Na esteira de Gram
Parsons, o grande músico inovador e ícone
do country-rock, e de sua banda ‘The Flying Burrito Brothers’, surgiram inúmeros
grupos em todas as partes dos EUA misturando rock com ‘country music’.
Talvez o melhor
exemplo, ou o que mais tenha dado certo, seja a banda Eagles.
Este grupo
californiano, abriu suas asas no início da década de 70, formada pelo
guitarrista e tecladista Glenn Frey e o baterista Don Henley, junto com o
baixista Randy Meisner, ex- Poco e o guitarrista Bernie Leadon, ex Flying
Burrito Brothers.
Desde o primeiro
álbum os Eagles conseguiram a mistura perfeita entre o som caipira sulista e o
bom e velho rock’n’roll.
Com apenas seis
álbuns de estúdio lançados no período de 8 anos, eles redefiniram a linguagem
da música contry & western americana.
As harmonias do
Eagles, sempre foram seu ponto forte. Quando as vozes de Frey e Don Henley se
uniam para cantar, era sinônimo de coisa boa.
Além de ótimos
músicos e cantores, os caipiras também eram excelentes compositores.
Se por acaso eles
estivessem numa maré baixa na composição, eles requisitavam a ajuda de carinhas
do naipe de Jackson Browne ( parceria com Glenn Frey em ‘Take It Easy’, single
que apresentou a banda ao mundo), J. D. Souther ou Jack Tempchin.
Seus maiores sucessos foram os álbuns ‘One of
These Nights’ (1975) e ‘Hotel California’ (1976).
Seus singles incluíam ‘”Desperado’, ‘Tequila Sunrise’, ‘Peaceful Easy Feeling’, ‘The Best
of My Love’ e ‘The Long Run’. Todos campeões de venda.
Numa consulta recente,
sua coletânea ‘Their Greatest Hits’ disputa palmo à palmo com ‘Thriller’ de
Michael Jackson e ‘One’ dos Beatles o posto de álbum mais vendido de todos os
tempos.
Don Felder entrou
para a banda em 74, e em 1975, Joe Walsh
substituiu Bernie Leadon.
Após o lançamento de ‘Hotel California’ Randy Meisner
dá lugar ao baixista que o havia substituído no Poco, Timothy B. Schmit.
Em 1980 após lançar o
álbum ao vivo ‘Eagles Live’ eles partem para carreira-solo, na qual Henley, Frey
e Walsh obtiveram relativo sucesso.
Eles ensaiam uma
volta em 1994, fazendo turnês nos EUA com a última formação, resultando no
álbum ‘Hell Freezes Over’. Um belo apanhado ao vivo de toda sua carreira.
Nova reunião sem a
presença de Felder, aconteceu em 2007 para as gravações de um álbum duplo, chamado ‘Long
Road Out of Eden’, um excelente trabalho de retorno aos estúdios, que
infelizmente, passou batido nas terras tupiniquins.
Aguardamos novos
projetos da banda para um futuro próximo.
Quando os Eagles
penduraram as chuteiras nos anos 80, muitos alunos aplicados começaram a surgir
no cenário musical americano.
Talvez um dos
melhores tenha sido a banda de country-rock The Jayhawks, que começou seus
trabalhos em 1985.
O guitarrista caipira
Mark Olson tocava em um conjunto de rockabilly, mas decidido a montar uma banda
em que pudesse expressar sua verdadeira paixão – o country –, ele recruta o
baixista Marc Perlman e o baterista Norm Rogers. Estava formada a base para o
Jayhawks.
Todo o núcleo da
banda era baseado em Minneapolis, no norte dos EUA.
O grupo começou a
excursionar pelo interior de Minnesota nesta época, e apesar da pouca atenção
que despertavam, os caras foram ganhando experiência como conjunto musical.
Durante uma dessas
apresentações um velho amigo de Mark Olson estava presente. Parecendo qualquer coisa, menos um guitarrista de rock, Gary Louris se apresentou nos
bastidores após um dos shows e solicitou à seu amigo Olson, o posto de
guitarra-solo dos Jayhawks.
Extremamente míope,
precisando usar um óculos de fundo de garrafa para enxergar alguma coisa, e com os cabelos crespos subindo
em espiral, Louris era um cara muito divertido, e também talentoso, logo
conquistaria a confiança de seus parceiros. Ele já tinha experiência com
gravações, tendo participado da banda ‘Safety Last’ que havia lançado um disco
com uma composição sua.
Mark Olson, com sua
paixão pelo country e folk, era influenciado por gente como Bob Dylan e Dave
Van Ronk. Quando descobriu à música do Flying Burrito Brothers no final dos anos 60, ele se entregou de
corpo e alma ao country-rock.
No final de 1985 eles
começaram a abrir shows para grupos mais badalados em Minneapolis, e uma certa
noite foram ouvidos por Charles Pine, empresário atilado que estava à procura
de novos talentos.
O estilo de country-rock
direto que Louris e Olson conseguiram criar, recheado de letras românticas,
fisgou o empresário.
Com a ajuda de Pine
eles gravam seu primeiro álbum por uma companhia independente intitulado
simplesmente ‘The Jayhawks’, que ficaria mais conhecido como ‘The Bunkhouse
Album’. As condições de gravação foram
precárias, mas a banda conseguiu demonstrar sua força em canções compostas por
Olson. O disco, em estilo country puro, passou desapercebido pelo grande
público. Atualmente ele é peça rara e disputado por colecionadores.
Algum tempo depois
eles gravaram algumas demos para a gravadora A&M, sem sucesso.
Decepcionados com o ‘music business’ os caras resolveram dar um tempo na
música. Gary Louris era arquiteto e Marc Perlman, publicitário. Não havia como
conciliar seu trabalho com a paixão pela música.
Depois de alguns
meses parados, eles decidiram que deviam fazer o que realmente gostavam.
Reuniram-se novamente e Louris fez vários ajustes nas demos.
Após serem remixadas
e acrescentadas mais algumas canções recém-compostas, elas foram lançadas no
álbum ‘Blue Earth’, ainda de forma independente.
Este álbum mais
country-rock que o anterior, finalmente chamou a atenção das grandes
companhias. Olson dividiu as composições com Louris, o que trouxe um maior
equilíbrio à banda.
Em 1992, com Ken
Callahan na batera, eles foram contratados pela Def American, e gravam o álbum
‘Hollywood Town Hall’, que consistia de algumas músicas de ‘Blue Earth’
regravadas e de material novo. A banda recebeu ótimas críticas e resolveu botar
o pé na estrada.
Uma novidade foi o
acréscimo de Karen Grotberg nos teclados e vocais, e ela conseguiu alterar
consideravelmente o som dos caras, que ficaria mais compacto.
Aos poucos eles iam
conquistando novos fãs não só em sua região mas em todo os EUA.
Ao voltar de uma
longa turnê em 1994, eles vão direto aos estúdios, onde produziriam aquele que
muitos consideram seu melhor trabalho.
‘Tomorrow the Green
Grass’, lançado em fevereiro de 1995 apresentava belas canções em estilo
pop-rock. Os Jayhawks estavam mudando.
Com todas as músicas
compostas por Louris/Olson, surgiam como destaque as deliciosas ‘Miss Williams’
Guitar’, ‘I’d Run Away’ e ‘Blue’.
Além das brilhantes
harmonias vocais da dupla, chamava a atenção o trabalho de arranjo das canções
feito por Gary Louris.
Após o grande sucesso
do álbum, a banda parou pra pensar. Seu estilo havia mudado. Do country quase
puro, que era o objetivo inicial de Mark Olson, ela tinha enveredado pelos
caminhos do country-rock e agora chegava ao pop-rock.
Gary Louris desejava
explorar as novas possibilidades musicais propostas, sem as limitações de serem
rotulados como uma banda country-rock.
O desfecho foi
inevitável.
Mark Olson,
decepcionado com o rumo diferente que a banda tomava resolveu partir para
outros desafios.
Ao lado de sua esposa
Victoria Williams e de Mike Russell ele formaria o ‘Creek Dippers’ e passaria a
tocar apenas seu estilo de música preferido, o country puro.
O ano de 1996 trouxe
mais acréscimos aos Jayhawks. O baterista Tim O’Reagan, o guitarrista Kraig Johnson e o violinista
Jessy Greene se unem a Louris, Perlman e
Grotberg para um novo projeto de estúdio.
O álbum que emergiria
em abril de 1997 se chamaria ‘Sound of Lies’.
Apesar de uma
sonoridade mais envolvente, com cordas e violões, o álbum era praticamente um
trabalho pessoal e muito emocional de Gary.
Com a fraca
receptividade, Louris resolve desenvolver um trabalho paralelo ao Jayhawks na
banda ‘Golden Smog’, com um som voltado para o rock mais pesado, que contaria
também com as participações de Perlman e Craig Johnson em vários discos
lançados nos anos seguintes.
No final da década de
90, a
banda reúne-se novamente com o intuito de mostrar que eles ainda tinham muita
lenha pra queimar.
Eles passam quase o
ano inteiro de 1999 em seu estúdio de Minneapolis sendo produzidos por Bob
Ezrin.
O resultado foi ‘Smile’ lançado em maio de
2000. Desta vez, Louris dividiu os holofotes e as composições com Perlman e
O’Reagan e a banda se beneficiou dessa decisão.
Com um estilo
pop-rock consistente, talvez as melhores canções do Jayhawks estejam presentes
neste álbum. A linda ‘A Break in the Clouds’ é Louris em sua melhor forma como
vocalista, contando com o apoio de Karen Grotberg em harmonias interessantíssimas.
‘I’m Gonna Make You
Love Me’ é nada menos do que uma das mais bonitas canções românticas já
compostas, com um ritmo contagiante. A faixa-título ‘Smile’, prima por uma
grande energia positiva transmitida pela voz de Gary Louris, e belos efeitos
vocais produzidos por Ezrin.
Antes da turnê que a
banda faria para promover ‘Smile’ a tecladista Karen Grotberg, que havia
engravidado, deixa o grupo, sendo substituída por Jen Gunderman.
Durante a temporada
2000 e 2001 eles se mudaram para a Europa, promovendo o ‘Smile’, onde fizeram
shows antológicos em clubes com lotações esgotadas. Na volta a banda perde
Kraig Johnson e a tecladista Jen Gunderman.
Reduzidos a um trio,
Louris, Perlman e O’Reagan se apresentam nos EUA em 2002, em vários shows
acústicos, enquanto preparam um novo álbum.
Produzido por Ethan
Johns, ‘Rainy Day Music’ é lançado em abril de 2003.
Era difícil manter o
nível alcançado por ‘Smile’, mas o Jayhawks não se intimidou.
Canções como ‘You
Look So Young’, ‘Tailspin’, ‘Save It for a Rainy Day’ e ‘All the Right Reasons’
não fazem feio diante de toda a obra da banda.
Novas turnês
cansativas para promover o álbum aconteceram em 2003. Quando terminaram a
excursão, exaustos, os caras resolveram descansar e cuidar de outros projetos.
Não se ouvia falar
num possível novo álbum, nem tampouco em turnês da banda.
Em 2005 Gary Louris
fez uma pequena turnê acompanhado de seu antigo parceiro Mark Olson, em que
cantaram canções solo novas e antigas de sua parceria.
Olson continuou sua
carreira com o ‘Creek Dippers’ lançando vários álbuns.
Louris lançou vários
trabalhos com a ‘Golden Smog’, tendo como ponto alto o disco ‘Another Fine Day’
de 2006.
Em 2008 ele lança seu
primeiro disco solo ‘Vagabonds’. Um belo trabalho voltado para a soul-music,
infelizmente inédito por aqui.
Em 2009, além de ser
lançada uma coletânea do Jayhawks com dois CDs e DVD bônus, chamada ‘Music From
the North Country’, os dois amigos
Louris e Olson, voltariam a gravar juntos. O resultado foi ‘Ready For the Flood’, lembrando os bons
tempos da parceria que ajudou os Jayhawks a se tornar uma das poucas bandas
country-rock que tinham algo a dizer.