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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Duane Allman - O Mago da Slide


No ano de 2000, meu amigo Márcio Grings pediu minha colaboração com alguns textos para o fanzine 'Conexão Blues'. Participei com textos sobre Robert Johnson na primeira vez, e depois sobre Duane Allman.


Duane foi sem dúvida um dos maiores guitarristas slide de todos os tempos, apesar de sua curta trajetória entre nós. Ele também foi responsável pela meteórica transformação do Allman Brothers em uma banda estradeira e uma das que mais faria a cabeça do público em apresentações ao vivo.
 
Deixo aqui o texto inicial que fiz para o fanzine, sem a revisão final que foi feita para o livro 'Alto & Bom Som'!  Lembrando que no dia 29 de outubro completará 40 anos da partida de Duane Allman.                                     



                                                 "Um Gato Velho do Interior ”
                                                                                                         
 Sem os Allman Brothers talvez o blues-rock que curtimos não existisse. Sem Duane Allman certamente os Allman Brothers não existiriam.

 Duane era a alma da banda. Claro que seu irmão Greg Allman cantava pra caralho e Dickey Betts acabou se tornando um grande guitarrista - adivinhem quem foi o mestre? -, mas a guitarra de Duane era inconfundível, era "o som” dos irmãos Allman.
   
          Duane era a antítese do "astro de rock", era como diríamos aqui um cara do interior, que adorava pescar e tomar seu trago. Ele se autodefiniu e a seu grupo como "apenas gatos velhos do sul, cara".
 Um de seus ídolos era Eric Clapton, e, quis o destino, que quando ele foi assistir a gravação do lendário "Layla and other assorted love songs" de Clapton, em Miami, este o convidou - seguramente impressionado com sua técnica - para tocar no álbum.
Assim fez-se a História. Uniram-se duas das maiores guitarras do blues-rock que se tenha notícia.


Ouçam de joelhos, irmãos, canções do calibre de "Key to the Highway", "Tell the Truth", "Little Wing", "Why Does Love Got to Be So Sad", a já citada "Layla", e muitas outras...
Clapton estava no auge da forma antes de desabar de cara na heroína e de joelhos por Pattie Harrison, aliás, à quem "Layla" é dedicado.
 Duane não está nem aí, e dá um banho de interpretação. Seus solos se mostram mais pesados, acompanhando o clima louquíssimo das gravações.


          Outro grande trabalho de Duane, que infelizmente não tinha o dom de cantar, foi seu solo na versão de Wilson Pickett para "Hey Jude" de Paul McCartney, sem dúvida uma das melhores gravações de blues  de todos os tempos. Ouçam também seu slide-dobro em "Please Be With Me" do grupo country "Cowboy", em que Duane faz um pega sensacional com o violão de Scott Boyer. E pra arrematar, sua leitura de "Loan Me a Dime"combinada com o vocal de Boz Scaggs é de arrepiar.


Duane gostava de sons acústicos também, e numa de suas últimas gravações, ele chamou Dickey Betts e criou a delicada "Little Martha"na qual as duas violas (Duane no dobro), conversavam entre si num diálogo que poderia durar para sempre.
Infelizmente, não foi assim.


Duane era fanático por motos – motos da pesada -,  e numa de suas escapadas pelo interior da Georgia em 29/10/71, deu de cara – literalmente - com um caminhão carregado de melancias. Na época ele estava trabalhando à mil nas gravações do "Eat a Peach", talvez o melhor álbum dos Allman Brothers.


          Foi-se o homem mas ficou a lenda viva e imortal de Duane Allman guardada para sempre em nossos vinis e cd's. Quando quisermos lembrar como se toca uma guitarra pura, sincera e sem modismos temos que recorrer  a dois álbuns vitais: "An Anthology" e "An Anthology volume II" de Duane Allman, que qualquer fã de blues que se preze tem que ter em casa.