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domingo, 19 de junho de 2011

You Really Got Me - The Kinks


Quando os Beatles conquistaram os EUA - e o mundo - em 1964, a Inglaterra tornou-se o maior exportador mundial de grupos de rock.
Poucos sobreviveram, porém. The Rolling Stones e The Who, foram algumas exceções, e.... um grupo dos irmãos Ray e Dave Davies conhecidos como The Kinks.

 
Em 64 uma cover de Little Richard chamada 'Long Tall Sally', levou  a banda as paradas pela primeira vez. Em seguida mais singles dos carinhas inundariam as rádios britânicas: 'You Really Got Me', seu primeiro grande sucesso, 'All Day and All of the Night', 'Set Me Free' e 'See My Friends' são alguns exemplos.

Em 1966 eles lançam 'Face to Face', deixando claro que eles tinham vindo pra ficar. Ray Davies, o vocalista principal e guitarrista da banda entra numa fase espetacular nas composições que duraria o restante da década de 60.

Os Kinks eram londrinos por excelência, e talvez os maiores representantes do movimento 'mod' que fazia história naqueles tempos.
Quando 'Sgt. Pepper's' dos Beatles balançou com as estruturas musicais da época, Ray já estava com um novo projeto em mente, sem se importar com os chamados 'álbuns conceituais'.


Em retrospectiva, foi uma pena a banda ter lançado 'Something Else By The Kinks' em 1967. Para mim, um dos melhores álbuns de todos os tempos, ele foi praticamente ignorado na época por causa da concorrência desproporcional com os Beatles.
Acontece que se você ouvir 'Something Else..' hoje, ele não soará datado. Ponto para os Kinks!
Ao mesmo tempo, não consigo lembrar de uma canção tão significativa da 'Swinging London' como 'Waterloo Sunset'.
Para muitos ela foi a melhor canção já escrita em lingua inglesa, e com certeza um belo contra-ponto a 'Penny Lane' ou quem sabe 'Strawberry Fields Forever'. Afinal, eles eram londrinos!

'No Return' traz a bossa nova para o rock. Alguém fez isto antes???
O genial Ray Davies, deixa seu irmão Dave ocupar o spot em 'Death of a Clown', e o mano não decepciona.
 Não há como achar um trabalho menor neste álbum. 'David Watts', que abre o disco tem o refrão mais contagiante que já ouvi, e 'Two Sisters', brinca com o relacionamento entre os dois irmãos na banda. 'End of the Season' é linda, apesar do aparente pessimismo.
Tenho que fazer justiça também aos outros dois integrantes da banda. Mick Avory na bateria e Pete Quaife no baixo não ficam devendo nada as melhores cozinhas do planeta.
Esta é a formação original e que ficaria unida até o final da década, a partir dos anos 70 o Kinks aumentou de tamanho, com acréscimo de metais e vocais femininos, mas para mim aí já não seriam mais os Kinks!


Em 1968 eles reaparecem com outro petardo: 'Kinks Are the Village Green Preservation Society'. Ecológicos já naquela época???  Pois é, a mente super-criativa de Ray Davies, não sossegava. De forma sempre irônica, Davies conseguia uma crítica social impressionante sobre os valores éticos e morais da terra da Rainha.
'Picture Book', 'Johnny Thunder', 'Animal Farm' e 'Monica' se destacam, mas aconselho a ouvir o disco de cabo a rabo. É conceitual? Não na forma, talvez no conteúdo.


Em 1969, os cabelos foram crescendo e a amizade e companheirismo do grupo diminuindo, mesmo assim 'Arthur or the Decline and Fall of the British Empire' é contundente. Ray Davies não fazia concessões.
Não é qualquer banda que se dá ao luxo de ter tantos hits, tratados como músicas normais de um álbum. A abre-alas 'Victoria' é sem dúvida uma das mais interessantes crias de Ray, e a brincadeira - e crítica - continua com 'Yes Sir, No Sir', 'Brainwashed' - antecipando George Harrison em 30 anos?? -, 'Mr. Churchill Says' e 'Nothing to Say'.


A trajetória meteórica dos Kinks, lembra a dos Beatles, apesar daqueles serem mais escrachados.
 Dos singles de sucesso, eles foram amadurecendo até se tornarem críticos sociais e comportamentais.
Que saudade desse tempo!
Como McCartney disse uma vez, quem sabe os anos 60 não se tornem um período do nosso futuro, e não do passado!


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