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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Águias e Falcões : do Country ao Pop - Rock!


            

Na esteira de Gram Parsons,  o grande músico inovador e ícone do country-rock, e de sua banda ‘The Flying Burrito Brothers’, surgiram inúmeros grupos em todas as partes dos EUA misturando rock com ‘country music’.
Talvez o melhor exemplo, ou o que mais tenha dado certo, seja a banda Eagles.

Este grupo californiano, abriu suas asas no início da década de 70, formada pelo guitarrista e tecladista Glenn Frey e o baterista Don Henley, junto com o baixista Randy Meisner, ex- Poco e o guitarrista Bernie Leadon, ex Flying Burrito Brothers.
Desde o primeiro álbum os Eagles conseguiram a mistura perfeita entre o som caipira sulista e o bom e velho rock’n’roll.
Com apenas seis álbuns de estúdio lançados no período de 8 anos, eles redefiniram a linguagem da música contry & western americana.
As harmonias do Eagles, sempre foram seu ponto forte. Quando as vozes de Frey e Don Henley se uniam para cantar, era sinônimo de coisa boa.
Além de ótimos músicos e cantores, os caipiras também eram excelentes compositores.
Se por acaso eles estivessem numa maré baixa na composição, eles requisitavam a ajuda de carinhas do naipe de Jackson Browne ( parceria com Glenn Frey em ‘Take It Easy’, single que apresentou a banda ao mundo), J. D. Souther ou Jack Tempchin.
 Seus maiores sucessos foram os álbuns ‘One of These Nights’ (1975) e ‘Hotel California’ (1976).
 Seus singles incluíam ‘”Desperado’, ‘Tequila Sunrise’, ‘Peaceful Easy Feeling’, ‘The Best of My Love’ e ‘The Long Run’. Todos campeões de venda.


Numa consulta recente, sua coletânea ‘Their Greatest Hits’ disputa palmo à palmo com ‘Thriller’ de Michael Jackson e ‘One’ dos Beatles o posto de álbum mais vendido de todos os tempos.
Don Felder entrou para a banda em 74, e em  1975, Joe Walsh substituiu Bernie Leadon.
Após o lançamento de ‘Hotel California’ Randy Meisner dá lugar ao baixista que o havia substituído no Poco, Timothy B. Schmit.

Em 1980 após lançar o álbum ao vivo ‘Eagles Live’ eles partem para carreira-solo, na qual Henley, Frey e Walsh obtiveram relativo sucesso.
Eles ensaiam uma volta em 1994, fazendo turnês nos EUA com a última formação, resultando no álbum ‘Hell Freezes Over’. Um belo apanhado ao vivo de toda sua carreira.
Nova reunião sem a presença de Felder, aconteceu em 2007 para as gravações de um álbum duplo, chamado ‘Long Road Out of Eden’, um excelente trabalho de retorno aos estúdios, que infelizmente, passou batido nas terras tupiniquins.
Aguardamos novos projetos da banda para um futuro próximo. 

  
Quando os Eagles penduraram as chuteiras nos anos 80, muitos alunos aplicados começaram a surgir no cenário musical americano.
Talvez um dos melhores tenha sido a banda de country-rock The Jayhawks, que começou seus trabalhos em 1985.
O guitarrista caipira Mark Olson tocava em um conjunto de rockabilly, mas decidido a montar uma banda em que pudesse expressar sua verdadeira paixão – o country –, ele recruta o baixista Marc Perlman e o baterista Norm Rogers. Estava formada a base para o Jayhawks.


Todo o núcleo da banda era baseado em Minneapolis, no norte dos EUA.
O grupo começou a excursionar pelo interior de Minnesota nesta época, e apesar da pouca atenção que despertavam, os caras foram ganhando experiência como conjunto musical.
Durante uma dessas apresentações um velho amigo de Mark Olson estava presente. Parecendo qualquer coisa, menos um guitarrista de rock, Gary Louris se apresentou nos bastidores após um dos shows e solicitou à seu amigo Olson, o posto de guitarra-solo dos Jayhawks. 
Extremamente míope, precisando usar um óculos de fundo de garrafa para enxergar alguma coisa, e com os cabelos crespos subindo em espiral, Louris era um cara muito divertido, e também talentoso, logo conquistaria a confiança de seus parceiros. Ele já tinha experiência com gravações, tendo participado da banda ‘Safety Last’ que havia lançado um disco com uma composição sua.

Mark Olson, com sua paixão pelo country e folk, era influenciado por gente como Bob Dylan e Dave Van Ronk. Quando descobriu à música do Flying Burrito Brothers  no final dos anos 60, ele se entregou de corpo e alma ao country-rock.

No final de 1985 eles começaram a abrir shows para grupos mais badalados em Minneapolis, e uma certa noite foram ouvidos por Charles Pine, empresário atilado que estava à procura de novos talentos.
O estilo de country-rock direto que Louris e Olson conseguiram criar, recheado de letras românticas, fisgou o empresário. 
Com a ajuda de Pine eles gravam seu primeiro álbum por uma companhia independente intitulado simplesmente ‘The Jayhawks’, que ficaria mais conhecido como ‘The Bunkhouse Album’.  As condições de gravação foram precárias, mas a banda conseguiu demonstrar sua força em canções compostas por Olson. O disco, em estilo country puro, passou desapercebido pelo grande público. Atualmente ele é peça rara e disputado por colecionadores.

Algum tempo depois eles gravaram algumas demos para a gravadora A&M, sem sucesso. Decepcionados com o ‘music business’ os caras resolveram dar um tempo na música. Gary Louris era arquiteto e Marc Perlman, publicitário. Não havia como conciliar seu trabalho com a paixão pela música.


Depois de alguns meses parados, eles decidiram que deviam fazer o que realmente gostavam. Reuniram-se novamente e Louris fez vários ajustes nas demos.
Após serem remixadas e acrescentadas mais algumas canções recém-compostas, elas foram lançadas no álbum ‘Blue Earth’, ainda de forma independente.
Este álbum mais country-rock que o anterior, finalmente chamou a atenção das grandes companhias. Olson dividiu as composições com Louris, o que trouxe um maior equilíbrio à banda.

Em 1992, com Ken Callahan na batera, eles foram contratados pela Def American, e gravam o álbum ‘Hollywood Town Hall’, que consistia de algumas músicas de ‘Blue Earth’ regravadas e de material novo. A banda recebeu ótimas críticas e resolveu botar o pé na estrada.
Uma novidade foi o acréscimo de Karen Grotberg nos teclados e vocais, e ela conseguiu alterar consideravelmente o som dos caras, que ficaria mais compacto.
Aos poucos eles iam conquistando novos fãs não só em sua região mas em todo os EUA.
Ao voltar de uma longa turnê em 1994, eles vão direto aos estúdios, onde produziriam aquele que muitos consideram seu melhor trabalho.
‘Tomorrow the Green Grass’, lançado em fevereiro de 1995 apresentava belas canções em estilo pop-rock. Os Jayhawks estavam mudando.
Com todas as músicas compostas por Louris/Olson, surgiam como destaque as deliciosas ‘Miss Williams’ Guitar’, ‘I’d Run Away’ e ‘Blue’.
Além das brilhantes harmonias vocais da dupla, chamava a atenção o trabalho de arranjo das canções feito por Gary Louris. 

Após o grande sucesso do álbum, a banda parou pra pensar. Seu estilo havia mudado. Do country quase puro, que era o objetivo inicial de Mark Olson, ela tinha enveredado pelos caminhos do country-rock e agora chegava ao pop-rock.
Gary Louris desejava explorar as novas possibilidades musicais propostas, sem as limitações de serem rotulados como uma banda country-rock.
O desfecho foi inevitável.
Mark Olson, decepcionado com o rumo diferente que a banda tomava resolveu partir para outros desafios.
Ao lado de sua esposa Victoria Williams e de Mike Russell ele formaria o ‘Creek Dippers’ e passaria a tocar apenas seu estilo de música preferido, o country puro.

O ano de 1996 trouxe mais acréscimos aos Jayhawks. O baterista Tim O’Reagan,  o guitarrista Kraig Johnson e o violinista Jessy Greene  se unem a Louris, Perlman e Grotberg para um novo projeto de estúdio.


O álbum que emergiria em abril de 1997 se chamaria ‘Sound of Lies’.
Apesar de uma sonoridade mais envolvente, com cordas e violões, o álbum era praticamente um trabalho pessoal e muito emocional de Gary.
Com a fraca receptividade, Louris resolve desenvolver um trabalho paralelo ao Jayhawks na banda ‘Golden Smog’, com um som voltado para o rock mais pesado, que contaria também com as participações de Perlman e Craig Johnson em vários discos lançados nos anos seguintes.  

No final da década de 90, a banda reúne-se novamente com o intuito de mostrar que eles ainda tinham muita lenha pra queimar.
Eles passam quase o ano inteiro de 1999 em seu estúdio de Minneapolis sendo produzidos por Bob Ezrin.     
 O resultado foi ‘Smile’ lançado em maio de 2000. Desta vez, Louris dividiu os holofotes e as composições com Perlman e O’Reagan e a banda se beneficiou dessa decisão.
Com um estilo pop-rock consistente, talvez as melhores canções do Jayhawks estejam presentes neste álbum. A linda ‘A Break in the Clouds’ é Louris em sua melhor forma como vocalista, contando com o apoio de Karen Grotberg em harmonias interessantíssimas.
‘I’m Gonna Make You Love Me’ é nada menos do que uma das mais bonitas canções românticas já compostas, com um ritmo contagiante. A faixa-título ‘Smile’, prima por uma grande energia positiva transmitida pela voz de Gary Louris, e belos efeitos vocais produzidos por Ezrin.
Antes da turnê que a banda faria para promover ‘Smile’ a tecladista Karen Grotberg, que havia engravidado, deixa o grupo, sendo substituída por Jen Gunderman.
Durante a temporada 2000 e 2001 eles se mudaram para a Europa, promovendo o ‘Smile’, onde fizeram shows antológicos em clubes com lotações esgotadas. Na volta a banda perde Kraig Johnson e a tecladista Jen Gunderman.

Reduzidos a um trio, Louris, Perlman e O’Reagan se apresentam nos EUA em 2002, em vários shows acústicos, enquanto preparam um novo álbum.


Produzido por Ethan Johns, ‘Rainy Day Music’ é lançado em abril de 2003.
Era difícil manter o nível alcançado por ‘Smile’, mas o Jayhawks não se intimidou.
Canções como ‘You Look So Young’, ‘Tailspin’, ‘Save It for a Rainy Day’ e ‘All the Right Reasons’ não fazem feio diante de toda a obra da banda.
Novas turnês cansativas para promover o álbum aconteceram em 2003. Quando terminaram a excursão, exaustos, os caras resolveram descansar e cuidar de outros projetos.

Não se ouvia falar num possível novo álbum, nem tampouco em turnês da banda.
Em 2005 Gary Louris fez uma pequena turnê acompanhado de seu antigo parceiro Mark Olson, em que cantaram canções solo novas e antigas de sua parceria.

Olson continuou sua carreira com o ‘Creek Dippers’ lançando vários álbuns.
Louris lançou vários trabalhos com a ‘Golden Smog’, tendo como ponto alto o disco ‘Another Fine Day’ de 2006.
Em 2008 ele lança seu primeiro disco solo ‘Vagabonds’. Um belo trabalho voltado para a soul-music, infelizmente inédito por aqui.


Em 2009, além de ser lançada uma coletânea do Jayhawks com dois CDs e DVD bônus, chamada ‘Music From the North Country’,  os dois amigos Louris e Olson, voltariam a gravar juntos. O resultado foi ‘Ready For the Flood’, lembrando os bons tempos da parceria que ajudou os Jayhawks a se tornar uma das poucas bandas country-rock que tinham algo a dizer.

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