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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Too Much Heaven! Jesus Christ Superstar!



Era uma vez o ano de 1972, e eu fazia um cursinho de inglês no 'Centro Cultural Brasil-Estados Unidos', totalmente contra a minha vontade!
Naquele tempo 'piá' não tinha muito escolha, então aproveitei para apreciar as meninas da classe, e me inteirar, ainda que engatinhando, das novidades musicais do planeta.
Vindo de uma família católica, que comparecia obrigatoriamente à missa das 10 na Catedral Diocesana aos domingos, eu estranhei quando ouvi falar através de minha irmã Cristina, sobre uma ópera-rock contando a vida de Jesus Cristo!


                                                                                 Ian Gillan    


Lembro que algum tempo depois, a Titina conseguiu comprar o vinil duplo de 'Jesus Christ Superstar', a tal ópera, composta pelo então quase desconhecido Andrew Lloyd Webber e pelo letrista Tim Rice.
Penso que foi a partir desta descoberta, que passei a me interessar mais por música - e pelo inglês - o que me proporcionou uma nova perspectiva de tudo.
Comecei a ouvir o vinil, juntamente com minhas irmãs - a Malu também curtiu - e fui me interessando pelas letras, e por tudo de novo que aquilo me transmitia.
A abordagem da obra é toda dos últimos três dias da vida de Jesus, e foi feita de uma maneira completamente diferente, parecia que Judas era o centro da questão, o que claro, na época causou protestos e até tumultos onde a peça - sim ela virou peça de teatro, e mais tarde filme - era apresentada.




Falando apenas do disco, até hoje escuto com atenção, e penso que é difícil achar algo tão cativante e moderno ao mesmo tempo, tentando transmitir algo aos jovens que não a velha ladainha católica.


Podemos comentar sobre os 'papéis' no álbum: Jesus era representado por ninguém menos que Ian Gillan, o vocalista do na época, super-cultuado 'Deep Purple'. Gillan estava em plena forma, e sua voz transmite, com vocais épicos, uma forte emoção em episódios como 'Gethsemane ( I only want to say)'.
Maria Madalena, uma peça-chave da ópera era o papel de Yvonne Elliman, uma cantora havaiana super-talentosa, que depois faria parte da banda de Eric Clapton. Interlúdios de Madalena ficaram famosos como por exemplo 'I Don't Know How to Love Him', responsável por alçar Elliman, ela própria, a uma 'superstar' na carreira-solo.




Quem rouba a cena, porém, é Murray Head, o intérprete de Judas. Vem daí portanto todo o ressentimento católico. O cantor-ator Murray Head - para mim um ilustre desconhecido - deita e rola em episódios grandiosos da ópera. Começando com 'Heaven on Their Minds', - a até hoje atual crítica aos fanáticos religiosos -, passando por 'Strange Thing Mystifiyng', - batendo nos hábitos caros dos cristãos, - até 'Damned for All Time', a própria morte do personagem Judas, o ritmo é alucinante. Rock de primeira, e com enredo!


                                                                           Barry Dennen


Pilatos também brilha na voz de Barry Dennen, em evocações que nos tiram o fôlego. A visão de Pilatos em sonho, de seu futuro encontro com um galileu (Jesus) é tocante. O final da obra, retrata o encontro dos dois, em que Pilatos se vê mais uma vítima das circunstâncias do que um carrasco. Inesquecível!


Algum tempo depois a versão filmada da ópera-rock foi apresentada, dirigida pelo famoso Norman Jewison, sendo porém uma pálida imagem do trabalho original, apesar da presença de Yvonne Elliman.


Feliz Páscoa a todos, 'with not too much heaven on your minds'!
I bid you peace, bye bye!





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