Quando os primeiros acordes de ‘In the Flesh’ soaram no
Beira-Rio no dia 25 de março, domingo, eu ainda não tinha ideia do que esperar
do show de Roger Waters.
Eu gostava do Pink Floyd, mas não muito, nunca fui fã de
carteirinha. Como a maioria das pessoas, comecei a prestar atenção neles com o
álbum ‘Dark Side of the Moon’ de 1972. Depois revi sua história desde os áureos
tempos de Syd Barret e seus primeiros discos.
Quando Barrett pirou e foi obrigado a deixar a banda, Waters
se encarregou de liderar os colegas Richard Wright, Nick Mason e o novo
guitarrista David Gilmour em busca de um som diferente. E eles conseguiram.
Após o famoso disco do ‘Prisma’, como ficou conhecido o ‘Dark Side...’, Roger
Waters também foi decisivo no excelente álbum ‘Wish You Were Here’, fazendo um
tributo a Barrett.
Chegamos então ao ‘The Wall’ álbum trabalhado por Waters em
1978. Ao se dirigir a plateia lotada do Beira-Rio, Roger comentou que em 1978
ele achava que ‘The Wall’ era sobre ele mesmo, mas que com o tempo viu que era
sobre Jean Charles – o brasileiro assassinado por engano pela policia num metrô
de Londres, a quem o show foi dedicado – e a muitas outras pessoas.
Do show em si, difícil falar. Se você não estava lá, perdeu
um dos maiores espetáculos visuais de todos os tempos. Não apenas isso. O som
estava perfeito, parecendo vir de todas as partes do estádio. Do avião abatido
na primeira canção até o ‘javali voador’ quase no final, o muro se encarregou
de destrinchar de maneira espetacular a ópera-rock de Waters!
Foi coisa de primeiro mundo. Não parecia ser apenas ‘efeitos
especiais’, eu imaginei uma mega-tela de cinema, em que a banda ia sendo pouco
a pouco engolida pelo muro.
‘Another Brick in the Wall’, claro, levou a multidão ao
delírio. ‘Goodbye Blue Sky’ é linda, assim como ‘Hey You’. Gosto muito da ‘Comfortably
Numb’, uma das poucas parcerias com Gilmour neste trabalho, mas não adianta
escolher algumas músicas. O show tem uma unidade! Você tem que acompanhar tudo
atentamente, e depois não adianta pedir bis, pois quando toca a última música do álbum, acaba o
show.
O que ficou marcado para mim deste show e de Waters em
particular, é seu extremo sentimento anti-bélico, - Waters perdeu seu pai na
segunda guerra mundial -, sua luta contra as grandes companhias
multi-nacionais, e sua notória descrença nos políticos em geral.
Foto de Miguel de Macedo
O espetáculo em si, não vou esquecer tão cedo, mas Waters fez
mais, ele transformou visual e som em mensagem, e isto é muito mais difícil de
se fazer, mas também muito mais autêntico e prazeroso.
Saí de lá de alma lavada!
2 comentários:
Que maravilha!! Obrigada por compartilhar! xx
Maravilhoso o show, Debbie! Quem puder, tem que ir!
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