Esta vida é um filme – por Rogério Koff
7 outubro , 2009 - 06:49
O diretor franco-polonês Roman Polanski comandou a produção de O Bebê de Rosemary em 1967. Lançado nas telas um ano depois, esta produção foi um marco na história do cinema de terror. Stanley Kubrick demoraria doze anos para dirigir algo parecido (O Iluminado), enquanto que Freddys e Jasons só surgiriam nos anos 1980, com séries intermináveis e distantes da genialidade de seus precursores. Mia Farrow foi escalada para o papel principal, fazendo uma esposa que espera seu primeiro filho e que se vê progressivamente envolvida em uma conspiração demoníaca. Não há em O Bebê nenhuma cena de terror ou violência explícitos, nenhum monstro, mas apenas um suspense psicológico de tirar o fôlego.
O diretor franco-polonês Roman Polanski comandou a produção de O Bebê de Rosemary em 1967. Lançado nas telas um ano depois, esta produção foi um marco na história do cinema de terror. Stanley Kubrick demoraria doze anos para dirigir algo parecido (O Iluminado), enquanto que Freddys e Jasons só surgiriam nos anos 1980, com séries intermináveis e distantes da genialidade de seus precursores. Mia Farrow foi escalada para o papel principal, fazendo uma esposa que espera seu primeiro filho e que se vê progressivamente envolvida em uma conspiração demoníaca. Não há em O Bebê nenhuma cena de terror ou violência explícitos, nenhum monstro, mas apenas um suspense psicológico de tirar o fôlego.
A vida de
Polanski e outras coincidências estranhas se encarregariam de inspirar a
mística sobre a “maldição” do filme. Dois anos depois, sua mulher, a estrela
ascendente Sharon Tate, então com 26 anos e grávida de oito meses, foi
brutalmente assassinada em Los Angeles, por um grupo de fanáticos liderados por
Charles Manson. Polanski não estava nos Estados Unidos e soube pelos jornais
que Manson dizia ter recebido mensagens cifradas que ordenavam o crime. Uma
destas seria curiosamente a letra de Paul McCartney para Helter Skelter, música
integrante do famoso White Álbum, sucesso dos Beatles em 1968.
Por falar
em Beatles, após a dissolução do quarteto mais famoso da história da música
pop, John Lennon foi morar nos Estados Unidos. Escolheu um apartamento no
Edifício Dakota, com vista para o Central Park, e para lá rumou com Yoko Ono no
início dos anos 1970. O resto da história nós todos conhecemos; um fanático de
nome Mark Chapman matou Lennon a tiros na frente do Dakota em 8 de dezembro de
1980. Detalhe: o edifício foi integralmente utilizado como locação para a
filmagem de O Bebê de Rosemary, doze anos antes.
Voltando
a Polanski, ele viveu outro drama particular em 1977, quando, aos 41 anos e
vivendo nos Estados Unidos, foi acusado de manter relações sexuais com uma
jovem chamada Samanta Geimer, então com 13 anos. Às vésperas do julgamento,
fugiu para a França, onde vive há mais de 32 anos. Há duas semanas, foi preso
na Suíça, onde receberia um prêmio por sua obra. O que deveria ter sido uma
homenagem, acabou como palco para uma operação policial que visava atender a
uma ordem de prisão emitida pela justiça dos Estados Unidos. Aos 76 anos,
Polanski aguarda na cadeia a decisão sobre sua provável extradição. Outra
grande coincidência cinematográfica é que o julgamento de um possível indulto
está nas mãos de ninguém menos do que Arnold (Conan, o Bárbaro) Shwarzenegger,
governador da Califórnia. Suprema ironia. O crítico cultural norte-americano
Neal Gabler já havia sentenciado que a vida está se transformando em um filme.
Anônimos buscam a fama e celebridades têm suas existências vasculhadas pela
mídia.
Muito
cuidado aqui, porque não quero minimizar o crime de pedofilia, aliás, um dos
grandes dramas de nosso país. Mas deixo uma perguntinha: se Polanski não fosse
ele próprio uma celebridade o tratamento dado pela justiça ao caso teria sido o
mesmo? Um anônimo estaria nesta mesma situação? Qual o real motivo de uma
prisão preventiva se, em 32 anos de vida na França, Polanski não cometeu nenhum
outro crime. Acrescente-se ainda que a própria vítima já declarou publicamente
que não desejava dar seqüência ao processo. Estamos falando de justiça ou de
vingança?
Fica ao
leitor esta provocação e outra: a de tentar encontrar novas coincidências
numerológicas nas datas apresentadas ao longo do texto. Pura diversão macabra.
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