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terça-feira, 28 de junho de 2011

Eric Clapton & Ringo Starr

Teremos uma programação cheia nos palcos gaúchos para quem gosta de rock.
 Eric Clapton estará de volta na terrinha no dia 06 de outubro no estacionamento da Fiergs. Clapton já esteve duas vezes em Porto Alegre, sendo a primeira em outubro de 1990 no Gigantinho. Este show foi maravilhoso, e tive a oportunidade de assistí-lo.
Agora, 21 anos depois quero ver o que Mr. Clapton reserva pra nós.
Seria pedir demais uma versão nova para 'Let It Rain', Eric???




Ringo Starr, o Ringão, deverá se apresentar no Gigantinho (ainda bem), com a sua 'All Starr Band' no dia 10 de novembro. Parece que vem gente de peso junto com ele, como o tecladista Gary Wright, que tocou em vários discos de George Harrison, e também é um bom compositor. Penso ser impossível não se emocionar quando ouvirmos 'Act Naturally', 'Boys', 'Honey Don't', 'With a Little Help From My Friends', 'Photograph' ' I'm The Greatest' e muitas outras ao vivo!!
Até lá então, pessoal!!!


domingo, 19 de junho de 2011

You Really Got Me - The Kinks


Quando os Beatles conquistaram os EUA - e o mundo - em 1964, a Inglaterra tornou-se o maior exportador mundial de grupos de rock.
Poucos sobreviveram, porém. The Rolling Stones e The Who, foram algumas exceções, e.... um grupo dos irmãos Ray e Dave Davies conhecidos como The Kinks.

 
Em 64 uma cover de Little Richard chamada 'Long Tall Sally', levou  a banda as paradas pela primeira vez. Em seguida mais singles dos carinhas inundariam as rádios britânicas: 'You Really Got Me', seu primeiro grande sucesso, 'All Day and All of the Night', 'Set Me Free' e 'See My Friends' são alguns exemplos.

Em 1966 eles lançam 'Face to Face', deixando claro que eles tinham vindo pra ficar. Ray Davies, o vocalista principal e guitarrista da banda entra numa fase espetacular nas composições que duraria o restante da década de 60.

Os Kinks eram londrinos por excelência, e talvez os maiores representantes do movimento 'mod' que fazia história naqueles tempos.
Quando 'Sgt. Pepper's' dos Beatles balançou com as estruturas musicais da época, Ray já estava com um novo projeto em mente, sem se importar com os chamados 'álbuns conceituais'.


Em retrospectiva, foi uma pena a banda ter lançado 'Something Else By The Kinks' em 1967. Para mim, um dos melhores álbuns de todos os tempos, ele foi praticamente ignorado na época por causa da concorrência desproporcional com os Beatles.
Acontece que se você ouvir 'Something Else..' hoje, ele não soará datado. Ponto para os Kinks!
Ao mesmo tempo, não consigo lembrar de uma canção tão significativa da 'Swinging London' como 'Waterloo Sunset'.
Para muitos ela foi a melhor canção já escrita em lingua inglesa, e com certeza um belo contra-ponto a 'Penny Lane' ou quem sabe 'Strawberry Fields Forever'. Afinal, eles eram londrinos!

'No Return' traz a bossa nova para o rock. Alguém fez isto antes???
O genial Ray Davies, deixa seu irmão Dave ocupar o spot em 'Death of a Clown', e o mano não decepciona.
 Não há como achar um trabalho menor neste álbum. 'David Watts', que abre o disco tem o refrão mais contagiante que já ouvi, e 'Two Sisters', brinca com o relacionamento entre os dois irmãos na banda. 'End of the Season' é linda, apesar do aparente pessimismo.
Tenho que fazer justiça também aos outros dois integrantes da banda. Mick Avory na bateria e Pete Quaife no baixo não ficam devendo nada as melhores cozinhas do planeta.
Esta é a formação original e que ficaria unida até o final da década, a partir dos anos 70 o Kinks aumentou de tamanho, com acréscimo de metais e vocais femininos, mas para mim aí já não seriam mais os Kinks!


Em 1968 eles reaparecem com outro petardo: 'Kinks Are the Village Green Preservation Society'. Ecológicos já naquela época???  Pois é, a mente super-criativa de Ray Davies, não sossegava. De forma sempre irônica, Davies conseguia uma crítica social impressionante sobre os valores éticos e morais da terra da Rainha.
'Picture Book', 'Johnny Thunder', 'Animal Farm' e 'Monica' se destacam, mas aconselho a ouvir o disco de cabo a rabo. É conceitual? Não na forma, talvez no conteúdo.


Em 1969, os cabelos foram crescendo e a amizade e companheirismo do grupo diminuindo, mesmo assim 'Arthur or the Decline and Fall of the British Empire' é contundente. Ray Davies não fazia concessões.
Não é qualquer banda que se dá ao luxo de ter tantos hits, tratados como músicas normais de um álbum. A abre-alas 'Victoria' é sem dúvida uma das mais interessantes crias de Ray, e a brincadeira - e crítica - continua com 'Yes Sir, No Sir', 'Brainwashed' - antecipando George Harrison em 30 anos?? -, 'Mr. Churchill Says' e 'Nothing to Say'.


A trajetória meteórica dos Kinks, lembra a dos Beatles, apesar daqueles serem mais escrachados.
 Dos singles de sucesso, eles foram amadurecendo até se tornarem críticos sociais e comportamentais.
Que saudade desse tempo!
Como McCartney disse uma vez, quem sabe os anos 60 não se tornem um período do nosso futuro, e não do passado!


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Madeleine Peyroux- Standing on the Rooftop - 2011


Algumas cantoras você já conhece de longe pela sua voz. É o caso de Madeleine, que muitas vezes foi comparada a Billie Holliday.
Confesso que sempre fiquei na dúvida sobre Miss Peyroux. Gostei de alguns de seus álbuns, mas não tanto assim. Penso que essa americana de 36 anos poderia ter seus discos melhor produzidos. Acho que sempre faltou algo pra ela! Digo, faltava!
'Half the Perfect World' de 2006, seu melhor trabalho até hoje, é facilmente superado por 'Standing on the Rooftop'. A começar pela escolha do repertório, também pelas suas composições mais bem elaboradas, e pelos músicos pinçados a dedo.


Pra começar os trabalhos, que tal uma beatle-song? Mas não poderia ser nenhuma tão óbvia assim. Ela escolhe então 'Martha My Dear' de Paul McCartney. Com um arranjo delicado, sem piano, que era o elemento chave desta canção, mas com uma viola muito bem tocada. Sir Macca colocou o nome desta música homenageando sua cadela da raça Old English Sheepdog chamada Martha em 1968, ( apesar da canção se referir a uma mulher ), e é sintomático que Madeleine apareça com um vira-lata na capa. Bom, se o cachorro for de alguma linhagem mais exótica, me desculpem!!
O clima do álbum é sempre calmo e intimista, mas existem exceções. A animada 'The Kind You Can't Afford', uma improvável parceria de Peyroux com o ex-baixista dos Rolling Stones, Bill Wyman é um ponto alto do disco, e eles repetiriam a jogada em 'Leaving Home Again'.
Bill Wyman depois que deixou os Stones partiu para um trabalho mais calcado no blues e rythm and blues, que casou legal com o vocal rascante de Madeleine.


A faixa-título, composta por Peyroux com David Batteau, soa inovadora, aliada a um ritmo hipnótico. Suas outras composições mantém em alta o nível do trabalho, com destaque para 'Fickle Dove' e 'Meet Me in Rio'.
A garota também dá um banho de competência vocal em 'Threw It All Away' de Bob Dylan, e prestem atenção na outra cover que vai beber direto da fonte mais sagrada do blues: 'Love in Vain' de Robert Johnson, com um arranjo bem peculiar.
A lenda de New Orleans, Mr. Allen Toussaint, é responsável pelo piano do álbum o que por si só já garante o resultado. Gostei muito das guitarras, responsabilidade de Christopher Bruce.

Como está rolando essa chuvinha, acho que à noite vou abrir um Pinot Noir, colocar um incenso pra queimar, e, bem, o resto vou deixar por conta da Madeleine!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Astrid Kirchherr - Uma Retrospectiva!


 Ando numa fase terrível de livros de fotografias.

Chegando as minhas mãos, o livro importado 'Astrid Kirchherr - A Retrospective'. Este livro foi publicado para coincidir com a exposição de fotos que Astrid fez em Liverpool de agosto de 2010 até janeiro deste ano.


Sempre fui fã daquelas fotos pop-modernistas que Astrid nos deixou de legado dos Beatles dos anos de 59 até 62. Achei marcante esta foto de John e George no estúdio de Stu Sutcliffe, em Hamburgo. Stu era o ex-Beatle que na época era noivo de Astrid. Ele havia falecido poucos dias atrás, e John, seu grande amigo, havia acabado de receber a notícia.

Com o preto e branco dominante, me surpreendi ao topar com algumas fotos coloridas dos 'caras' em Tenerife, na Espanha em 1963, pouco antes da Beatlemania estourar no mundo todo. 

 
Enfim, tem muita coisa boa, inclusive entrevistas com artistas e fãs de Astrid, como seu ex-namorado músico, pintor e artista gráfico Klaus Voormann. 

 
Kirchherr, participou inclusive das filmagens de 'A Hard Day's Night', com sua lente sempre atenta e criativa.
Aos 73 anos Astrid Kirchherr ainda dá o que falar.



Bem, bom divertimento pra mim!!!



terça-feira, 14 de junho de 2011

Angélica Rizzi - Talento e Sensibilidade!


Não faz muito tempo comentei sobre o livro de contos que estava lendo de Angélica Rizzi, chamado 'O Clube dos Solitários!
Com várias citações à ícones mundiais do rock e pop anos 60, e uma clara influência da geração beat, - que saudade de Kerouac, Ginsberg e Bukowsky - além de exalar sensualidade, estes contos foram me fazendo querer conhecer mais um pouco sobre sua autora.
Gostei tanto que resolvi conferir também a voz de Angélica. Enquanto escrevo estas notas, estou ouvindo o seu CD 'Águas de Chuva'!
Angélica Rizzi é poeta, escritora, cantora e compositora. Neste álbum de 2008, Angélica mostra todo seu talento na composição em ritmos variados. Curti muito 'Águas do Mar' e 'Roubei Um Beijo', de sua autoria.
Ela também faz uma deliciosa cover de Lobão em 'Canos Silenciosos'!
Outra pérola do disco é 'Nas Curvas da Guitarra', uma parceria de Jottagá e Carpinejar.


Angélica tem um tom de voz quente e instigante que sobressai mais em canções como a romântica 'Cada Vez Mais' e 'Du Temps', que nos apresenta um belo sotaque francês de uma cantora que soa madura nas suas composições.
Também curti muito a banda e os arranjos que ficaram a cargo de Chico Merg e Jottagá.


A poesia de Angélica me chamou a atenção por ser direta e sensível ao mesmo tempo!
Ela me contou que pretende publicar outro livro ainda este ano. Uma continuação, quem sabe, do 'Clube dos Solitários! 
Estarei, é claro, na fila aguardando!! Ahhh, ela tinha que ser gaúcha!!!


domingo, 12 de junho de 2011

Amos Lee - Mission Bell - 2011


Peixe novo na linha!! Último trabalho do cantor e guitarrista americano Amos Lee!
Fui apresentado ao Amos ano passado pelo Márcio Grings com seu disco 'Supply and Demand' de 2006, que já era muito legal!
'Mission Bell' é seu primeiro álbum lançado no Brasil e tem pelo menos dois clássicos instantâneos da música country-rock: 'El Camino' e 'Hello Again'!!


Duas partcipações muito especias também tornam esse trabalho mais atrativo. Lucinda Williams faz um bonito dueto com Lee em 'Clear Blue Eyes' e o ícone Willie Nelson dá o ar de sua graça na reprise de 'El Camino'.

É disco pra fã de country-rock comprar de olhos fechados!! Guardem este nome: Amos Lee!!!


sábado, 11 de junho de 2011

Synchronicity - 1983 - Estudos Psicológicos!


Quem diria que a psicologia um dia seria explicitamente apresentada ao grande público? Quando digo 'grande público', me refiro ao público da banda 'The Police', que era enorme!
Após lançar trabalhos que eu reputo medianos, como 'Reggatta de Blanc' (79) e 'Zenyatta Mondatta' (80), os não tão amigos assim, Gordon Matthew Sumner, o popular Sting, no baixo e vocal, Stewart Copeland na bateria e Andy Summers nas guitarras, fizeram história com a psicologia!
Claro, que eles já eram conhecidos. Sua música havia incorporado o reggae aos ritmos dos cara pálidas, com o disco de 79, e o formato do power-trio, sem teclado, voltou a ficar na moda com a ajuda deles, mas faltava alguma coisa!


Em 81 uma amostra um pouco melhor estruturada de sua música surgiu com o álbum 'Ghost in the Machine'. Lembro que não cansava de ouvir 'Spirits in the Material World' no rádio do carro, - alguém lembra deles tocando pra um 'Gigantinho' vazio nessa época??? Eu lembro!! -  mas o melhor ainda estava por vir.

Sting, a cabeça mais do que pensante da banda, resolveu recorrer aos seus alfarrábios culturais ( ele foi professor ), e lembrou-se do conceito da Sincronicidade de Carl Gustav Jung!
A partir desse ponto ele criou uma música e um álbum.
A banda estava terminando nesta época. E, parece sintomático ter emergido música de tanta qualidade de sessões tensas e caóticas.
Hugh Padgham, o produtor, teve uma grande parcela de culpa nesse processo. O som que ele extraiu da banda, foi mais puro do que os álbuns anteriores, apesar de mais complexo.
Lembro que a canção 'Mother' de Andy Summers foi considerada a alter-ego da 'Mother' de John Lennon dos anos 70, com suas guitarras marcantes. Sting se considerava, talvez com alguma dose de exagero, o maior sofredor do planeta em 'King of Pain'. Menos, Sting!


A canção comercial do disco, e que ajudou os rapazes a sofrerem menos foi sem dúvida 'Every Breath You Take', que junto com 'Roxane' e 'Don't Stand So Close to Me', virou sinônimo do The Police, porém tinha algumas cositas melhores no final do álbum.
'Wrapped Around [My] Finger' e 'Tea in the Sahara', são matadoras! Será que havia sincronicidade nisto? Não sei, nem me preocupei em saber. Como dizia o John, isto ficaria para os freaks, que procuram pistas nas canções. Eu queria era música de qualidade. Isto eu tive, sem dúvida nenhuma!
Ahhh, 'Murder by Numbers' que entra como bônus no CD, é uma rara parceria Sting/Summers, e vale a entrada!


Aliás, eu não perderia de novo shows desses caras. Andy Summers e Stewart Copeland se apresentaram em 86 em POA, após a separação. Show de primeira, junto com Stanley Clarke no baixo.
Sting viria em 87, e fui um dos que enfrentaram um toró no 'chiqueirão' do Olímpico pra poder vê-lo. Não me arrependi!!
Gostaria de falar mais na próxima vez sobre a fase solo, jazzística, de Sting e de Andy Summers!




quinta-feira, 9 de junho de 2011

Wings Greatest - 1978


Em meados dos anos 70, começou a virar moda entre os grandes nomes da música, lançar um álbum com seus maiores sucessos. Nomes consagrados como Bob Dylan, Janis Joplin ( postumamente ), The Mamas and Papas e muitos outros já haviam parido o seu 'The Greatest Hits' ou o 'The Best of...'.

Eu, particularmente, nunca gostei muito de comprar os maiores sucessos de determinado artista, sempre preferindo conferir toda sua obra, se eu a achasse interessante. Muitas vezes as melhores músicas se escondem lá num cantinho do lado 2, ou num lado B de um single.
Enfim, os ex-Beatles também entraram na onda da coletânea com seus maiores 'hits'. O mais surpreendente é que foi Ringo Starr, o primeiro dos carinhas a lançar seus sucessos.
Em 1975, a Apple Records terminava sua primeira fase de vida, e o contrato dos Beatles com a EMI expirava. Ringo e George mudariam de casa. Ringo iria para a RCA e George para a Warner. John se aposentaria por algum tempo, e Paul McCartney seria o único a continuar na EMI/Capitol.
 
Para aproveitar sua saída, Ringo lançou em 75 o disco 'Blast From Your Past', contendo alguns singles de sucesso como 'It Don't Come Easy' e 'Back to Bogalloo' e músicas de seu álbum 'Ringo' de 73, de sua curta carreira-solo.
John, antes de se retirar lançou 'Shaved Fish', também em 75, com um belo apanhado de canções de 'JL/Plastic Ono Band' (70) até o 'Rock'n'Roll' (75).  
Harrison, já em 76, lançou seu 'The Best of...' em que se misturavam seus hits dos Beatles, com os da carreira-solo, uma bela miscelânea.


Faltava o Macca, mas como ele continuou na EMI, não houve pressa. O homem dos mega-hits, foi o último a lançar o seu.
Finalmente em 1978, após  a recepção moderada que 'London Town' recebeu, a companhia de Paul resolveu investir em seus hits solos.
O título já deixa dúvidas: "Wings Greatest'! Para os desavisados poderia parecer uma coletânea somente da banda Wings, mas como a maioria das pessoas confundia Paul com Wings, tudo deu certo. Aliás, este deve ter sido o direcionamento do projeto, pois aqui aparecem canções de Paul antes de formar a banda, como 'Another Day', que abre o disco, seu primeiro single de 1971. E, convenhamos, um de seus grandes trabalhos-solo. 
Incluída nesta categoria também está 'Uncle Albert/Admiral Halsey' de seu álbum 'Ram' de 1971, antes da formação do Wings.
Apresentadas de forma aleatória aparecem grandes hits como 'Silly Love Songs' (76), My Love (73), 'Live and Let Die' (73) e 'Mull of Kintyre' (77),  junto à grandes canções do nível de 'Band on The Run' (73), 'Hi, Hi, Hi' (72) e 'Jet' (73).


Completam o álbum, 'Junior's Farm' (74), a dispensável 'With a Little Luck' (78), além de fraquinha também fora lançada pouco tempo antes, e 'Let'em In' (76).
Enfim, foram 12 canções escolhidas provavelmente jogando todas as músicas de Paul pra cima e pegando as que caíssem em cima do disco...
Temos que lembrar que estávamos no tempo do vinil, e que não caberia muito mais do que isso no LP. 

Em 1987 Paul voltaria ao 'assunto' lançando o "All the Best", já então com uma carreira mais prolífica e podendo colocar mais canções.
De qualquer forma, senti falta de 'Maybe I'm Amazed', de 'Let Me Roll It' e de alguma canção de seu disco 'Venus and Mars' de 75. Talvez 'Listen to What the Man Said' pudesse fazer parte, ou 'Letting Go', que apesar de não ter feito tanto sucesso, foi lançada em single.

Na época do lançamento dessa coletânea, Paul McCartney já estava remontando o Wings, que partiria para sua última fase de vida nos anos de 78/79/80. O baterista Steve Holly já andava aparecendo em clips de Paul desde 'With a Little Luck', e o próximo a ser contratado seria o guitarrista Laurence Juber.
Enquanto aguardávamos mais um álbum de estúdio de Macca, aproveitávamos seus sucessos!!

Ahhhh, a capa foi uma sacada da Linda McCartney que custou uma fortuna!!!


sábado, 4 de junho de 2011

O Clássico de Clapton - '461 Ocean Boulevard'



Conheci pra valer a música de Eric Clapton com o álbum 'No Reason to Cry' de 1976, gravado no estúdio Shangri-la do 'The Band'! 
Fiquei de cara impressionado com aquele guitarrista que tinha um toque tão pessoal, que você saberia imediatamente quando era ele que estava solando.
Porém, eu não tinha visto nada, ainda!


Em um tempo que era muito difícil se conseguir os álbuns antigos de um artista aqui no Brasil, eu parti para as gravações de fitas, que você poderia fazer se tivesse algum amigo disposto a lhe emprestar um LP.
Foi assim que consegui recuperar o tempo perdido, e ouvir em uma fitinha, provavelmente BASF, em um carro qualquer, o disco '461 Ocean Boulevard'!
A sensação que tive, foi a de levar um soco no estômago! O cara estava tocando muito, a banda era afiadíssima, e os ritmos variavam do rock, até as baladas e do blues ao reggae.
Vim a saber depois que Clapton estava retornando à ativa, após um período negro em sua vida. De 1970 até 73, ele havia se afastado das gravações e dos palcos. 


Ele vivia enfurnado em sua casa de campo, Hurtwood Edge, após ter se apaixonado por Pattie, mulher de seu amigo George Harrison, e ser rejeitado.
Apesar da companhia de sua namorada Alice Ormsby-Gore, Eric não segurou a barra. Ele passou a usar heroína regularmente, e não se ouvia mais falar dele. Amigos que tentavam visitá-lo, encontravam as portas fechadas. Seu futuro na música, e como pessoa, passou a ser incerto.
Quem conseguiu algum sucesso em tirá-lo da rotina, foi outro amigo de longa data, Pete Townshend. O líder do 'The Who', organizou para Clapton um concerto de retorno no Rainbow Theater em Londres, em que vários amigos músicos se fizeram presente para dar uma força ao 'slowhand'.


Reanimado com a acolhida calorosa do público, e decidido a mudar sua vida, Clapton enfrentou tratamentos alternativos para tentar deixar as drogas. Ele conseguiu o objetivo, com uma terapia a base de acupuntura. 
Ao mesmo tempo, sua amada Pattie, deixava o marido Harrison, e corria para os seus braços.

Com sua vida entrando nessa nova fase, Clapton viajou para os EUA, onde reuniu alguns músicos, escolhidos a dedo, e procurou a ajuda do experiente produtor Tom Dowd, em seu estúdio Criteria, em Miami.
Eric, hospedou-se em uma casa à beira-mar. Seu endereço? Era este: '461 Ocean Boulevard'!!

Para acompanhá-lo, Eric escolheu o velho amigo Carl Radle para o baixo, ex-integrante de sua banda 'Derek and the Dominos', que lançara o antológico 'Layla and Other Assorted Love Songs' em 1970.
George Terry, jovem guitarrista americano, foi uma bela surpresa, para ajudar Clapton em seus solos. Jamie Oldaker na bateria e Dick Sims nos teclados eram um belo complemento para o grupo.
A maior surpresa, porém, foi a chegada de uma voz feminina na música de Clapton. Ela se chamava Yvonne Elliman, uma havaiana, com uma das vozes mais bonitas que se tinha notícia na época.
Yvonne tinha feito parte do projeto 'Jesus Christ Superstar' em 72, interpretando Maria Madalena, e quando a ouviu, Clapton imediatamente a contratou.


O som de Eric Clapton estava mudando. Do estilo pesado e vigoroso do Cream e do Dominos, ele agora partia para uma sonoridade mais melódica, explorando novos ritmos. 

'Let it Grow', talvez uma de suas melhores composições, foi a que me chamou a atenção na época, juntamente com seu dobro e vocal em 'Please Be With Me', do grupo country 'Cowboy'.
A que explodiu nas paradas foi a versão reggae de 'I Shot the Sheriff' de Bob Marley, ajudando a tornar o jamaicano - e o reggae - conhecidos no mundo inteiro.
Não poderia faltar, claro, um blues, e um blues de seu maior ídolo, Robert Johnson, e ele apareceu na forma de 'Steady Rollin' Man'.
Outro destaque é 'I Can't Hold Out' de Elmore James, com Eric dando um banho na guitarra. Pra encerrar o álbum ele volta para o dobro em 'Give Me Strength'. Emocionante!


Pois bem, amigos, Clapton voltou em ótima forma em '461 Ocean Boulevard', e a partir deste momento sua carreira-solo não sofreria mais interrupções.
Muitos álbuns inesquecíveis o 'deus' da guitarra gravaria nas décadas seguintes, mas fiquei com a impressão, que este ano de 1974, marcou um momento mágico de sua carreira. Ele nunca mais foi repetido!

Lembrando que estou aquecendo as turbinas para outubro!! Eric Clapton em Porto Alegre!!! 
See you soon!! Bye, bye!!



quinta-feira, 2 de junho de 2011

George Martin - O Maestro


Ontem à noite, eu estava pensando sobre a influência de George Martin no sucesso dos Beatles.

A carreira dos Beatles, sempre contou com algumas coincidências que se não houvessem, talvez a banda não fosse longe.
Martin, na sua juventude, estudou oboé na sala de música, que ficava no porão da residência da família Asher, em Wimpole Street, Londres. Sua professora foi Margaret Asher, mãe da linda Jane, futura namorada de Paul McCartney. Coincidência!


Quando se tornou produtor musical do selo Parlophone, no início dos anos 50, George produziu discos de uns caras muito engraçados, que tinham um famoso programa de rádio chamado 'The Goon Show'. A dupla que se destacava mais incluía Peter Sellers e Spike Milligan. Outra coincidência! John e Paul adoravam os Goons.


Quando em setembro de 1962, o empresário Brian Epstein trouxe seus garotos de Liverpool até Londres para uma sessão de gravações na Parlophone, ninguém sabia o que esperar. O clima era frio no estúdio, até - segundo a lenda - Martin orientar os Beatles a se manifestarem se não gostassem de algo. George Harrison pediu a palavra e disse que não gostava da gravata de seu produtor!!
Além de achar os meninos espirituosos, Martin viu algo à mais neles. Alguma coisa que outros produtores e descobridores de talento haviam deixado passar.
Ele logo se perguntou quem deveria ser o líder musical da banda: seria Paul e os Beatles ou John e os Beatles?
Logo ele descobriu que não haveria líder, eles eram os Beatles, uma banda, um conjunto, uma unidade, o famoso 'Monstro-de-quatro-cabeças'.
A partir desse momento e da gravação da canção 'Please Please Me', em que Martin espertamente acelerou o ritmo da música, ele teve certeza: tinha um sucesso nas mãos!


George Martin nunca foi unanimidade. Nem entre os Beatles. Num encontro após a separação da banda, John lhe disse que se pudesse, mudaria os arranjos de todas as canções de sua autoria.
Para a maioria, ele foi o 5º Beatle, o cara que transformava em música o que os seus rapazes imaginavam. Se Paul pensasse num solo de pícolo para 'Penny Lane', ele cantarolava para George que o colocaria em cifras. Nenhum dos Beatles sabia ler música.
'A Day in the Life' é outro exemplo clássico da competência do maestro Martin, com seu arranjo primoroso.
Seu maior mérito, sem dúvida, foi ousar! Ele experimentou com os Beatles o que o estúdio podia proporcionar em sua plenitude. Da bolhinha de sabão em 'Lovely Rita' até 'loops' - fitas gravadas com ruídos e depois reunidas de maneira aleatória - em 'Tomorrow Never Knows'.
Mesmo assim, McCartney não gostou quando um jornal comentou que 'Sgt. Pepper's' "era o melhor álbum de George Martin"....
'Yellow Submarine' nos mostrou de maneira inesquecível, o talento de Martin como compositor e maestro. Porém quando quiseram 'voltar as raízes', os Beatles descartaram os "truques de estúdio" de Martin, no projeto 'Get Back', em favor da 'parede sonora' terrível de Phil Spector. Apenas para voltar correndo para o velho produtor em 'Abbey Road'.


Durante os anos 60, George deixou a EMI, proprietária do selo Parlophone e passou a trabalhar de maneira 'free-lance' para poder continuar produzindo os Beatles. Em 1979 ele construiu no Caribe, em Montserrat, os estúdios AIR, uma associação de produtores independentes. Muitos álbuns de qualidade foram gravados ali, antes que um furacão o destruísse em 1989.


Enfim, ontem estava pensando nesse cara, o George, enquanto ouvia a edição limitada com 6 CDs de 'Produced by George Martin - 50 years in Recording'!

Não, ele não foi 'apenas' o produtor dos Beatles. Por suas mãos também passaram a banda 'America' nos anos 70, o virtuoso guitarrista Jeff Beck, com o antológico álbum 'Blow by Blow', e a cantora Cilla Black, nos anos 60. Até nos filmes de James Bond ele deixaria sua marca, produzindo 'Goldfinger', com Shirley Bassey e 'Live and Let Die' com McCartney. Aliás, o velho amigo Macca, nos anos 80 pediria a sua colaboração em projetos como 'Tug of War' e 'Pipes of Piece'.


Em 1998, já acometido de um processo de surdez, ele resolveu se aposentar. Antes, chamou alguns amigos e lançou o álbum 'In My Life'. Uma bela despedida, sem dúvida, com as participações de Robin Williams, Goldie Hawn, Jim Carrey, Phil Collins e até de Sean Connery. Todos cantando e declamando músicas dos Beatles. Uma participação especial foi o das 'Meninas Cantoras de Petrópolis' em 'Ticket to Ride', a mais emocionante do disco.


George também publicou dois livros. 'All You Need is Ears' de 1979, em que ele nos conta toda sua carreira, mas que infelizmente não foi publicado aqui no Brasil e 'Paz, Amor e Sgt Pepper', lançado aqui em 1995. Neste último, ele descreve as gravações deste que foi um dos álbuns mais revolucionários de todos os tempos, e o comportamento em geral dos Beatles, e a sua participação no estúdio. Imperdível!


George Martin está casado com Judy, sua secretária na época da Parlophone nos anos 60 e tem quatro filhos, Bundy, Greg, Giles ( que seguiu os passos do pai na produção) e Lucy ( alguma ligação com 'céus de diamante'?).

Em 2006 ele não resistiu e voltou a ativa, ajudando seu filho Giles na produção do disco 'Love', com músicas dos Beatles remixadas e remasterizadas para o Cirque du Soleil. Resultado? Sucesso absoluto!!!

George Martin, 85 anos, é sempre um prazer ouví-lo!!