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sexta-feira, 26 de julho de 2013

James Cotton - A Trilogia Blueseira!





Foi com grande satisfação que no início deste mês de julho recebi a notícia de que o gaitista e vocalista James Cotton iria se apresentar em Porto Alegre.
Eu não tinha mais esperanças de ver Cotton ao vivo, principalmente depois que soube que ele fez uma cirurgia para retirar um tumor da garganta em 2004.
Cotton, quase não canta mais, mas em seu último trabalho lançado recentemente ele ainda se arrisca interpretando apenas uma canção. O disco 'Cotton Mouth Man', se não conta com sua voz matadora, pelo menos ainda nos brinda com sua harmônica inigualável. Anos atrás sua interpretação do blues me caiu como um raio no disco 'Harp Attack' (junto de Junior Wells, Billy Branch e Carey Bell). Nunca mais esqueci do nome de Cotton!
Foi assim, preparado para ouvir 'apenas' sua gaita de boca, que me dirigi ao teatro da AMRIGS, terça-feira passada. Porém a chamada para o show já dava uma outra pista: era a 'James Cotton Blues Band', e não tão somente o artista solo.


Antes de comentar o show, devo dizer que meus ídolos do blues começam por Muddy Waters - nunca vou me perdoar por não ter nascido antes e poder tê-lo assistido nos anos 50, 60 ou 70! Destaco também a dupla Buddy Guy (esse eu vi ano passado) e Junior Wells (a melhor gaita e uma das melhores interpretações de blues na minha opinião). Não posso esquecer também de B. B. King, a quem assisti em 1986, no Gigantinho, ainda em plena forma.
Com King, Guy e Cotton, minha trilogia blueseira está completa! Agora posso descansar em paz, irmãos!

Voltando ao show, o que fez a diferença na AMRIGS foi a banda de Mr. Cotton. Os caras estavam muito a vontade para fazer tremer aquele teatro.
Pra começar, entraram em cena o guitarrista branco e canhoto Tom Holland, o baixista Noel Neal e o baterista Jerry Porter (já tocou com Magic Slim). Esse trio arrasou! Enquanto aguardávamos o James, eles tocaram alguns blues para ouriçar o público que quase lotava o teatro.
A técnica de Holland é algo gostoso de se ver. Seus solos, altamente melódicos e sofisticados, me lembraram em alguns momentos de Roy Buchanan (acho que não é exagero). O baixista Noel Neal, também é um protagonista, e solou com seu baixo em várias ocasiões. Fico muito feliz quando o baixo é tratado assim, como um instrumento de solo, e não apenas um acompanhamento ou uma base.
O baterista Porter, muito experiente, toca há pelo menos vinte anos com Cotton, e já se apresentou com vários blueseiros de renome. Sua batida firme e pesada, foi marcante.


Cotton finalmente apareceu, segurando uma bengala, com a voz mais rouca impossível, seus 78 aninhos, e, muito simpático, chamando o público pra participar do show.
Este cara, apesar de seu problema nas cordas vocais, tem agudos e graves impressionantes enquanto toca seu instrumento, ele simplesmente brinca com a gaita. As gaitas, eu diria, porque a coleção de harmônicas era extensa.
Para o show ficar completo faltava um vocalista, e ele se materializou na forma e no espírito de Darrell Nulisch, outro branco e experiente cantor de blues.

Nullisch e Cotton trocaram figurinhas o tempo inteiro, um no vocal outro na gaita, e assim o tempo voou naquela noite. Holland tinha que se conter com sua guitarra. O Mestre pediu, e ele baixou um pouco a bola.

As canções se basearam no que o blues tem de melhor, mas eu destacaria duas músicas de Muddy Waters, aliás, que foi com quem James Cotton começou sua carreira.
A clássica 'Blow Wind Blow', com um vocal impressionante de Nulisch, foi um dos pontos altos do show. Clapton gravou esta canção em 'Another Ticket', mas ouvi-la ao vivo, com Cotton junto, foi um marco.
Outra que não posso esquecer é 'Got My Mojo Working', standard de Waters, que Cotton recuperou e convocou todo mundo para cantar. Nós não decepcionamos Mr. Cotton: levantamos, gritamos e cantamos todos juntos!

James Cotton saiu aplaudido de pé! O Blues agradece!



2 comentários:

Cristina Macedo disse...


Bacana, Dado! Bom teres curtido!!! Beijo, Titina.

Eduardo Lenz de Macedo disse...

Bom show, Titina! Bjs.