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terça-feira, 30 de novembro de 2010

John Coltrane - Um Amor Supremo!


John Coltrane sempre foi considerado o maior saxofonista de jazz de todos os tempos. Já faz alguns anos que tive contato com sua obra, que nunca deixou de me surpreender. O cara tem uma musicalidade estonteante. Desde sua fase com Miles Davis, passando por dependências pesadas em heroína e álcool, até seus álbuns solo, John exala talento e criatividade.
Tenho como álbuns de cabeceira alguns trabalhos dele, como Blue Train (1957), Soultrane (1958), Giant Steps (1959) e Coltrane's Sound (1960), meu preferido! Todos são essenciais!

Coltrane passou sua vida a partir de 1957 tentando se descobrir como ser humano. Esta procura o levou até várias religiões, incluindo o islamismo. Sua primeira mulher Naima, teve grande ascensão sobre ele nessa época, e o ajudou a se livrar de seus vícios.


A sua obra máxima, seria lançada em 1964. O álbum A Love Supreme, é simplesmente uma conversa de seu autor com o criador! São verdadeiros hinos de amor e devoção de Coltrane a um ser supremo!
Para tentar entender melhor este seu trabalho grandioso e visionário, adquiri agora o livro de mesmo nome de Ashley Kahn, o qual recomendo para os que, como eu, precisam de mais informações sobre essa obra de Trane, ou amantes do jazz em geral.


Sei que John Coltrane é lembrado muitas vezes por sua fase final, quando ele rompe com os fraseados tradicionais e em que emprega a cacofonia como ingrediente importante de sua música. Mesmo pouco acessíveis, estes trabalhos deixaram sua marca. Interstellar Space e Expression são hoje considerados obras-primas.
Coltrane faleceu em 1967 com apenas 40 anos de idade. Não ouso compará-lo à ninguém, embora admire alguns de seus seguidores, como Albert Ayler. 
John Coltrane conseguiu tão somente modificar as estruturas melódicas! Neste sentido, existe a música antes e depois dele!

  
"Se você deseja uma reprodução fotográfica, não compre um Picasso. Se você deseja uma música popular, não ouça Coltrane."    Ralph J. Gleason, 1960. 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Two of Us


Recebi esta histórinha por e-mail, o autor não sei quem é. Tempos atrás escrevi algo parecido com esse 'papo' entre John e George! Fica aqui a história desse 'autor desconhecido', como mais um testemunho do show de Paul visto por dois pares de olhos que deixaram saudade.


Por trás dos cabelos longos e bigode, ele está olhando para baixo,
observando algo fixamente. É surpreendido pela chegada do
companheiro, que possui cabelos ainda mais longos que quase escondem
os óculos de aro fino.
O recém-chegado senta-se ao lado do amigo, olhando para baixo e
apertando os olhos devido à miopia. Após alguns segundos, pergunta:
– Ele já entrou no palco?
– Já. Está tocando há alguns minutos – responde o amigo.
– Onde é?
– No Brasil. Em São Paulo, acho.
– Está cheio?
– Muito.


O de óculos permanece em silêncio alguns segundos, tentando captar
o som que vem de baixo, de longe.
– O que ele está tocando agora? Jet?
– Acho que sim, não dá para ouvir direito por causa da gritaria.
Mas acho que é sim.
– Eu gosto desta música.
– Ele está falando com a platéia, mas não consigo entender nada.
– Acho que é português. Não dá para ouvir direito, o público
não deixa.
– Com a gente era assim, também. Lembra no Japão? Ninguém ouvia
nada.
– Olhe! All My Loving!
Ambos começam a bater as mãos no joelho, de forma quase
inconsciente, acompanhando o ritmo da música. “I’ll pretend that
I’m kissing…”, o de bigode canta baixinho.
– George! Você ainda se lembra da letra!
– Tem como esquecer? Aposto que você se lembra também.
– Eu me lembro de todas. Todas as músicas. Todos os versos.
– Ele está afinado ainda, não?
– Ele sempre cantou muito bem. Desde menino, ele sempre cantou
muito.
Ficam em silêncio mais um pouco, olhando para baixo atentamente.
– Qual é agora? Drive my Car? A platéia esta fazendo barulho
demais.
– Drive my Car. Essa é quase toda dele, sabia? Eu apenas ajudei
em uns trechos.
– Está no Rubber Soul, né?
– Acho que sim. Sim.


– A platéia está cantando a música inteira.
– Como eles sabem a letra? Eles não eram nem nascidos quando
lançamos isso.
– Não sei... Mas eles estão cantando a música inteira, John. Dá
para ver daqui.
Permanecem em silêncio por mais algum tempo. O de óculos, mesmo sem
perceber, balança a cabeça para os lados discretamente, ao som da
música.
– Ele foi para o piano.
– Eu nunca entendi como ele sabia tocar tantos instrumentos. Isso
não é normal.
That leads to your door
Will never disappear

– Qual ele está tocando agora? The Long and Winding Road?
– Sim. Veja! As pessoas estão chorando!
Afastando os cabelos do rosto, o míope aperta ainda mais os olhos,
vasculhando a multidão.
– Não gosto dessa música – ele diz, mais para si mesmo que para
o amigo.
– É linda. Ninguém conseguia fazer baladas como ele.
– Mas não gosto. Nós mal nos falávamos na época.
– Acontece. Acontece com todo mundo, por que não iria acontecer
com a gente?
– Verdade.
– Ele está tocando as nossas, olhe. Antes foi And I Love Her.
Agora é Blackbird.
– Eu não acredito que as pessoas ainda cantam junto, depois de
tantos anos... A letra não está aparecendo no telão? – pergunta
o de óculos, abaixando-se ainda mais e tentando ver o palco.
– Não, elas sabem mesmo. Dá para perceber daqui.
– Ele disse meu nome?
– Sim. Você sabe qual ele vai tocar. Ele escreveu para você.
I still remember how it was before,
and I’m holding back the tears no more…


– Você está legal, John?
– Eu e ele perdemos muito tempo. Hoje eu sei disso.
– Eu sei.
– Sabe, George... Se nós soubéssemos que eu teria tão pouco
tempo, talvez tivéssemos nos comportado de outra maneira.
– Talvez não. Vocês sempre foram melhores amigos. Ele sabia
disso. Ele faz questão de cantar essa, todo show. E ele sabe que
você está vendo. Ele não canta para a platéia, ele canta para
você. É a forma que ele encontra de matar a saudade um pouco.
– Será?
– Sim. Eu senti muito sua falta antes de nos reencontramos. Olhe as
pessoas lá embaixo, estão soluçando. Todos sentem sua falta.
– Eu sinto muito a falta dele. Eu sinto muita saudade da gente.
Especialmente do começo. Lembra da Alemanha?
– A gente ainda era menino... Tudo era o máximo, tudo era
novidade. Nós éramos novidade.
– Nós ainda somos novidade. Olhe, essa é sua!
You’re asking me, my love will grow?
I don’t know, I don’t know

– Eu me lembro de quando escrevi. Era difícil escrever algo com
vocês ali.
– Essa música é linda.
– Olhe! No telão! Ele colocou uma foto minha!
– A gente gostava demais de você. Você era mais novo, víamos
você como uma espécie de caçula.
– Eu sei – concorda o de bigode, rindo alto.
Esperam em silêncio a plateia aplaudir. Ao final da música, ambos
estão visivelmente emocionados, cada qual com suas lembranças. Os
acordes de uma nova canção parecem despertá-los.
– Eu gosto dessa!
– Essa é dele, não é nossa.
– Band on the Run? Mas poderia ser nossa.
– Se dependesse de mim, seria.
– Ah, sim. De todos nós, você sempre foi o mais roqueiro, essa
música é a sua cara.
– Ele fez muita coisa boa, né?
– Sim.

Enquanto o de óculos bate os dedos no joelho, o de bigode, sentado
de pernas cruzadas transforma sua própria coxa no braço de uma
guitarra imaginária. Ambos parecem distantes, talvez pensando não
no que foi, mas no que poderia ter sido.
I read the news today oh boy
About a lucky man who made the grade


Enquanto o de bigode tamborila os dedos no ritmo, seu amigo remove os
óculos rapidamente. Está chorando.
– Você sempre chora nessa.
– Foi uma das últimas que escrevemos juntos. Mesmo separados.
Metade é minha, metade é dele. É estranho, hoje, vê-lo cantando
minha parte, e eu aqui.
– Ele não está cantando sozinho.
– Como não?
– Olhe o estádio. É uma voz só, uma voz de sessenta mil pessoas.
– O que são aquelas coisas brancas? Balões de gás?
– Sim.
– Como isso fica bonito, vendo daqui de cima.
– Espere… Give peace a chance? Isso não era da música, certo?
– Não.
– Isso é seu!
– Sim.
– O estádio inteiro está cantando! Olhe os balões de gás! As
pessoas estão chorando, se abraçando.
O de óculos resmunga um palavrão, sorrindo. Seus óculos estão
embaçados, molhados de saudade.
– Let it be. Essa não poderia faltar.
– Eu não me conformo com isso, com as pessoas ainda saberem as
letras inteiras.
But in this ever changing world
in which we live in

– Eu gosto dessa também.
– Uau! Você viu aquilo, John? São fogos?
– Ficou demais, né?

– Nós não tínhamos isso no nosso tempo.
– Nós não precisávamos.
– Mas ele também não precisa. Mesmo assim, ficou lindo.
– O que as pessoas estão cantando, agora? Hey Jude?
– Sim... Estão abraçados, cantando junto com ele.
– É engraçado, George... Eu sei que nós éramos bons... Mas acho
que nunca entendi a importância que temos na vida das pessoas, até
pouco tempo atrás. Quando eu assisto aos shows dele, e vejo as
pessoas cantando junto, chorando... Mexe demais comigo.
– Nós éramos bons, John. Você sabe disso.
– Aparentemente, ainda somos. As pessoas ainda...
– Ainda o quê?
– Sabe, eu estava errado.
– Oi?
– Quando eu disse que o sonho acabou. Eu estava errado.
– Nós três sempre soubemos disso, que você estava errado.
Você sempre falou demais. Lembra aquela confusão de sermos maiores
que Deus?
– Sim... Mas o sonho... O sonho não acabou nunca. Eu errei.
– John?
– Sim?
– O sonho nunca vai acabar. Não enquanto as pessoas se lembrarem.
E elas vão se lembrar para sempre.
Sorrindo, John Lennon levanta-se e oferece a mão a George Harrison.
– Você está com sua guitarra?
– Eu sempre estou com minha guitarra, você sabe.
– Vamos tocar um pouco?
– Qual?
– Qualquer uma. Deu saudade.


Milhões de quilômetros abaixo, Paul McCartney, emocionado,
agradece à platéia.

domingo, 28 de novembro de 2010

We'll Meet Again, George!

 
Há 9 anos, no dia 29 de novembro, George Harrison deixou esta vida. Ao mesmo tempo triste por sua partida, e feliz por saber que ele está bem acompanhado, resolvi tirar o domingo para ouvir sua música. Acordei com 'Try Some Buy Some' na cabeça! Vou iniciar os trabalhos com o álbum Living in the Material World! Alguém me acompanha?? Incenso aceso! Hare Krishna!! 

"Way back in time
Someone said try some
I tried some
Now buy some - I bought some . . .
Oh Oh Oh
After a while
when I had tried them
denied them
I opened my eyes and
I saw you . . .

Not a thing did I have
Not a thing did I see
'Till I called on your love
And your love came to me

Through my life
I've seen gray sky,
met big fry,
seen them die to get high . . .
Oh Oh Oh
And when it seemed that I would
always be lonely
I opened my eyes and I saw you

Not a thing did I feel
Not a thing did I know
'Till I called on your love
And your love sure did grow

Won't you try some
Baby won't you buy some

Won't you try some"


Este texto escrito 'with a BIG help from my friend' Márcio Grings, está no Alto e Bom Som!
 
PARECE QUE FOI ONTEM ....MAS LÁ SE VÃO 9 ANOS. PUXA VIDA!! LEMBRO O QUANTO FIQUEI TRISTE NAQUELE 29 DE NOVEMBRO E, A SENSAÇÃO DE QUE O MUNDO NÃO SERIA MAIS O MESMO – PORQUE TODOS SABEMOS, CERTAS PESSOAS SÃO INSUBISTITUÍVEIS. SEGUNDO A SABEDORIA POPULAR OS BONS PARTEM MAIS CEDO – “PRIMEIRO LENNON, AGORA GEORGE”, PENSEI – “QUEM SERÁ O PRÓXIMO ... RINGO???”.


A CONTRIBUIÇÃO DE GEORGE HARRISON PARA A MÚSICA DO SÉCULO XX É BEM MAIS SUBSTANCIAL DO QUE A VÃ SABEDORIA POSSA IMAGINAR. JUNTO AOS SEUS COMPARSAS, GEORGE FORMATOU O MODELO DA CANÇÃO POP. ALÉM DISSO, COMO INSTRUMENTISTA O ESTILO HARRISON É ALGO MUITO DIFÍCIL DE SER IMITADO E A SUA DIGITAL SONORA É PRATICAMENTE ÚNICA. GEORGE HARRISON SEMPRE ABDICOU DOS VIRTUOSISMOS EXASPERADOS, OPTANDO POR UM CAMINHO MAIS SÓBRIO COMO INSTRUMENTISTA – COM DESTAQUE PARA O SLIDE EM DETRIMENTO DAS LONGAS IMPROVISAÇÕES.


DURANTE SUA PASSAGEM PELOS BEATLES, AS COMPOSIÇÕES PRÓPRIAS COMEÇARAM A APARECER TIMIDAMENTE E FORAM EVOLUINDO COM O PASSAR DOS ANOS PARA TEMAS DO CALIBRE DE IF I NEEDED SOMEONE, TAXMAN, WHILE MY GUITAR GENTLY WEEPS, HERE COMES THE SUN E SEU GRANDE SUCESSO BEATLE – SOMETHING. FOI ELE QUE CONDUZIU O GRUPO NO CAMINHO DA MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL E DA MÚSICA INDIANA, SENDO TAMBÉM O INTRODUTOR DA CÍTARA NA MÚSICA OCIDENTAL. COM O FINAL DA BANDA.


EM 1970, HARRISON DESLANCHOU COM SEU ÁLBUM DE ESTRÉIA, ALL THING MUST PASS – UM BOLACHÃO TRIPLO ONDE DESFILAVAM MEGA SUCESSOS COMERCIAIS COMO MY SWEET LORD E WHAT IS LIFE, MISCIGENADAS A CANÇÕES MAIS INTROSPECTIVAS E IMPREGNADAS DE UMA BEM DOSADA CARGA ESPIRITUAL E RELIGIOSA. PARA AJUDAR O PAÍS DE SEU AMIGO RAVI SHANKAR, PROTAGONIZA EM 1971 O PRIMEIRO MEGA CONCERTO BENEFICENTE DA HISTÓRIA, O LENDÁRIO CONCERT FOR BANGLADESH NO MADISON SQUARE GARDEN.


A PARTIR DE 1972 A CARREIRA – E A VIDA – DE GEORGE OSCILAM ENTRE ALTOS E BAIXOS VERTIGINOSOS. JUNTO A SUA BANDA DE APOIO, FEZ UMA DESASTROSA DIGRESSÃO PELOS ESTADOS UNIDOS EM 74; NO MESMO ANO, A ESPOSA DELE NA ÉPOCA – PATTY BOYD O ABANDONA PARA DIVIDIR A CAMA COM ERIC CLAPTON, SEU MELHOR AMIGO E CONFIDENTE NAQUELES TEMPOS DE AMOR LIVRE; MAS VIDA QUE SEGUE, LOGO EM SEGUIDA ELE ACABA ENCONTRANDO A TÃO ALMEJADA ALMA GÊMEA – A MEXICANA OLIVIA ARIAS, QUE LHE DARIA SEU ÚNICO FILHO, DHANI.


 EM 81 GRAVA O SUCESSO ALL THOSE YEARS AGO, HOMENAGEANDO O AMIGO JOHN LENNON ASSASSINADO NO ANO ANTERIOR. MEIA DÉCADA DEPOIS RETORNA AS PARADAS DOS DOIS LADOS DO ATLÂNTICO COM O ÁLBUM CLOUD NINE, CONSIDERADO POR CRÍTICA E PÚBLICO UM DE SEUS MELHORES TRABALHOS.
NO FINAL DOS ANOS 80 INTEGRA AO LADO DE BOB DYLAN, TOM PETTY, ROY ORBISON E JEFF LYNNE – O QUINTETO TRAVELLING WILBURYS, UMA BANDA DE SUPER ASTROS QUE DEMARCA SUA COMUNHÃO E PARCERIA EM DOIS ÁLBUNS MUITO ELOGIADOS.

EM 1991, HARRISON VOLTA AOS PALCOS, REAPROXIMANDO-SE DE ERIC CLAPTON (NUMA CLARA DEMOSTRAÇÃO DE GRANDEZA E AUSÊNCIA DE RESSENTIMENTOS), NA FESTEJADA TURNÊ PELO JAPÃO (QUE VIROU UM LP DUPLO) AO LADO DO VELHO CAMARADA.
NOS ANOS SEGUINTES, JUNTO A McCARTNEY E RINGO, PARTICIPA DO PROJETO ANTHOLOGY, REVIVENDO COM SEUS ANTIGOS PARTNERS OS ANOS DOURADOS DO FABULOSO QUARTETO FANTÁSTICO DO ROCK´N´ROLL.


NOS TRÊS ÚLTIMOS ANOS DE VIDA ENQUANTO LUTAVA CONTRA UM CÂNCER, DEDICAVA GRANDE PARTE DO TEMPO À UMA DE SUAS MAIORES PAIXÕES – A JARDINAGEM! HARRISON NÃO QUERIA SER LEMBRADO COMO UM ASTRO POP (ERA CONHECIDO POR SER O MAIS TÍMIDO E DISCRETO DOS BEATLES), COMO TAMBÉM FUGIA ASSINTOSAMENTE DOS HOLOFOTES E DE TODA A PURPURINA DO MAINSTREAM, PREFERINDO SEMPRE A COMPANHIA DA FAMÍLIA E O ISOLAMENTO COMO ESTILO DE VIDA. EM 2001, FINALMENTE PERDE A BATALHA PARA O CÂNCER E RETORNA PARA O JARDIM.
APÓS À SUA MORTE, BOB DYLAN DISSE EM UMA ENTREVISTA: “ELE TINHA A FORÇA DE CEM HOMENS. O MUNDO SE TORNOU UM LUGAR MAIS SOLITÁRIO SEM GEORGE.”
UM ANO DEPOIS CHEGA AS LOJAS O ÁLBUM PÓSTUMO BRAINWASHED, UM INTERESSANTE REGISTRO DA ÚLTIMA SAFRA DE COMPOSIÇÕES DE HARRISON – TRABALHO QUE FOI DEDICADO A TODOS OS JARDINEIROS DO MUNDO! OUTRO BELO RECADO DO ETERNO MENINO TÍMIDO DAQUELA BANDINHA INGLESA QUE MUDOU O MUNDO NOS ANOS 60.


SEGUNDO UM VELHO PROVÉRBIO ORIENTAL, EM GRANDE PARTE DAS VEZES A FELICIDADE ESTÁ ESCONDIDA NO NOSSO PRÓPRIO JARDIM, MAS É MUITO PROVÁVEL QUE ELA ESTEJA COBERTA PELO MATO E ERVAS DANINHAS. QUEM SABE EM UM DIA QUALQUER DESSES IGUAIS A TANTOS OUTROS - SIGAMOS O CONSELHO DE GEORGE, VOLTANDO OS OLHOS PARA O NOSSO PRÓPRIO QUINTAL, E ATÉ MESMO (QUEM SABE!) TRANSFORMANDO O MUNDO NUM LUGAR BEM MAIS BONITO E AGRADÁVEL DE SE VIVER.
PRECISAMOS URGENTEMENTE RETORNAR AO JARDIM! 


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Roman Polanski - Cenas Mais do que Reais!!

            Em 2008, escrevi este texto sobre um de meus diretores preferidos. Polanski completava 75 anos no dia 18 de agosto daquele ano. 
Fui obrigado a fazer uma observação no final do texto, devido a novos acontecimentos relacionados com o caso de intercurso sexual ilegal, que se arrasta desde 1977, e claro, um novo filme lançado!
Longa vida ao Mestre!!               


        
Um dos maiores diretores de cinema ainda em atividade, Polanski é igualmente conhecido pela sua magnífica obra e suas tragédias pessoais.
Roman nasceu em Paris, filho de pais poloneses, ele passaria sua infância em Varsóvia onde sua mãe seria uma vítima do holocausto. O pequeno Polanski consegue sobreviver buscando abrigo junto a amigos e parentes durante a segunda guerra mundial. Quando a guerra acaba ele reencontra seu pai. Os dois foram os úncios sobreviventes da família.

Polanski cedo se interessa por fotografia e filmagens e cursa a Escola de Cinema de Lodz, onde conclui os estudos em 1959. Neste mesmo ano ele se casa com a atriz polonesa Barbara Kwiatkowska.
Após vários curtas de sucesso, como ‘Dois Homens e Um Guarda-Roupa’, ‘Quando os Anjos Caem’, ‘O Gordo e o Magro’ e ‘Mamíferos’, ele consegue rodar seu primeiro longa na Polônia chamado ‘A Faca na Água’. Lançado em 1962, é um interessante estudo psicológico de 3 pessoas convivendo em um pequeno barco.

Na França em 1964,  conhece aquele que viria a ser seu roteirista em vários filmes, Gérard Brach, e consegue um acordo de filmagem com a produtora de cinema “Compton Group’. A quatro mãos, Polanski e Brach escrevem o roteiro de ‘Repulsa ao Sexo’ que viria a ser seu primeiro filme falado em inglês, e com a participação da então iniciante atriz Catherine Deneuve.
Apesar de ser um dos filmes que menos o agradou tecnicamente, Polanski conseguiu notoriedade com esse drama de terror psicológico muito à frente de seu tempo.

 
Já separado de sua primeira mulher, Barbara, em 1965, ele  parte para  Holy Island na Inglaterra, onde roda um de seus melhores trabalhos, o pouco conhecido do público, ‘Armadilha do Destino’. Este longa, viria a ser um dos mais influentes filmes para uma geração inteira de cineastas. Os movimentos de câmera são inovadores para a época, e a trama,  tendo como pano de fundo um castelo claustrofóbico, é uma mistura de humor e tragédia, o que sempre foi uma marca de seus filmes e de sua vida.  Muito justamente ele seria premiado com o ‘Urso de Ouro’ de melhor filme em Berlim, 1966.


No final desse ano, Roman começa a escrever com Gérard Brach um roteiro sobre vampiros. Na verdade ‘A Dança dos Vampiros’ se tornaria uma paródia e um de seus filmes mais cultuados. Para atriz principal lhe é sugerido o nome de Sharon Tate, uma americana que fazia pontas em séries de TV.
Ele não apenas a contrata, como também se apaixona por Sharon. Eles se casariam em janeiro de 1968.


Faltava para Polanski um grande sucesso comercial, e ele viria com o filme ‘O Bebê de Rosemary’, baseado no livro de Ira Levin. Foi seu primeiro filme em Hollywood, e as locações foram quase todas feitas no sinistro Dakota Apartments em Nova Iorque. Destaque para a magistral atuação de Mia Farrow, como a dona de casa que teve um bebê com o demônio. Outra marca registrada de Roman é o cuidado com a trilha sonora. Seu amigo de longa data, o músico polonês Komeda, compõe duas canções de ninar belíssimas para a interpretação da própria Mia Farrow, que acrescentam ao filme um efeito hipnótico.


Após o imenso sucesso de ‘O Bebê de Rosemary’, ele decide descansar e aproveitar a vida doméstica. Sua esposa Sharon engravida, e ele resolve fixar residência nos EUA.        
Após longas férias, ele se vê obrigado a viajar para Londres a fim de trabalhar em um novo roteiro, pouco antes da data prevista para o nascimento de seu primeiro filho.
Em agosto de 1969 a tragédia se abate novamente sobre Roman Polanski. Sua mulher Sharon Tate, grávida de oito meses, e mais 4 amigos são brutalmente assassinados pela infame gangue do maníaco Charles Manson, em sua casa de Los Angeles.
Muito tempo depois, Roman diria que a morte de Sharon foi o único divisor de águas em sua vida. A partir daquele momento sempre que estivesse se divertindo, ele se sentiria culpado.


Indeciso sobre o que fazer para tentar esquecer mais esta tragédia, Polanski busca a saída no trabalho, e resolve adaptar ‘Macbeth’ de William Shakespeare para o cinema. Trabalhando em Londres com Kenneth Tynan no roteiro, eles produzem uma versão acessível de Shakespeare, passando longe dos clichês teatrais presentes nas películas de Orson Welles e Akira Kurosawa.
Em 1972, ele fixa residência em Roma, onde roda seu filme mais obscuro, a comédia ‘Que?’, com Sydne Rome e Marcello Mastroianni. Um fracasso comercial para os padrões de Polanski.

 
Precisando recuperar o prestígio, Polanski resolve relutantemente aceitar o convite de Jack Nicholson e voltar a Los Angeles, onde tudo lhe lembrava o trágico assassinato de sua esposa.
Instalado na casa de Nicholson, Roman é presenteado com um exemplar do livro ‘Chinatown’ de Robert Towne. Ele e Jack resolvem imediatamente unir esforços e fazer uma versão para o cinema.Towne é contratado para trabalhar com Roman no roteiro complicadíssimo.
‘Chinatown’ ficaria conhecido como um dos mais belos thrillers já realizados, - teve várias indicações ao ‘Oscar’, inclusive tendo ganho o de melhor roteiro – e como uma  das melhores atuações de Jack Nicholson no cinema. O sucesso de crítica e comercial foi imediato e estrondoso.

De volta à França em 1976, ele resolve dirigir e atuar naquele que seria o aclamado cult movie, ‘O Inquilino’, onde ele interpreta o papel de um tímido bancário que passa a ter alucinações e se vestir de mulher. Este filme rodado com um orçamento baixíssimo, até hoje é motivo de discussão entre os apaixonados pela obra de Polanski.

Novamente nos EUA no início de 1977, é contratado para fotografar adolescentes para a revista ‘Vogue’, o que acaba gerando uma grande confusão, incluindo um processo contra si por ‘intercurso sexual ilegal’ de uma garota de 14 anos. A Vogue não se manifesta a favor de Roman no processo, aliás alega nem tê-lo contratado.
Polanski é obrigado a se declarar culpado para evitar danos maiores à menina, e é sentenciado a um período de no máximo 3 meses para avaliação psicológica numa penitenciária em Los Angeles. Após 42 dias ele é libertado e imagina poder continuar vivendo normalmente nos EUA, quando o juiz, - em uma reviravolta do caso, pressionado pela mídia e a opinião pública - pensa em mandá-lo novamente para a prisão por tempo indeterminado.
Ele então abandona a América, fugindo para Paris, ficando impossibilitado de regressar aos EUA, pois seria preso ao desembarcar.
 Até hoje o caso é polêmico, mas Polanski sempre jurou inocência e recebeu o apoio de amigos como Jack Nicholson e Harrison Ford.

 
Após a encrenca em Los Angeles, Roman mergulha novamente no trabalho e resolve adaptar o romance  de Thomas Hardy, ‘Tess dos Urbervilles’. O filme - a produção mais cara até então a ser  realizada na França - marca a  estréia de Nastassja Kinski  em um papel  de destaque. Ela então com apenas 17 anos seria alçada a condição de estrela. Nastassja e Polanski também viveriam um tórrido caso de amor, que duraria pouco tempo.
‘Tess’, foi um grande sucesso, apesar da longa e difícil filmagem. O filme levou o ‘Oscar’ de melhor figurino, direção de arte e fotografia.

Um antigo roteiro escrito por Polanski e Brach  - ‘Piratas’ -  feito com a ideia de ter Jack Nicholson no papel-título, é reformulado e filmado com Walter Matthau como o perverso ‘Captain Red’! Uma sátira sensacional de Polanski aos filmes de piratas e que seria muito imitada, inclusive em filmes atuais como ‘Piratas do Caribe’.
‘Busca Frenética’ une Roman e seu amigo Harrison Ford num thriller em homenagem a Hitchcok, em que sua atual mulher Emanuelle Seigner faz sua estreia no cinema.


'Lua de Fel’ lançado em 1992, com a participação de Hugh Grant e também de Seigner,  é considerado um de seus melhores filmes. Houve até quem enxergasse um paralelo da vida – principalmente sexual - de Polanski com o personagem de Grant.


Em 1994 estreia ‘A Morte e a Donzela’, um filme sobre torturados políticos, tendo como cenário um país sul-americano libertado de uma ditadura sangrenta, estrelando Sigourney Weaver e Ben Kingsley.
No final da década, Polanski volta a brincar com o sobrenatural e lança o pouco inspirado ‘O Último Portal’ com Johnny Depp.

No ano de 2001 Polanski resolve finalmente enfrentar o fantasma de sua infância e começa a filmar o holocausto baseado num livro de Wladyslaw Szpilman.
‘O Pianista’, lançado em 2002, é para muitos a sua obra prima. Foi difícil esta revisita ao passado, mas ele venceu a batalha. O filme conta todo o horror da ocupação nazista num gueto de Varsóvia, habitado por um sensível e brilhante pianista, que perde toda sua família.


 Além da ‘Palma de Ouro’ de melhor filme em Cannes, o filme ganha 3 “Oscar’. Melhor ator para Adrien Brody, melhor roteiro adaptado, e finalmente o de melhor diretor para Polanski, que não podendo comparecer a cerimônia da Academia teve de receber seu prêmio em Paris das mãos de Harrison Ford.

Seu último trabalho lançado foi ‘Oliver Twist’. Apesar da bela fotografia e cenários majestosos, foi apenas uma pálida imagem da grande obra de Charles Dickens.

Polanski aos 75 anos, está mais ativo do que nunca. Após desistir do projeto do filme ‘Pompéia’, ele prepara para setembro deste ano o começo das filmagens de ‘The Ghost’. O filme será sobre um ‘ghost writer’ – escritor que recebe para escrever um trabalho, mas que não tem seu nome creditado - contratado para escrever as memórias de um ex-primeiro ministro inglês.

Sempre uma pessoa polêmica, despertando ao mesmo tempo admiração e repulsa,  o certo é  que Roman Polanski soube superar todos os obstáculos e é simplesmente impossível ficarmos impassíveis quando assistimos a qualquer uma de suas obras.

      
*Em setembro de 2009  cumprindo mandado de prisão expedido pelos EUA, Roman Polanski é preso pela polícia ao desembarcar na Suíça vindo da França para receber um prêmio por sua obra.
 Uma longa batalha judicial tem início. Ele é solto sob fiança dois meses depois e transferido para prisão domiciliar em seu chalé na Suíça, onde fica confinado até julho de 2010, quando é libertado pelas autoridades suíças que negaram o pedido de extradição aos EUA.

Em 2010 seu filme  ‘The Ghost Writer’ – o qual Polanski terminou a pós-produção na cadeia – tem sua estreia nos cinemas, com as partcipações de Ewan McGregor e Pierce Brosnam. Sucesso de crítica!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ingmar Bergman - Filmografia de um Gênio



Nos últimos tempos, a distribuidora Versátil, vem investindo na filmografia do cineasta sueco Ingmar Bergman, falecido há 3 anos.
Vários destes títulos, principalmente os mais antigos filmes de Bergman que remontam à década de 40, eram inéditos por aqui. Então foi com grande satisfação que pude assistir muitos destes filmes.
Bergman sempre me surpreendeu, e apesar da idade desses filmes, eles sempre nos reservam alguma coisa de bom. A maioria deles não envelheceu. Ver os antigos, me deu saudade de toda sua obra!
É mais surpreendente ainda, descobrir como Bergman conseguiu fazer tanto com tão pouco. Os cenários e os figurinos são pobres (existe exceções como em  'Fanny and Alexander' e 'Gritos e Sussurros'), os seus atores costumam ser os mesmos por anos à fio. Podemos citar alguns que trabalharam muito tempo com Ingmar Bergman, como Bibi Andersson, Gunnar Bjornstrand, Harriet Andersson, Ingrid Thulin, Erland Josephson, e claro, Max Von Sydow e Liv Ullmann.
Bergman trabalhou com apenas dois diretores de fotografia em toda sua carreira: o grande Sven Nykvist e anteriormente com Gunnar Fischer. Com Nykvist a sintonia era perfeita. Bergman tinha total confiança no olho do amigo, e não se preocupava com as cenas até a hora de rodá-las.


Alguns filmes de Bergman, fazem para mim, a arte do cinema valer a pena! 'Fanny and Alexander' talvez seja o melhor filme que já assisti! 
'Monica e o Desejo', não parece um filme de 1952! 'Noites de Circo', é outro marco na história do cinema mundial.
'O Sétimo Selo' e suas cenas famosas como o jogo de xadrez entre o Cavaleiro e a Morte! A dança 'fatal' no final do filme. Inesquecível!
'Morangos Silvestres' dispensa apresentações, com a participação do carismático ex-diretor sueco Victor Sjöström!
O pouco falado 'O Rosto', de 1958, acho uma obra-prima. A trilogia do silêncio também é inesquecível.
Chegamos então na década de 60, quando filmes como 'Persona', 'A Hora do Lobo' e 'A Paixão de Ana' estão entre os melhores do mestre.
Ingmar Bergman ainda guardou para o final de sua carreira filmes obrigatórios como 'Gritos e Sussurros' e 'Cenas de Um Casamento', verdadeiros clássicos dos anos 70.
Em 'Fanny and Alexander' (1982) ele se despede em alto estilo. O que vemos na tela, é a infância de Bergman, seus sonhos, suas frustrações, seus medos, sua vida! 
Fiquei com a sensação que ele nos contou o que queria que soubéssemos, nada mais e nada menos!


Bergman e sua obra:

  2003 - Saraband (digital)
• 2002 - Anna (TV)
• 2000 - Bildmakarna (TV)
• 1997 - Larmar och gör sig till (TV)
• 1995 - Sista skriket (TV)
• 1993 - Backanterna (TV)
• 1992 - Markisinnan de Sade (TV)
• 1986 - Documentário sobre Fanny and Alexander
• 1984 - Depois do Ensaio
• 1983 - Karins ansikte

                                             1982 - Fanny & Alexander

• 1980 - Da Vida das Marionetes
• 1979 - Farödokument 1979
• 1978 - Sonata de Outono
• 1977 - O Ovo da Serpente
• 1976 - Face a Face
• 1974 - A Flauta Mágica
• 1973 - Cenas de um Casamento

 
                                                 1972 - Gritos e Sussurros

• 1971 - A hora do Amor
• 1969 - Farödokument
• 1969 - O Rito
• 1969 - A paixão de Ana
• 1968 - Vergonha
• 1968 - A Hora do Lobo
• 1967 - Stimulantia

                                                         1966 - Persona
 
• 1964 - Para não falar de todas essas mulheres
• 1963 - O Silêncio
• 1962 - Luz de Inverno
• 1961 - Através de um Espelho
• 1960 - O Olho do Diabo
• 1959 - A Fonte da Donzela
• 1958 - O Rosto
• 1957 - No Limiar da Vida

                                                1957 - Morangos Silvestres
 
                                                     1956 - O Sétimo Selo
 
• 1955 - Sorrisos de uma Noite de Amor
• 1955 - Sonhos de Mulheres
• 1954 - Uma Lição de Amor

                                                       1953 - Noites de Circo
 

                                                  1952 - Monika e o Desejo 

• 1952 - Quando as Mulheres Esperam
• 1951 - Juventude, Divino Tesouro
• 1950 - Isto não aconteceria aqui
• 1949 - Rumo à Felicidade
• 1949 - Sede de Paixões
• 1949 - Prisão
• 1948 - Porto
• 1948 - Música na Noite
• 1947 - Um Barco para a Índia
• 1946 - Chove em Nosso Amor
• 1945 - Crise

BERGMAN!!! BERGMAN!!! BERGMAN!!!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Águias e Falcões : do Country ao Pop - Rock!


            

Na esteira de Gram Parsons,  o grande músico inovador e ícone do country-rock, e de sua banda ‘The Flying Burrito Brothers’, surgiram inúmeros grupos em todas as partes dos EUA misturando rock com ‘country music’.
Talvez o melhor exemplo, ou o que mais tenha dado certo, seja a banda Eagles.

Este grupo californiano, abriu suas asas no início da década de 70, formada pelo guitarrista e tecladista Glenn Frey e o baterista Don Henley, junto com o baixista Randy Meisner, ex- Poco e o guitarrista Bernie Leadon, ex Flying Burrito Brothers.
Desde o primeiro álbum os Eagles conseguiram a mistura perfeita entre o som caipira sulista e o bom e velho rock’n’roll.
Com apenas seis álbuns de estúdio lançados no período de 8 anos, eles redefiniram a linguagem da música contry & western americana.
As harmonias do Eagles, sempre foram seu ponto forte. Quando as vozes de Frey e Don Henley se uniam para cantar, era sinônimo de coisa boa.
Além de ótimos músicos e cantores, os caipiras também eram excelentes compositores.
Se por acaso eles estivessem numa maré baixa na composição, eles requisitavam a ajuda de carinhas do naipe de Jackson Browne ( parceria com Glenn Frey em ‘Take It Easy’, single que apresentou a banda ao mundo), J. D. Souther ou Jack Tempchin.
 Seus maiores sucessos foram os álbuns ‘One of These Nights’ (1975) e ‘Hotel California’ (1976).
 Seus singles incluíam ‘”Desperado’, ‘Tequila Sunrise’, ‘Peaceful Easy Feeling’, ‘The Best of My Love’ e ‘The Long Run’. Todos campeões de venda.


Numa consulta recente, sua coletânea ‘Their Greatest Hits’ disputa palmo à palmo com ‘Thriller’ de Michael Jackson e ‘One’ dos Beatles o posto de álbum mais vendido de todos os tempos.
Don Felder entrou para a banda em 74, e em  1975, Joe Walsh substituiu Bernie Leadon.
Após o lançamento de ‘Hotel California’ Randy Meisner dá lugar ao baixista que o havia substituído no Poco, Timothy B. Schmit.

Em 1980 após lançar o álbum ao vivo ‘Eagles Live’ eles partem para carreira-solo, na qual Henley, Frey e Walsh obtiveram relativo sucesso.
Eles ensaiam uma volta em 1994, fazendo turnês nos EUA com a última formação, resultando no álbum ‘Hell Freezes Over’. Um belo apanhado ao vivo de toda sua carreira.
Nova reunião sem a presença de Felder, aconteceu em 2007 para as gravações de um álbum duplo, chamado ‘Long Road Out of Eden’, um excelente trabalho de retorno aos estúdios, que infelizmente, passou batido nas terras tupiniquins.
Aguardamos novos projetos da banda para um futuro próximo. 

  
Quando os Eagles penduraram as chuteiras nos anos 80, muitos alunos aplicados começaram a surgir no cenário musical americano.
Talvez um dos melhores tenha sido a banda de country-rock The Jayhawks, que começou seus trabalhos em 1985.
O guitarrista caipira Mark Olson tocava em um conjunto de rockabilly, mas decidido a montar uma banda em que pudesse expressar sua verdadeira paixão – o country –, ele recruta o baixista Marc Perlman e o baterista Norm Rogers. Estava formada a base para o Jayhawks.


Todo o núcleo da banda era baseado em Minneapolis, no norte dos EUA.
O grupo começou a excursionar pelo interior de Minnesota nesta época, e apesar da pouca atenção que despertavam, os caras foram ganhando experiência como conjunto musical.
Durante uma dessas apresentações um velho amigo de Mark Olson estava presente. Parecendo qualquer coisa, menos um guitarrista de rock, Gary Louris se apresentou nos bastidores após um dos shows e solicitou à seu amigo Olson, o posto de guitarra-solo dos Jayhawks. 
Extremamente míope, precisando usar um óculos de fundo de garrafa para enxergar alguma coisa, e com os cabelos crespos subindo em espiral, Louris era um cara muito divertido, e também talentoso, logo conquistaria a confiança de seus parceiros. Ele já tinha experiência com gravações, tendo participado da banda ‘Safety Last’ que havia lançado um disco com uma composição sua.

Mark Olson, com sua paixão pelo country e folk, era influenciado por gente como Bob Dylan e Dave Van Ronk. Quando descobriu à música do Flying Burrito Brothers  no final dos anos 60, ele se entregou de corpo e alma ao country-rock.

No final de 1985 eles começaram a abrir shows para grupos mais badalados em Minneapolis, e uma certa noite foram ouvidos por Charles Pine, empresário atilado que estava à procura de novos talentos.
O estilo de country-rock direto que Louris e Olson conseguiram criar, recheado de letras românticas, fisgou o empresário. 
Com a ajuda de Pine eles gravam seu primeiro álbum por uma companhia independente intitulado simplesmente ‘The Jayhawks’, que ficaria mais conhecido como ‘The Bunkhouse Album’.  As condições de gravação foram precárias, mas a banda conseguiu demonstrar sua força em canções compostas por Olson. O disco, em estilo country puro, passou desapercebido pelo grande público. Atualmente ele é peça rara e disputado por colecionadores.

Algum tempo depois eles gravaram algumas demos para a gravadora A&M, sem sucesso. Decepcionados com o ‘music business’ os caras resolveram dar um tempo na música. Gary Louris era arquiteto e Marc Perlman, publicitário. Não havia como conciliar seu trabalho com a paixão pela música.


Depois de alguns meses parados, eles decidiram que deviam fazer o que realmente gostavam. Reuniram-se novamente e Louris fez vários ajustes nas demos.
Após serem remixadas e acrescentadas mais algumas canções recém-compostas, elas foram lançadas no álbum ‘Blue Earth’, ainda de forma independente.
Este álbum mais country-rock que o anterior, finalmente chamou a atenção das grandes companhias. Olson dividiu as composições com Louris, o que trouxe um maior equilíbrio à banda.

Em 1992, com Ken Callahan na batera, eles foram contratados pela Def American, e gravam o álbum ‘Hollywood Town Hall’, que consistia de algumas músicas de ‘Blue Earth’ regravadas e de material novo. A banda recebeu ótimas críticas e resolveu botar o pé na estrada.
Uma novidade foi o acréscimo de Karen Grotberg nos teclados e vocais, e ela conseguiu alterar consideravelmente o som dos caras, que ficaria mais compacto.
Aos poucos eles iam conquistando novos fãs não só em sua região mas em todo os EUA.
Ao voltar de uma longa turnê em 1994, eles vão direto aos estúdios, onde produziriam aquele que muitos consideram seu melhor trabalho.
‘Tomorrow the Green Grass’, lançado em fevereiro de 1995 apresentava belas canções em estilo pop-rock. Os Jayhawks estavam mudando.
Com todas as músicas compostas por Louris/Olson, surgiam como destaque as deliciosas ‘Miss Williams’ Guitar’, ‘I’d Run Away’ e ‘Blue’.
Além das brilhantes harmonias vocais da dupla, chamava a atenção o trabalho de arranjo das canções feito por Gary Louris. 

Após o grande sucesso do álbum, a banda parou pra pensar. Seu estilo havia mudado. Do country quase puro, que era o objetivo inicial de Mark Olson, ela tinha enveredado pelos caminhos do country-rock e agora chegava ao pop-rock.
Gary Louris desejava explorar as novas possibilidades musicais propostas, sem as limitações de serem rotulados como uma banda country-rock.
O desfecho foi inevitável.
Mark Olson, decepcionado com o rumo diferente que a banda tomava resolveu partir para outros desafios.
Ao lado de sua esposa Victoria Williams e de Mike Russell ele formaria o ‘Creek Dippers’ e passaria a tocar apenas seu estilo de música preferido, o country puro.

O ano de 1996 trouxe mais acréscimos aos Jayhawks. O baterista Tim O’Reagan,  o guitarrista Kraig Johnson e o violinista Jessy Greene  se unem a Louris, Perlman e Grotberg para um novo projeto de estúdio.


O álbum que emergiria em abril de 1997 se chamaria ‘Sound of Lies’.
Apesar de uma sonoridade mais envolvente, com cordas e violões, o álbum era praticamente um trabalho pessoal e muito emocional de Gary.
Com a fraca receptividade, Louris resolve desenvolver um trabalho paralelo ao Jayhawks na banda ‘Golden Smog’, com um som voltado para o rock mais pesado, que contaria também com as participações de Perlman e Craig Johnson em vários discos lançados nos anos seguintes.  

No final da década de 90, a banda reúne-se novamente com o intuito de mostrar que eles ainda tinham muita lenha pra queimar.
Eles passam quase o ano inteiro de 1999 em seu estúdio de Minneapolis sendo produzidos por Bob Ezrin.     
 O resultado foi ‘Smile’ lançado em maio de 2000. Desta vez, Louris dividiu os holofotes e as composições com Perlman e O’Reagan e a banda se beneficiou dessa decisão.
Com um estilo pop-rock consistente, talvez as melhores canções do Jayhawks estejam presentes neste álbum. A linda ‘A Break in the Clouds’ é Louris em sua melhor forma como vocalista, contando com o apoio de Karen Grotberg em harmonias interessantíssimas.
‘I’m Gonna Make You Love Me’ é nada menos do que uma das mais bonitas canções românticas já compostas, com um ritmo contagiante. A faixa-título ‘Smile’, prima por uma grande energia positiva transmitida pela voz de Gary Louris, e belos efeitos vocais produzidos por Ezrin.
Antes da turnê que a banda faria para promover ‘Smile’ a tecladista Karen Grotberg, que havia engravidado, deixa o grupo, sendo substituída por Jen Gunderman.
Durante a temporada 2000 e 2001 eles se mudaram para a Europa, promovendo o ‘Smile’, onde fizeram shows antológicos em clubes com lotações esgotadas. Na volta a banda perde Kraig Johnson e a tecladista Jen Gunderman.

Reduzidos a um trio, Louris, Perlman e O’Reagan se apresentam nos EUA em 2002, em vários shows acústicos, enquanto preparam um novo álbum.


Produzido por Ethan Johns, ‘Rainy Day Music’ é lançado em abril de 2003.
Era difícil manter o nível alcançado por ‘Smile’, mas o Jayhawks não se intimidou.
Canções como ‘You Look So Young’, ‘Tailspin’, ‘Save It for a Rainy Day’ e ‘All the Right Reasons’ não fazem feio diante de toda a obra da banda.
Novas turnês cansativas para promover o álbum aconteceram em 2003. Quando terminaram a excursão, exaustos, os caras resolveram descansar e cuidar de outros projetos.

Não se ouvia falar num possível novo álbum, nem tampouco em turnês da banda.
Em 2005 Gary Louris fez uma pequena turnê acompanhado de seu antigo parceiro Mark Olson, em que cantaram canções solo novas e antigas de sua parceria.

Olson continuou sua carreira com o ‘Creek Dippers’ lançando vários álbuns.
Louris lançou vários trabalhos com a ‘Golden Smog’, tendo como ponto alto o disco ‘Another Fine Day’ de 2006.
Em 2008 ele lança seu primeiro disco solo ‘Vagabonds’. Um belo trabalho voltado para a soul-music, infelizmente inédito por aqui.


Em 2009, além de ser lançada uma coletânea do Jayhawks com dois CDs e DVD bônus, chamada ‘Music From the North Country’,  os dois amigos Louris e Olson, voltariam a gravar juntos. O resultado foi ‘Ready For the Flood’, lembrando os bons tempos da parceria que ajudou os Jayhawks a se tornar uma das poucas bandas country-rock que tinham algo a dizer.