RINGO
STARR - Um Beatle Entre Nós
Qual Ringo virá ao Brasil em novembro? O baterista sortudo
que entrou nos Beatles pouco tempo antes da banda estourar? O cara espirituoso
e brincalhão que não perdia uma piada e adorava frases de efeito? O talentoso
ator estilo ‘matinê do rock’ que participou de inúmeros filmes de sucesso?
Ringo é tudo isso e muito mais! Mas a vida não foi assim tão
fácil como parece para nosso herói.
Após uma infância difícil, em que seu pai abandonou a família
e com muitos problemas de saúde, Richard Starkey, mais conhecido como Ringo
Starr, nunca foi levado muito à sério como músico. Não era unanimidade nem
entre seus próprios companheiros dos Beatles. Paul McCartney seguidamente
criticava sua batida, e o produtor George Martin o achava tecnicamente
limitado.
Ringo, porém, foi pouco a pouco ganhando espaço dentro da
banda, e viria sem dúvida nenhuma, a se tornar um baterista no mínimo
competente e um dos membros mais queridos do conjunto.
Quando a Beatlemania estava no auge, em 1964, os Beatles
estrelaram seu primeiro longa-metragem.
O filme ‘A Hard Day’s
Night’ (Os Reis do Ié, Ié, Ié), dirigido pelo americano Richard Lester, foi um
grande sucesso de público e crítica, e serviu para estabelecer as
personalidades distintas dos rapazes. Ringo deste momento em diante foi
estigmatizado como o ‘palhaço’ do grupo. Sempre disposto a brincadeiras, e
quase sempre se dando mal. Sua atuação nesta produção foi considerada de longe
a melhor de todos os Beatles, inclusive com direito a mais tempo de tela que
seus companheiros de banda.
A sacada para o título do filme também foi dele. Ringo era
conhecido por construir frases gramaticalmente erradas, mas que expressavam
exatamente o que os Beatles passavam no momento. Então, no fim de um longo dia
de filmagens, Ringo se saiu com “esta é a noite de um dia difícil’! John Lennon
logo transformaria esta frase em música de sucesso.
Desde o primeiro álbum da banda, a dupla Lennon &
McCartney sempre reservava um espaço nos discos para Ringo colocar sua voz.
Apesar de seu pouco alcance vocal, era sempre esperado que Ringo cantasse pelo
menos uma música por disco, assim como apresentasse ao menos um número nas
turnês malucas da banda.
Pela voz de Ringo desfilaram canções como ‘I Wanna Be Your
Man’, ‘Honey ‘Don’t de Carl Perkins e ‘Act Naturally’ sucesso country de Buck
Owens.
Em 1965 foi rodado o segundo filme da banda, novamente
dirigido por Lester, e desta vez Ringo teria ainda maior destaque. O enredo do
filme ‘Help!’ (Socorro), colocava um anel encantado de uma antiga seita que
fazia sacrifícios humanos, no dedo de Ringo, e ele passa o filme inteiro
fugindo de seus perseguidores, em palcos como as Bahamas, os Alpes Suíços e até
o Palácio de Buckinham! Ringo simplesmente carregou o filme nas costas!
No final deste ano os Beatles começam a mudar. A Beatlemania
estava se tornando difícil de suportar, com os Beatles sendo perseguidos por
fãs e ameaçados por todo tipo de malucos. Eles então passam a dar mais atenção
aos estúdios de gravação e saem de lá com um projeto totalmente inovador
chamado ‘Rubber Soul’. Ringo faz ali sua estreia como compositor, em parceria
com a dupla John e Paul na canção ‘What Goes On’, uma leve balada country.
A partir de 1966 com o final das exaustivas turnês, e dedicação
total aos estúdios, um grande álbum é lançado em agosto. ‘Revolver’, um disco
revolucionário, é marcado por experimentações, entre elas uma música que se
aproxima de uma batida infantil e folclórica ao mesmo tempo, convidando a todos
para embarcarem num grande submarino amarelo!
A canção ‘Yellow Submarine’ composta por McCartney
especialmente para a voz de Ringo, fez imenso sucesso. Anos depois esta música
originaria inclusive um desenho animado de vanguarda e uma trilha sonora.
Em pleno verão do amor, mais uma vez os Beatles surgem com
um produto inovador. Agora eles eram a ‘banda dos corações solitários do
Sargento Pimenta’, e, em uma de suas melhores encarnações, Ringo se tornaria
Billy Shears. Este seu alter-ego apresentaria a canção ‘With a Little Help From
My Friends’, uma bela ode a amizade, e talvez sua melhor contribuição vocal aos
Beatles.
Já no final da banda, Ringo Starr foi ganhando força como
compositor e ‘Don’t Pass Me By’ no ‘Album Branco’ e ‘Octopus’s Garden’ em ‘Abbey
Road’, lhe concedem, pela primeira vez, créditos individuais na composição.
Com o final dos Beatles, poucos olhos se voltaram para
Ringo, mas ele vinha gravando já fazia algum tempo velhos Standards de jazz,
que ele ouvia com sua mãe quando ainda era uma criança em Liverpool.
Assim que a banda foi oficialmente desfeita, ele lança então
o álbum ‘Sentimental Journey’, com arranjos de George Martin, Quincy Jones e
Paul McCartney entre outras feras.
Em
seguida Ringo muda totalmente de rumo e reaparece no final do
ano de 1970 com um produto gravado em Nashville. Sempre
um grande fã de música country-rock, ele requisitou os melhores músicos de
estúdio da área e gravou o disco ‘Beaucoups of Blues’, muito bem recebido pela
crítica americana.
Sempre um camaleão, logo depois Ringo estourou nas paradas
americanas com o single ‘It Don’t Come Easy’ de sua autoria, que também lhe
renderia ótimas críticas.
Entre seus melhores
trabalhos em estúdio da época estão sua participação nos primeiros álbuns de
seus ex-colegas John Lennon e George Harrison. Afinal, Ringo era aquele
parceiro que topava qualquer parada!
O cinema nunca deixou de ser importante para Ringo.
Participações em ‘Candy’, ‘Blindman’ e atuações elogiadas em ‘The Magic
Christian’ (Um Beatle no Paraíso) e ‘Caveman’ ( O Homem das Cavernas), o
mantinham ocupado. Aliás foi neste último longa-metragem que ele conheceu sua
atual esposa Barbara Bach.
Em 1973, Ringo resolveu levar mais a sério as gravações.
Para seu próximo projeto ele recrutaria músicos talentosos para atingir seus
objetivos. Além disso, pela primeira vez em 4 anos ele conseguiu unir os três
ex-companheiros de banda no mesmo estúdio, ainda que em sessões distintas.
O resultado foi o disco ‘Ringo’, sem dúvida o seu melhor
trabalho até os dias de hoje.
‘Photograph’, composta por Ringo e George Harrison, é uma de
suas músicas mais cultuadas até hoje. John Lennon faz uma grande homenagem a
Starr e lhe oferece a canção ‘I’m The Greatest’, lembrando os velhos tempos de
Liverpool.
Outros sucessos incluíam ‘You’re Sixteen’ e ‘Six O’Clock’ de
Paul McCartney.
Animado com a grande receptividade de seu disco, Ringo logo
começa a preparar o próximo. Apesar de não ter sido tão bem sucedido como o
anterior, ‘Good Night Vienna’, também era um álbum de qualidade. Além da faixa-título
composta por Lennon, a música ‘No No Song’ emplacou nas paradas, assim como sua
cover de ‘Only You’, lançada em single.
No restante da década de 70, a carreira de Ringo
tornou-se pouco inspirada. Algum tempo antes ele havia se separado de sua
primeira esposa Maureen e deixado a gravadora
EMI.
Seus próximos trabalhos foram os irregulares ‘Ringo’s
Rotogravure’ e ‘Ringo The Fourth’, e não foram bem recebidos.
Nos anos 80 ele quer dar a volta por cima e recruta amigos
músicos para participar de seu grupo recém formado ‘Ringo & His All Starr
Band’!
Esta banda itinerante se reuniria de tempos em tempos para
gravar e excursionar. Dela fariam partes figurinhas inesquecíveis do mundo do
rock como Billy Preston, Peter Frampton, Rick Danko e Levon Helm do ‘The Band’,
Joe Walsh dos ‘Eagles’ e muitos outros.
Este grupo de amigos é renovado a cada reunião até hoje, e
entre esses trabalhos, Ringo continuaria sua carreira-solo com álbuns
deliciosamente inspirados como ‘Liverpool 8’ e mais recentemente ‘Y Not’.
Será quase impossível para qualquer fã dos Beatles não se
emocionar quando Ringo Starr pisar o palco do Gigantinho - 41 anos depois do
‘fim do sonho’ - e soarem os primeiros acordes, aquecendo os motores de um submarino amarelo
inesquecível.
Que venha mais um Beatle!!!
Publicado no Diário de Sta. Maria em 05/11/2011.
2 comentários:
Ótimo artigo sobre o querido Ringo Starr!
E que venha mais um Beatle!
Hehehe!! É isso aí, Lucinha!! Estamos preparados!!! Valeu a força.
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