Algumas cantoras você já conhece de longe pela sua voz. É o caso de Madeleine, que muitas vezes foi comparada a Billie Holliday.
Confesso que sempre fiquei na dúvida sobre Miss Peyroux. Gostei de alguns de seus álbuns, mas não tanto assim. Penso que essa americana de 36 anos poderia ter seus discos melhor produzidos. Acho que sempre faltou algo pra ela! Digo, faltava!
'Half the Perfect World' de 2006, seu melhor trabalho até hoje, é facilmente superado por 'Standing on the Rooftop'. A começar pela escolha do repertório, também pelas suas composições mais bem elaboradas, e pelos músicos pinçados a dedo.
Pra começar os trabalhos, que tal uma beatle-song? Mas não poderia ser nenhuma tão óbvia assim. Ela escolhe então 'Martha My Dear' de Paul McCartney. Com um arranjo delicado, sem piano, que era o elemento chave desta canção, mas com uma viola muito bem tocada. Sir Macca colocou o nome desta música homenageando sua cadela da raça Old English Sheepdog chamada Martha em 1968, ( apesar da canção se referir a uma mulher ), e é sintomático que Madeleine apareça com um vira-lata na capa. Bom, se o cachorro for de alguma linhagem mais exótica, me desculpem!!
O clima do álbum é sempre calmo e intimista, mas existem exceções. A animada 'The Kind You Can't Afford', uma improvável parceria de Peyroux com o ex-baixista dos Rolling Stones, Bill Wyman é um ponto alto do disco, e eles repetiriam a jogada em 'Leaving Home Again'.
Bill Wyman depois que deixou os Stones partiu para um trabalho mais calcado no blues e rythm and blues, que casou legal com o vocal rascante de Madeleine.
A faixa-título, composta por Peyroux com David Batteau, soa inovadora, aliada a um ritmo hipnótico. Suas outras composições mantém em alta o nível do trabalho, com destaque para 'Fickle Dove' e 'Meet Me in Rio'.
A garota também dá um banho de competência vocal em 'Threw It All Away' de Bob Dylan, e prestem atenção na outra cover que vai beber direto da fonte mais sagrada do blues: 'Love in Vain' de Robert Johnson, com um arranjo bem peculiar.
A garota também dá um banho de competência vocal em 'Threw It All Away' de Bob Dylan, e prestem atenção na outra cover que vai beber direto da fonte mais sagrada do blues: 'Love in Vain' de Robert Johnson, com um arranjo bem peculiar.
A lenda de New Orleans, Mr. Allen Toussaint, é responsável pelo piano do álbum o que por si só já garante o resultado. Gostei muito das guitarras, responsabilidade de Christopher Bruce.
Como está rolando essa chuvinha, acho que à noite vou abrir um Pinot Noir, colocar um incenso pra queimar, e, bem, o resto vou deixar por conta da Madeleine!
2 comentários:
Comprei hoje este álbum e a primeira impressão que tive é de que, entre todos da discografia de Peyroux, este é assim por dizer bem sui generis — não lembra nada do que ela já fez anteriormente. Não criei tantas expectativas porque um álbum com o êxito de qualidade do "Careless Love" dificilmente será repetido — tomara que isso não aconteça. Mas como um álbum de jazz de uma cantora como Peyroux, "Standing on the Rooftop" não decepciona. Tem um repertório caprichado, músicos inspirados, arranjos delicados (vide “Martha my dear”) e momentos surpreendentes, como em “Ophelia”, “Meet me in Rio” e “The things I’ve seen today”.
Que bom receber comentários de um fã da Madeleine. Como falei no início do meu post, não era assim tão ligado nela. Então Ronaldo, é um prazer tê-lo aqui comentando os trabalhos dessa cantora, para usar tuas palavras, sui generis. Agora à noite estava ouvindo em casa o disco dela, e aí pude perceber, talvez, algumas nuances que no pc lá do meu trabalho tenha me passado direto. A 'mistura' de jazz e blues, soa bem nítida, ao menos para mim, e o trabalho como um todo ganhou um ar mais, digamos... charmoso!
Valeu, Ronaldo.
Postar um comentário