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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Wings Over America - 1976


Paul McCartney sempre foi o 'beatle' que mais curtiu apresentações ao vivo e turnês! Nos idos dos anos 60, ele era sabidamente o cara que enfrentava a imprensa e os fãs, nas intermináveis excursões do 'Fab Four', e nunca se incomodou com isso.
Quando a banda terminou, ele logo começou a planejar uma nova forma de excursionar. Assim, com a criação do WINGS, o projeto amadureceu.
Para a banda ganhar experiência, em 1972, Macca viajou pelo interior do Reino Unido, onde se apresentou em universidades, praticamente de graça.
Com a nova formação da banda, estabelecida desde 1975, Paul sentiu que chegara a hora de uma retomada das apresentações para grandes plateias.
Assim ele partiu em turnês pela Austrália e Europa em meados de 76, aquecendo para chegar aos EUA em pleno verão.


Toneladas de equipamento de última geração foram deslocados para estas apresentações do WINGS. A América seria invadida em mais de 40 shows!!
Pela primeira vez, Paul cantaria alguns sucessos de sua ex-banda, misturados ao repertório atual do WINGS. McCartney não queria cometer o mesmo erro de George Harrison em sua desastrosa turnê americana de 74, em que George evitava cantar as músicas antigas dos Beatles, deixando a galera decepcionada.

A acolhida dos americanos para Macca e sua banda foi fantástica. Todos os shows tiveram lotações esgotadas. Um show em particular, o de Seattle, foi escolhido para  a maior parte das gravações do que seria um disco ao vivo, o primeiro do WINGS!


No final daquele 1976, Paul lançaria o 'Wings Over America', álbum triplo, com o resumo de todos os seus shows americanos. Nunca vou esquecer a sensação de ter aquela bolacha nas mãos - graças a minha mana Titina, que naquele tempo morava no Rio -  em dezembro daquele ano.
O início dos shows - e do disco - era com 3 canções interligadas que deixavam o ouvinte sem fôlego: 'Venus and Mars'/'Rock Show'/'Jet', abertura que ele voltou a usar na atual turnê mundial. Enfim, rockões pra ninguém reclamar!

A sensação que tive de imediato, ao ouvir o disco, foi de que ao vivo, a banda pegava bem mais pesado do que no estúdio. Canções que pareciam pálidas e desmotivadas na versão original, ao vivo ganhavam força, como 'Let'Em In' e 'Beware My Love' do último álbum.
No lado 2, após a apaixonante versão de 'Maybe I'm Amazed', de seu primeiro trabalho solo, Paul abre espaço para o primeiro set 'beatle' do show: 'Lady Madonna' e 'The Long and Winding Road', com Macca dando as cartas ao piano.
Este lado é encerrado com 'Live and Let Die', que também se tornaria um clássico das turnês de Macca, sendo exigida em suas apresentações até hoje, com direito a efeitos especiais e explosões.


Um capítulo a parte foi a seção de metais do WINGS. Paul levou 4 músicos de estúdio para a estrada, o que proporcionou uma maleabilidade sonora extra à banda. Howie Casey e Tony Dorsey, que já haviam tocado em vários álbuns com Paul, foram acompanhados por Thaddeus Richard e Steve Howard no sax, trumpete e trombone.
Havia espaço para canções de outros compositores. O guitarra-solo Jimmy McCulloch apresentou sua canção 'Medicine Jar' de 'Venus and Mars' ( prefiro a versão de estúdio).
Denny Laine compareceu com uma cover: 'Richard Cory' de Paul Simon, muito legal, e seu velho sucesso do tempo dos 'Moody Blues' chamado 'Go Now', que fazia a cabeça das menininhas no início dos 60.
Sua melhor performance porém, foi com 'Time to Hide', parecendo uma música completamente diferente em relação a gravação pastosa presente em 'Wings at the Speed of Sound'. Esta música de Denny, foi talvez a mais aplaudida dos shows.
No final do lado 3, veio um set acústico, em que Paul reunia Denny, Jimmy e Linda em banquinhos no palco e cantava, 'Bluebird' e outras três canções de sua ex-banda: 'I've Just Seen a Face', 'Blackbird' e 'Yesterday', acompanhados de violões, para o delírio da galera.
Sucessos da época - como 'Silly Love Songs', 'Listen to What the Man Said' e a mais antiguinha 'My Love' -, não faltaram.


Pra encerrar o lado B do terceiro vinil, Macca começou bem! 'Letting Go', com um arranjo bem mais rápido e vigoroso do que o presente em 'Venus and Mars', foi uma bela surpresa. Eu ainda achava a versão de estúdio, mais calminha, melhor e mais charmosa, até ouvir Paul cantando ao vivo em POA ano passado, onde acho que ele conseguiu um meio-termo entre os dois arranjos, que pra mim foi o ideal.
Pra arrematar, 'Band on the Run' e outro rockão da época, 'Hi Hi Hi', enlouqueceram o público, antes do tremendo final com 'Soily', um rock inédito que Macca apresentou pela primeira vez naquela turnê.

'Wings Over America', somado ao sucesso de seus álbuns anteriores, daria a Paul o cacife que ele precisava em carreira-solo, e que o tornaria praticamente imbatível como hit-maker nos anos seguintes.

Foi assim, pessoal, que Paul McCartney dominou novamente os palcos dos EUA e do mundo inteiro. Seus discos venderiam mais do que os dos Beatles e do que qualquer outro, nos anos 70. Seu sucesso foi tamanho, que o Guinnes Book, em 1979, o presenteou com um 'Disco de Ródium' - metal raríssimo -, por considerá-lo o artista mais bem sucedido de todos os tempos!



2 comentários:

Debbie disse...

Grande texto para um grande álbum (literalmente também, hehe!). Foi fascinante, na época, ter esse álbum triplo e eu curtia muito a arte da capa e interior.
Adorava o violão de 12 cordas (certo?) que o Paul usou em várias canções, como a 'Bluebird' e a 'Richard Cory'. E essa versão lindíssima da 'Maybe I'm Amazed' foi a que primeiro me fascinou ao ouvir o disco pela primeira vez!
Foi o auge dos Wings?
Maravilhoso!!

Eduardo Lenz de Macedo disse...

Sim, Debbie. A excursão e este álbum triplo, representaram o ápice da banda! Lembro que o '...at the Speed of Sound' vendeu muito, assim como este ao vivo, e Paul se consagrou nos EUa com essa turnê! Depois, eles ainda fariam sucesso com 'Mull of Kintyre'... Mas já é papo pra mais adiante... hehehe.
Valeu a força!