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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Alto & Bom Som em 'Dimensão Cosmopolita'!




O jornalista Guto Villanova fez uma bela matéria sobre meu livro 'Alto & Bom Som - Ruídos, Chiados e Pinceladas Musicais' na publicação 'Dimensão Cosmopolita', edição de nº 03!
Além das livrarias que o Guto citou, o 'Alto & Bom Som' também se encontra em POA na 'Bamboletras' (Lima e Silva) e Livraria Cultura (Bourbon Country)!
Em Santa Maria ele está disponível na Athena Livraria (Alberto Pasqualine) e Cesma (Professor Braga).


Quero lembrar que o livro 'Alto & Bom Som' foi publicado pela editora 'Barco a Vapor', cujos titulares são Carolina Carvalho, Paulo Chagas & Márcio Grings.


Dá-lhe 'Alto & Bom Som'!!!!

domingo, 27 de maio de 2012

O Fascínio das Capas!





Será que existe alguém que gosta de música e que não curta as capas dos discos? Bem, estou falando principalmente das capas dos LPs. Com a chegada do CD, elas perderam muito de seu charme. É muito fácil hoje você ter que recorrer a uma lupa para poder pelo menos conseguir ler o track-list dos CDs, o que é uma pena. Então surgiram as chamadas 'edições de luxo', que trazem os CDs embalados quase como um LP. Mas a discussão que vou trazer mais adiante, em outra postagem é 'LP ou CD - Qual o melhor e porque'? Por enquanto quero comentar apenas sobre as capas, e claro, quero me referir principalmente ao tamanho padrão de LP.
Mesmo as capas dos discos podem ser divididas por categoria. Existem as capas voltadas totalmente para o lado comercial, como por exemplo as capas dos discos de Roberto Carlos. Não tenho nenhum preconceito contra o 'rei', mas todas parecem iguais, e trazem somente seu nome. O disco nem tem título. Você vai me dizer que RC não precisa de título, ele já é suficientemente conhecido! Então se ele é tão conhecido assim, porque não ousar mais nas capas?




Quero comentar aqui sobre as capinhas como forma de arte. Desde os anos de ouro do jazz, as capas foram ganhando importância dentro da indústria musical. Talvez elas não fossem tão criativas quanto as que mais tarde foram criadas com a chegada do rock'n'roll, mas também marcaram época. Seu foco era principalmente na iluminação, geralmente com 'close' dos artistas. Destaco principalmente as capas do selo 'Blue Note', em que sempre em tons de azul escuro, o músico despontava de maneira impressionante.


Nos anos 60, com os Beatles invadindo o mercado, as capas ganharam o status definitivamente de obra de arte! Podemos citar aqui algumas capas da banda que inovaram e foram copiadas e imitadas exaustivamente ao longo dos anos. A primeira foi a capa do álbum 'With The Beatles' de 1963. A foto preta e branca da capa mostra os rapazes vestidos de preto, com cara séria, e uma iluminação lateral. O responsável pelo click foi o fotógrafo australiano Robert Freeman, amigo dos rapazes, e que seguiu suas instruções. Os Beatles queriam um estilo de foto parecido com as que foram batidas por Astrid Kirchherr, em Hamburgo, na Alemanha no início dos anos 60. Freeman teve pouco tempo para colocar os caras posicionados em um corredor de hotel, com a luz vindo da janela de um quarto com a porta aberta. Simples e sofisticado!




'Rubber Soul', foi também um marco. Novamente Freeman clicou os Beatles no jardim da casa de John em Kenwood. Ao mostar os slides para os rapazes, um negativo voou, e se posicionou sobre outro, gerando um efeito distorcido de imagem! Imediatamente os meninos perguntaram se podiam ter algo assim. Freeman assentiu e trabalhou numa foto que mostra os Beatles com um efeito alongado de imagem, o que seria considerado um dos primeiros trabalhos no estilo psicodélico. Além é claro, do formato da palavra 'Rubber Soul' na capa.
As inovações não paravam de surgir. Com 'Revolver', os Beatles - sempre no controle da situação - resolveram mudar tudo. Chega de só fotos na capa. Eles contataram o artista gráfico e músico alemão, Klaus Voorman, também seu amigo dos tempos de Hamburgo, e solicitaram a Klaus uma colagem de fotos suas, misturadas a um desenho dos 4 rapazes pelo próprio Voorman. Inovadora e inesquecível!
A mais conhecida? Disputa dura entre 'Sgt. Pepper's' e 'Abbey Road'! A primeira foi um trabalho meticuloso de Paul McCartney junto ao artista inglês Peter Blake. Os carinhas escolheram ídolos deles e posaram junto a eles em uniformes militares da banda do sargento Pimenta. Foram clicados por Michael Cooper. No segundo eles pediram ao fotógrafo Ian MacMillan que os clicasse atravessando a rua em frente ao estúdio de Abbey Road. Histórico!
Poderia também citar o 'White Album', com sua imagem totalmente branca, bolada por Paul e Richard Hamilton. Depois das imagens saturadas de 'Pepper', nada como a simplicidade!




Para quem curte mesmo as capas que fizeram história ao longo dos tempos, tenho algumas sugestões. A primeira é o livro '1000 Record Covers' (Taschen/1996) de Michael Ochs. Ochs é um colecionador de LPs, talvez um dos maiores do mundo, e disponibiliza 1000 capas de sua coleção particular. Você vê pelas fotos, que elas foram tiradas de LPs mesmo.
A segunda dica é o livro '100 Best Album Covers - The Stories Behind The Sleeves' (DK Book/1999) de Storm Thorgerson & Aubrey Powell, dupla mais conhecida pelo nome de 'Hipgnosis', responsável por milhares de capinhas da indústria da música, notadamente da banda Pink Floyd. Como o próprio nome do livro informa, este trabalho mostra 100 capas - as melhores segundo a dupla - com todos os detalhes sobre elas. Trabalho de peso.




A terceira sugestão é o livro 'The Greatest Album Covers of All Time' (Collins & Brown/2005). O título parece um pouco pretensioso, mas o livro vale a pena principalmente pela presença de Barry Miles - autor da biografia dos anos 60 de McCartney - além de Grant Scott & Johnny Morgan. A impressão que dá é que cada um deles selecionou suas capas favoritas e escreveram sobre elas. Belo trabalho!
Sobre o jazz, a sugestão é 'Jazz Covers' (Taschen/2008) de Joaquim Paulo. Com várias entrevistas de pessoas ligadas ao jazz, e fotos históricas, este livro aborda sua trajetória desde os anos 40 de A a Z! Interessantíssimo!
A última dica é o recente livro 'The Art of the LP - Classic Album Covers 1955-1995' (Sterling/2010) de Johnny Morgan (novamente) e Ben Wardle. Este livro tem uma apresentação fantástica, com uma capa protetora de plástico vermelho. Seu conteúdo porém, é mais interessante ainda, com as capas sendo divididas em várias categorias como 'Rock & Roll', 'Sex', 'Art', 'Identity', 'Drugs', 'Ego', 'Real World', 'Escape', 'Politics' e 'Death'. Sensacional!




Era isso amigos, depois deste papo só me resta colocar um vinil na vitrolinha - estou pensando em Ry Cooder e o disco 'Get Rhythm' -, e folhear as páginas deste livros que com suas capas, marcaram muitos momentos de nossas vidas!
  


quinta-feira, 24 de maio de 2012

O Piano de Nicky!





O piano não deve ser um instrumento fácil de se tocar. Agora você imagina tocar piano numa banda de rock! Bem complicado.
Alguns músicos porém, parecem ter um talento tão especial, que suas contribuições ao piano se destacam mesmo em rocks pesados e distorcidos.
Nesta situação estavam gente como Billy Preston, Ian Stewart, Gary Wright, Chris Stainton, Gary Brooker, Chuck Leavell e para mim o maior deles: Nicky Hopkins.


Este inglês, magro e introvertido, tocou com muita gente boa, sendo o seu trabalho com os Stones o mais reconhecido. Além dos Stones, Nicky participou de sessões do Led Zeppelin, do Kinks, de Jeff Beck ( 'Truth', 'Beck-Ola'), do Who ('Who's Next'), e tocou em 'Revolution' dos Beatles na versão single, além de muitos outros.
Com os Rolling Stones, seu trabalho foi desde o 'Between the Buttons', em 67, até 'Emotional Rescue' em 1980. Além de várias turnês com a banda, algumas de suas melhores gravações incluem 'She's a Rainbow', 'Sympathy for the Devil', 'Time Waits for No One' e 'Waiting on a Friend'.




Em carreira-solo, Nicky pagaria o preço, como muitos outros músicos, de não ser um grande cantor. Apesar disto, no seu álbum 'The Tin Man Was a Dreamer' de 1973, temos oportunidade de ouvir sua voz em algumas belas baladas e rocks agitados. Deste seu trabalho solo, participaram ninguém menos que os guitarristas George O'Hara (Harrison), Mick Taylor, ex-Stones e Chris Spedding. Também se fizeram presente o baixista Klaus Voorman e o saxofonista Bobby Keys. Sem dúvida um time da pesada. Destaca-se neste trabalho a cativante instrumental 'Edward', seu apelido desde 1968, época do álbum 'Jamming With Edward', em que Mick Jagger, Bill Wyman, Ry Cooder e Charlie Watts fizeram uma 'jam' improvisada com Nicky. 


Em uma conversa com John Lennon no início dos anos 70, Hopkins se queixou de ter sido pouco lembrado para tocar com os Beatles. Lennon lhe disse que eles achavam que Nicky estava muito envolvido com os Stones, por isso não o convidavam. Nicky ficou muito chateado. Ele teria optado pelos Beatles.


Se com os Beatles reunidos, as oportunidades foram poucas, com eles separados, Nicky Hopkins não tem do que se queixar. Ele carrega o título de ter sido o único músico do planeta a tocar em pelo menos um álbum de todos os ex-Beatles.
Sua maior ligação a princípio foi com John, com quem tocou no álbum 'Imagine', em canções como 'Jealous Guy' e 'Oh My Love'. Ele tocaria também no single 'Happy Xmas' e no álbum 'Walls and Bridges' de 74.
Com Ringo Starr ele participou de seu melhor disco: 'Ringo' de 73 e de 'Goodnight Vienna' (1974). Já com George Harrison ele tocaria em 'Living in the Material World'.
Sua ligação mais complicada seria com Paul McCartney, e ele só foi participar de um álbum de Macca em 1989, na canção 'That Day is Done', do disco 'Flowers in the Dirt', com seu piano inconfundível.




Apesar desta grande honra, Nicky Hopkins, em seus últimos anos reclamava de não ter recebido royalties das gravações em que participou como 'session-man' ao longo de sua vida. Para compensar as perdas financeiras, no início dos anos 90 ele passou a trabalhar em trilhas-sonora de filmes no Japão.


Nicky morreu em 1994 aos 50 anos de idade. Uma perda prematura de um imortal do rock! 





quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Guitarra entende Buddy Guy!





Quando o tecladista Marty Sammon anunciou o nome de George 'Buddy' Guy à plateia presente no teatro do Bourbon Country, a comoção foi tremenda. E porque isto?
Bem, o público presente foi diferenciado. Não falo em termos de preço de ingressos, mas de cultura musical.
É sabido que o blues não é, de longe, o estilo musical mais apreciado por aqui. Tampouco o nome Buddy Guy é muito conhecido por quem não é 'do ramo'. Acontece que os aficcionados do estilo - e suas namoradas, mulheres e seus filhos - estavam lá presentes. Eram pessoas que conheciam até as letras das músicas que Guy tocou, o que não é pouca coisa.
Dito isto, os primeiros acordes de 'Nobody Understand Me But My Guitar', soaram como um trovão no teatro. Esse senhor de 75 anos, trajado com boina e calças brancas e uma camisa escura, parecia um guri, mas com uma voz que lembrava o rugido de um leão. Seus riffs soavam etéreos e ameaçadores ao mesmo tempo.




A banda? Não conhecia nenhum deles pelo nome, mas eram gente de respeito do cenário blueseiro. O tecladista Sammon, que já citei, é tipo o líder do grupo. Guy seguidamente o elogiava, e se dirigia para perto dele, como para se sentir mais seguro.
Quem segurou a barra foi também o guitarrista Rick Hall. Convidado a solar várias vezes, enquanto Guy dava um tempo, o cara mostrou que é fera. Manteve um pique digno de acompanhar Mr.Guy. O baixista Orlando Wright e o baterista Tim Austin formaram uma cozinha coesa e pesada, que deram um atendimento de primeira linha aos solos de Buddy.


As clássicas? Não faltaram. 'Hoochie Coochie Man' de Willie Dixon veio logo no início, e foi saudada e acompanhada pela galera. Buddy Guy nunca foi um grande compositor, apesar de sempre pintar alguns de seus trabalhos em seus álbuns, mas ele sabe interpretar clássicos do blues como ninguém. Exemplo disto foi  'I Just Want to Make Love to You', outra música de Dixon, que já foi incensada por Muddy Waters nos anos 50, e mais recentemente pelos Stones. Um tal de 'Zé Bonitinho' pediu 'I Put a Spell on You', Buddy pediu desculpas, mas essa ele não tinha... 
Falando em Waters - o blues-man, não o rock-star -, temos que reconhecer que muito do que vimos lá no Bourbon, tinha o toque mágico do senhor Muddy 'Mississipi' Waters. Ele foi um dos grandes ídolos de Buddy, alguns falam até em 'professor', mas não gosto deste termo. Guy, claro, tem seu próprio toque de gênio nas seis cordas, e também foi ídolo de muito 'peixe-grande' da música, como por exemplo Mr. Jimi Hendrix!




Pintou música nova? Algumas. Seu último disco foi o animado e pesado 'Living Proof' de 2010. Desse petardo musical, me soaram familiares, a própria faixa-título, pesadona e gostosa, e o blues clássico '74 Years Young', - uma brincadeira com a idade de Buddy em 2010 - mas completamente verdadeira. O cara não envelhece!


Momentos emocionantes? Poderia dizer que foram todos, mas especialmente sua versão de 'Fever', imortalizada por Peggy Lee. Não esperava este standard do jazz na voz, e na guitarra do velho Bud.
Mais emocionante talvez, foi o seu depoimento (em inglês, ainda bem), que 'infelizmente o blues não toca mais nas rádios'. E aqui me permito discordar do Mestre! Ele toca Mr. Guy, e sempre vai tocar na voz de garotos brancos, alguns imitadores baratos, outros que se aproveitam de riffs do gênero e o transformam em música de consumo, mas também toca com gente boa. O guitarrista Jimmy Page, por exemplo, nunca negou que aproveitou e chupou tudo que pode de gente boa do blues.




Não é este reconhecimento que Buddy esperava, eu sei, nem esse 'roubo' enche barriga, mas quem sabe a garotada acorda, e vai buscar e comprar o original, certo?


Buddy citou também seu parceiro dos velhos tempos, o gaitista Junior Wells. Que dupla eles formavam! Quem quiser ter uma noção do que aprontaram esses dois 'malucos' juntos, tem de ouvir o álbum duplo 'Buddy Guy & Junior Wells Play the Blues' de 1972. Se você gosta um pouco de blues, nunca mais será o mesmo depois desta experiência. Ouça 'A Man of Many Words', 'This Old Fool' ou 'Bad Bad Whiskey', e depois venha me contar.


Guy comentou também sobre Eric Clapton, e floreou um pouco sobre temas como 'Strange Brew' e 'Sunshine of Your Love' do Cream. Dos Stones pintou 'Miss You' em parceria com 'Rock Me Baby' de B.B. King, também muito elogiado por Bud.
Buddy Guy foi muito amigo da lenda texana do blues, Steve Ray Vaughan. Naquela época, final dos anos 80, Buddy estava esquecido. Foi gente como Clapton e Vaughan que o trouxeram de volta ao palco e as gravações. Pintou desta época  a composição do próprio Buddy, 'Damn Right, I've Got the Blues', título de seu álbum de 1991.




Querem mais? Bem, ele fez mais! Buddy, ao som de 'Down Don't Bother Me', desceu do palco, e se emaranhou pelos corredores do teatro. Lá ele foi seguido, abraçado, fotografado e beijado por uma legião enlouquecida, dos 8 (literalmente) aos 80 anos! Lá em cima de novo, ele tocou guitarra com as costas, tocou com um lenço, tocou com os dentes (te mete, Jimi), distribuiu palhetas, assinou autógrafos em discos e guitarras, e, sim, foi embora e nos deixou com saudade!  


Buddy Guy, só me resta dizer que espero lhe encontrar novamente. Se não for tomando um chá em New Orleans, poderia ser novamente em algum palco do planeta.
Take care, guy!!
  


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Caminhando no Gelo!




No início do inverno de 1974, o cineasta alemão Werner Herzog recebeu a notícia de que sua grande amiga, a crítica de cinema Lotte Eisner, estava hospitalizada, à beira da morte em Paris.
Este grande expoente do cinema expressionista alemão, diretor de filmes como 'O Enigma de Kaspar Hauser' e 'Fitzcarraldo', não teve dúvidas. Resolveu marchar em uma caminhada através do frio do inverno europeu, de Munique até Paris, para encontrar Eisner. Segundo suas palavras, ele deveria ir a pé, na certeza de que com esse seu esforço, ela sobreviveria!
Munido de um casaco, botas novas, uma bússola e uma sacola, Herzog literalmente botou o pé na estrada. Quando chegava a escuridão, ele pernoitava em estalagens deprimentes, ou arrombava casas de campo desabitadas, saqueando as dispensas.
Seus filmes se misturaram com a realidade! É difícil dizer o que é realidade, ou o que foi sonho do autor.
Quatro anos depois, o que anotou dessa viagem maluca e heróica - Lotte se curou -, Herzog resolveu publicar.




Faz algum tempo que li 'Caminhando No Gelo' (Editora Paz e Terra, 1978), e lembro que fiquei impressionado com a determinação de Herzog, e todo o sofrimento de sua jornada, que felizmente, após 21 dias de caminhada, teve um final feliz!


..."Então ela me olhou com um fino sorriso e, como sabia que eu era um homem a pé e, portanto, sem defesa, me compreendeu. Por um instante fino e breve, algo suave atravessou meu corpo exausto. Eu disse: abra a janela, há alguns dias aprendi a voar".


Não são muitos diretores de cinema que tem uma história dessas para contar!


"Gosto mais deste livro do que de todos os meus filmes".





terça-feira, 8 de maio de 2012

Ten Years After - Progressive Blues!





O 'Ten Years After' foi outra banda britânica formada em 1967, e que exerceu sua atividade até meados dos anos 70. Seu 'estouro' ocorreu em Woodstock, com uma versão longa e inesquecível de 'I'm Going Home'. Depois de Woodstock o sucesso sempre pareceu bater à porta da banda, mas como o grupo não tinha muitas aspirações comerciais, acabou ficando pouco conhecido fora do hemisfério norte.


Seus integrantes eram todos músicos de exceção, a começar pelo seu líder, o guitarrista e vocalista Alvin Lee.
Lee, foi sem dúvida, um dos guitarristas mais inovadores de sua época. Sua destreza como instrumentista era tanta, que foi eleito várias vezes por publicações especializadas, o guitarrista 'mais rápido' do planeta! Suas composições provam porém, que não era somente a técnica o forte da banda. Sua voz talvez seja o seu ponto fraco, mas também parece adaptar-se bem aos rocks e blues de seu repertório.
No baixo, a figura de Leo Lyons complementava e duelava o tempo inteiro com a guitarra de Lee. Considero Lyons, um dos melhores baixistas que já ouvi.
Todos eram solistas no "Ten Years After'. 
Chick Churchill dava as cartas nos teclados de maneira fantástica. Seus solos, principalmente em composições mais jazzísticas de Lee, vinham à tona de maneira melódica e elegante. Nada de extrapolações, apenas o necessário.
O irmão de Alvin, Ric Lee, comandava a bateria da banda. Tecnicamente também perfeito, Ric se adaptava facilmente tanto aos ritmos pesados como as densas e enebriantes baladas românticas do grupo.




O primeiro trabalho de peso do grupo, foi o álbum ao vivo 'Undead' de 1968, que os levou a serem convidados para Woodstock. Em 69 surgiram dois outros belos trabalhos, 'Stonedhenge' e 'Ssssh', que ajudaram a solidificar sua fama na Europa.
O melhor momento do Ten Years After, para mim, foi o início dos anos 70. Logo de cara, na década que se iniciava, surgem dois trabalhos inovadores: 'Cricklewood Green' e o clássico 'Watt'!
Do primeiro, um disco mais bluesy, surgem as deliciosamente ritmadas 'Me and My Baby' e 'Sugar the Road', e também a linda balada 'Circles'.




No 'Watt', impossível citar algumas canções. Todas soam clássicas para mim. De 'I'm Coming On', o rockão que abre o disco, passando por 'My Baby Left Me' - um dos melhores trabalhos de Alvin, tanto na guitarra como no vocal -, 'Think About The Times' - em que os teclados de Churchill sobressaem numa improvisação 'jazzy', a bonita instrumental 'The Band With No Name' até o arremate final em 'She Lies in the Morning', em clima de jam-session, tudo soa diferente, como se eles estivessem criando um novo estilo musical. De fato, me parece que eles estavam, e o definiram como 'Progressive Blues'!




Talvez o álbum mais conhecido deles, por estas bandas, tenha sido 'A Space in Time' de 1971. Eles haviam trocado de gravadora, indo para a Columbia, onde seus esforços deveriam ser mais bem recompensados. Duas grandes canções deram a este trabalho o reconhecimento que eles queriam. 'One of These Days', uma bela abertura sem dúvida alguma e aquela pela qual muita gente nunca vai esquecer a banda: 'I'd Love to Change the World', com seu clássico refrão:
"I'd love to change the world
 But I don't know what to do
 So I'll leave it up to you."

Este esforço rendeu ao grupo sucesso mundial, mas ao mesmo tempo, senti uma certa acomodação nele e em trabalhos posteriores. A fórmula da inovação, da jam-session, os elementos jazzísticos, os longos solos, passaram a ser deixados de lado. O forte da banda que sempre foi a improvisação, agora seria apenas mais um elemento, e não o principal objetivo.


Ainda viriam dois bons trabalhos nos anos seguintes. O LP de estúdio que se chamaria 'Rock and Roll Music to the World' e o duplo ao vivo 'Recorded Live'.




Após 1973, não senti muita firmeza no Ten Years After. Recentemente vi que eles estão em turnê, mas sem Alvin Lee.
Lee, continuou em carreira-solo a partir do final dos anos 70. Seus álbuns são esporádicos, e podemos sentir que mesmo longe de seus melhores momentos, seus solos de guitarra ainda atraem atenção e reconhecimento!
Ten Years After, uma banda para quem conhece!  



quarta-feira, 2 de maio de 2012

Who's Next







A banda inglesa 'The Who', foi sempre considerada um dos pesos pesados do rock britânico da década de 60 e 70.
Junto dos Rolling Stones, do Cream, do Led Zeppelin, do Kinks, e, claro, dos Beatles, foi uma das poucas bandas que chegou ao estágio de super-grupo.
 Liderados pelo carismático guitarrista Pete Townshend, a banda também contava com o talentoso vocalista Roger Daltrey, o baixo esperto e competente de John Entwistle, e a máquina de bater nos tambores, o maluco Keith Moon.
O início do 'The Who' foi arrasador em 65 com o álbum 'My Generation', e a canção-titulo viraria um lema de rebeldia de quem não queria envelhecer. Em 67 outro trabalho instigante chegou com 'The Who Sell Out'.


Em 1971, portanto, a banda já estava escaldada de tanto sucesso, além de estar careca de tanto tocar o álbum da ópera-rock 'Tommy', composto por Townshend em 69, e que seria levado as telas em 1975.
Na verdade os caras não aguentavam mais o 'Tommy', e sentiam que tinham ainda muita coisa nova pra mostrar ao mundo. Surge assim, 'Who's Next'.




O álbum contém alguns clássicos instantâneos. 'Baba O'Riley', é uma homenagem de Pete ao seu guru, que estava lhe apoiando em um momento pessoal crítico.
A inspirada 'Bargain', é um dos rocks mais poderosos já composto pela banda, e até hoje soa atual. A composição de Entwistle chamada 'My Wife', tornou-se obrigatória nos shows ao vivo do grupo.
Outra música imortal é 'Behind Blue Eyes', uma linda balada, com vocal inspiradíssimo de Daltrey.
Pra encerrar o disco de maneira gloriosa, surge o petardo sonoro 'Won't Get Fooled Again', em que Moon chega ao ponto de destruir sua bateria.


'Who's Next' talvez tenha sido o último pico da banda. Apesar de outra ópera-rock chamada 'Quadrophenia', ter feito algum sucesso em 1973.
Com a morte de Keith Moon em 1978, a banda deveria ter encerrado as atividades. Eles ainda insistiram durante algum tempo, com o baterista substituto Kenney Jones, mas já não era a mesma coisa.
Em 2002 durante ensaios para novas turnês, John Entwistle também veio a falecer.




Como gosto dos tempos bons do 'The Who', o programa para esta quarta-feira é colocar o vinil do 'Who's Next' pra rodar, acompanhado de imagens da banda nos anos 70!


Este foi um grupo de respeito!