A carreira dos Beatles, sempre contou com algumas coincidências que se não houvessem, talvez a banda não fosse longe.
Martin, na sua juventude, estudou oboé na sala de música, que ficava no porão da residência da família Asher, em Wimpole Street, Londres. Sua professora foi Margaret Asher, mãe da linda Jane, futura namorada de Paul McCartney. Coincidência!
Quando se tornou produtor musical do selo Parlophone, no início dos anos 50, George produziu discos de uns caras muito engraçados, que tinham um famoso programa de rádio chamado 'The Goon Show'. A dupla que se destacava mais incluía Peter Sellers e Spike Milligan. Outra coincidência! John e Paul adoravam os Goons.
Quando em setembro de 1962, o empresário Brian Epstein trouxe seus garotos de Liverpool até Londres para uma sessão de gravações na Parlophone, ninguém sabia o que esperar. O clima era frio no estúdio, até - segundo a lenda - Martin orientar os Beatles a se manifestarem se não gostassem de algo. George Harrison pediu a palavra e disse que não gostava da gravata de seu produtor!!
Além de achar os meninos espirituosos, Martin viu algo à mais neles. Alguma coisa que outros produtores e descobridores de talento haviam deixado passar.
Ele logo se perguntou quem deveria ser o líder musical da banda: seria Paul e os Beatles ou John e os Beatles?
Logo ele descobriu que não haveria líder, eles eram os Beatles, uma banda, um conjunto, uma unidade, o famoso 'Monstro-de-quatro-cabeças'.
A partir desse momento e da gravação da canção 'Please Please Me', em que Martin espertamente acelerou o ritmo da música, ele teve certeza: tinha um sucesso nas mãos!
George Martin nunca foi unanimidade. Nem entre os Beatles. Num encontro após a separação da banda, John lhe disse que se pudesse, mudaria os arranjos de todas as canções de sua autoria.
George Martin nunca foi unanimidade. Nem entre os Beatles. Num encontro após a separação da banda, John lhe disse que se pudesse, mudaria os arranjos de todas as canções de sua autoria.
Para a maioria, ele foi o 5º Beatle, o cara que transformava em música o que os seus rapazes imaginavam. Se Paul pensasse num solo de pícolo para 'Penny Lane', ele cantarolava para George que o colocaria em cifras. Nenhum dos Beatles sabia ler música.
'A Day in the Life' é outro exemplo clássico da competência do maestro Martin, com seu arranjo primoroso.
Seu maior mérito, sem dúvida, foi ousar! Ele experimentou com os Beatles o que o estúdio podia proporcionar em sua plenitude. Da bolhinha de sabão em 'Lovely Rita' até 'loops' - fitas gravadas com ruídos e depois reunidas de maneira aleatória - em 'Tomorrow Never Knows'.
Mesmo assim, McCartney não gostou quando um jornal comentou que 'Sgt. Pepper's' "era o melhor álbum de George Martin"....
'Yellow Submarine' nos mostrou de maneira inesquecível, o talento de Martin como compositor e maestro. Porém quando quiseram 'voltar as raízes', os Beatles descartaram os "truques de estúdio" de Martin, no projeto 'Get Back', em favor da 'parede sonora' terrível de Phil Spector. Apenas para voltar correndo para o velho produtor em 'Abbey Road'.
Durante os anos 60, George deixou a EMI, proprietária do selo Parlophone e passou a trabalhar de maneira 'free-lance' para poder continuar produzindo os Beatles. Em 1979 ele construiu no Caribe, em Montserrat, os estúdios AIR, uma associação de produtores independentes. Muitos álbuns de qualidade foram gravados ali, antes que um furacão o destruísse em 1989.
Enfim, ontem estava pensando nesse cara, o George, enquanto ouvia a edição limitada com 6 CDs de 'Produced by George Martin - 50 years in Recording'!
Não, ele não foi 'apenas' o produtor dos Beatles. Por suas mãos também passaram a banda 'America' nos anos 70, o virtuoso guitarrista Jeff Beck, com o antológico álbum 'Blow by Blow', e a cantora Cilla Black, nos anos 60. Até nos filmes de James Bond ele deixaria sua marca, produzindo 'Goldfinger', com Shirley Bassey e 'Live and Let Die' com McCartney. Aliás, o velho amigo Macca, nos anos 80 pediria a sua colaboração em projetos como 'Tug of War' e 'Pipes of Piece'.
Em 1998, já acometido de um processo de surdez, ele resolveu se aposentar. Antes, chamou alguns amigos e lançou o álbum 'In My Life'. Uma bela despedida, sem dúvida, com as participações de Robin Williams, Goldie Hawn, Jim Carrey, Phil Collins e até de Sean Connery. Todos cantando e declamando músicas dos Beatles. Uma participação especial foi o das 'Meninas Cantoras de Petrópolis' em 'Ticket to Ride', a mais emocionante do disco.
George também publicou dois livros. 'All You Need is Ears' de 1979, em que ele nos conta toda sua carreira, mas que infelizmente não foi publicado aqui no Brasil e 'Paz, Amor e Sgt Pepper', lançado aqui em 1995. Neste último, ele descreve as gravações deste que foi um dos álbuns mais revolucionários de todos os tempos, e o comportamento em geral dos Beatles, e a sua participação no estúdio. Imperdível!
George Martin está casado com Judy, sua secretária na época da Parlophone nos anos 60 e tem quatro filhos, Bundy, Greg, Giles ( que seguiu os passos do pai na produção) e Lucy ( alguma ligação com 'céus de diamante'?).
Em 2006 ele não resistiu e voltou a ativa, ajudando seu filho Giles na produção do disco 'Love', com músicas dos Beatles remixadas e remasterizadas para o Cirque du Soleil. Resultado? Sucesso absoluto!!!
Em 2006 ele não resistiu e voltou a ativa, ajudando seu filho Giles na produção do disco 'Love', com músicas dos Beatles remixadas e remasterizadas para o Cirque du Soleil. Resultado? Sucesso absoluto!!!
George Martin, 85 anos, é sempre um prazer ouví-lo!!
2 comentários:
Hehehe, grande homenagem ao grande Maestro!
Não é preciso muito para se ter uma ideia do trabalho daquele que, definitivamente, ajudou os Beatles a evoluírem para criações e sons mais elaborados que queriam alcançar. Basta ouvir a maravilhosa 'A Day in the Life' e o álbum 'Love'.
Genialidade, criatividade, ousadia e ao mesmo tempo, simplicidade são algumas das características dele, a quem admiro profundamente.
Hail, George Martin!!!
VocÊ tem bom gosto, Debbie!!
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