum triplo de George Harrison 'All Things Must Pass', que ganhará nova edição de luxo em vinil para comemorar seus 40 anos! Para os fãs das bolachas este é um prato cheio! Além da remasterização, os pacotes virão com vários brindes. No mais luxuoso, você poderá escolher uma camiseta, em vários tamanhos, estampada com as palavras 'I Dig Love', uma das canções do álbum, além de vários bottons que também farão parte deste pacote. 
Pra relembrar o George e o 'All Things Must Pass', posto aqui outro texto do 'Alto & Bom Som' falando deste disco, certamente um dos melhores momentos de Harrison!                                                


Os últimos anos de George Harrison como Beatle foram marcados por vários atritos com John e principalmente Paul, por causa de, entre outras coisas, mais espaço para suas canções. Ele não se sentia mais à vontade na banda.
George era limitado a, no máximo, duas músicas por álbum, o que simplesmente não era o suficiente para todo o seu talento, principalmente quando ele se tornou mais prolífico como compositor.
Com a separação, ele foi, a princípio, o Beatle que mais se beneficiou. Suas músicas, que vinham sendo sistematicamente ignoradas por seus companheiros, agora poderiam ver a luz do dia.
A sua espiritualidade que vinha influenciando a banda desde os idos de 1966, finalmente encontrariam uma maneira mais forte de se expressar.
George pediu o auxílio do produtor Phil Spector, do velho amigo Ringo Starr e recrutou os melhores músicos disponíveis, com destaque para o outro grande amigo Eric Clapton, o guitarrista Dave Mason, os tecladistas Gary Wright e Billy Preston e os bateristas Jim Gordon e Alan White.
Harrison começou as gravações em maio de 1970, e elas se estenderiam até agosto, com mais um mês de mixagens em que Phil Spector introduziria a sua famosa ‘wall of sound’, que era nada mais, nada menos que uma verdadeira parede sonora composta por metais, cordas e coros. 


Depois de todo aquele bloqueio às suas canções, nada mais justo que George buscasse gravar tantas músicas quanto possíveis para o disco de estreia, e não foi surpresa quando ele acabou se tornando um álbum triplo, o primeiro da história.

George sempre foi um grande admirador de Dylan, desde os primeiros tempos de Beatles, e fez uma parceria com o trovador americano na música de abertura, a delicada, I’d Have You Anytime, certamente uma das mais belas composições do álbum,  em que ouvimos uma guitarra belíssima de George.
My Sweet Lord dispensa apresentações. Foi considerada, durante muito tempo, a melhor música de um ex-Beatle. Ela é marcada por um vigoroso violão de 12 cordas, acompanhada de um coral e com um solo mágico de guitarra de Eric Clapton. Lançada em single, vendeu milhões de cópias e tornou George o Beatle da moda. Apesar do enorme sucesso, esta canção causaria a George enormes aborrecimentos futuros, com um processo de plágio da música He’s So Fine, do grupo ‘The Chiffons’. Ele teria que fazer um acordo e gastaria alguns milhões para se livrar do processo.
Wah-Wah era uma música dirigida ao ex-parceiro de banda, Paul McCartney. George e Paul sempre tiveram algumas diferenças no tempo dos Beatles. George, o mais novo, ressentia-se da amizade de Paul e John. McCartney, por seu lado, era uma figura autoritária dentro da banda - principalmente após a morte de Brian Epstein - exigindo sempre disciplina nos trabalhos e dizendo exatamente como queria suas músicas tocadas. Isto foi afetando Harrison e culminou quando Paul vetou o solo de guitarra em Hey Jude. George nunca o perdoou por isto.


O lado 1 do primeiro disco termina com a clássica Isn’t It a Pity, uma das mais interessantes composições de George, falando sobre a dificuldade nos relacionamentos pessoais.
O mega-rock What Is Life abre os trabalhos no lado B, no qual, além de guitarras furiosas, ouve-se a ‘wall of sound’ de Spector, em todo o seu esplendor. Esta música tornar-se-ia o segundo single do álbum.
Segue-se outra composição de Bob Dylan, If Not For You, mostrando ao mundo os bons frutos da parceria com o temperamental menestrel americano. Dylan também gravaria esta música, mas é na voz de George que ela atinge um nível superior. Ela também parece ter sido feita sob medida para as guitarras de Harrison e Clapton.
O álbum todo é impregnado de um sentimento espiritual elevado, o que se tornaria normal tratantando-se de um disco de George. Nesta linha aparece aquela que talvez seja a canção mais trabalhada e bem acabada do álbum Behind That Locked Door, seguida por Let It Down, uma das mais pesadas do disco, e Run of the Mill.


Beware of Darkness é outro triunfo para George, que em todo álbum mostra seu poderio vocal que era desperdiçado no tempo dos Beatles.
A alegre Apple Scruffs é Harrison cantando sobre as tietes do tempo dos Beatles que faziam ponto em frente a gravadora Apple e as residências dos integrantes da banda.
George extravasa todo seu sentimento espiritual em Awaiting on You All, um surpreendente hino religioso, marcado por metais e um vocal animado.
Vem a seguir a faixa-título All Things Must Pass, outro momento maiúsculo de Harrison como compositor. George nos fala de religião, mas não nos aborrece. Esta é a sua grande virtude neste álbum!
No lado 2 do segundo disco, destaca-se a marcante levada de Art of Dying, rock enérgico, com um sensacional solo de ‘wah-wah’ e uma letra mística falando da inevitabilidade da morte.
Ele termina o álbum pedindo a seu doce senhor que o escute, em Hear Me Lord.
O terceiro disco compõe-se de uma ‘jam session’ orquestrada por George em que todos os músicos convidados do álbum tocam juntos.

George Harrison voltaria a produzir outros bons trabalhos e ainda faria relativo sucesso nos anos que se seguiriam, mas nunca mais conseguiria repetir todo o clima e a magia das gravações de seu álbum de estreia.

Uma edição comemorativa de 30 anos foi lançada em 2000, na qual George liberou algumas canções dos arranjos pomposos de Phil Spector. As opiniões se dividiram.


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