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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

25 Anos de 'Cloud Nine'




No início de 1987, George Harrison voltava de um período de retiro. Ele ficara 5 anos sem gravar, dando atenção a família, e a seu maior hobby, a jardinagem!
Poucos estavam preparados naquela época para um álbum como 'Cloud Nine', que lançado em novembro daquele ano chegou ao topo das paradas com o single 'Got My Mind Set on You'! Mas ele foi muito mais que um single. Sugiro ao caro leitor que faça uma audição deste disco agora que completamos 25 anos de seu lançamento. Tenho certeza que vocês descobrirão sempre coisas novas brotando da genialidade de George, Eric, Elton John, Ringo, etc...  


                                Cloud Nine – George no paraíso*


Após um início de carreira solo arrasador, que incluíram o álbum triplo “All Things Must Pass” e o show beneficente para Bangladesh, George Harrison entrou num período típico de inferno astral.
Em 1973, sua esposa Pattie o trocou pelo amigo de longa data, Eric Clapton. No ano seguinte, ele tentou excursionar pelos Estados Unidos, mas fracassou. George tinha decidido mudar o arranjo da maioria das músicas, e o público não aceitou esta mudança. Além disso, ele estava com um problema crônico na voz que atrapalhava seu desempenho vocal.
Tempos depois, George reencontrou a alegria de viver nos braços da mexicana Olivia Arias e, após ser pai de Dhani em 1981, resolve retirar-se do show bizz.
Seu último álbum seria o medíocre “Gone Troppo” de 1982.
Depois de cinco anos de aposentadoria, aproveitados para meditar, viajar e aprender noções avançadas de jardinagem, George sentiu que era hora de voltar aos estúdios.



Com o ânimo renovado e inspirado pela vida feliz que levava com Olivia e o pequeno Dhani, George faz parceria com Jeff Lynne, ex- Electric Light Orchestra, que iria tocar baixo, guitarra , teclados e co-produzir o álbum com Harrison. Na bateria, o amigo de sempre Ringo Starr dá as cartas, junto com o talento do músico de estúdio brilhante e sempre requisitado Jim Keltner. Para o piano, além de outro amigo, Gary Whright, o grande destaque foi a participação de Elton John, considerado como um ‘tio’ por Harrison. Para auxiliar George nos solos de guitarra, Eric Clapton também se fez presente.


Com este time de craques bem entrosados, Harrison entra no estúdio particular de sua casa, em Friar Park, em janeiro de 1987, para as gravações que se estenderiam até março.

Ao admirarmos a bela capa de ‘Cloud Nine’, já temos uma pista de qual seria a tônica do álbum: George posa com uma guitarra ‘Gretsch’ anos 50, que ele tocava nos áureos tempos antes de ser famoso. Essa guitarra seria perdida e anos depois, recuperada por George. Ele nos mostrava, assim, que queria resgatar o ritmo dos velhos tempos, mas com uma roupagem totalmente nova.

A canção que inicia os trabalhos é a faixa-título Cloud Nine, posicionando sem preâmbulos o ouvinte sobre qual seria a base do disco – as afiadíssimas guitarras de Clapton e o vocal inconfundível de Harrison de volta a velha forma.
O rock alegrinho de Fish on the Sand, segura bem o ritmo do disco enquanto a balada Just for Today é Harrison em um de seus melhores momentos como compositor e cantor.
Uma parceria de George com Jeff Lynne, This is Love, também se destaca no lado A, em que o grande atrativo acaba sendo uma composição de George sobre os velhos tempos dos Beatles, a antológica When We Was Fab.
Harrison, que sempre relutou em recordar aqueles tempos em que a banda reconhecidamente era a melhor do planeta, compôs uma música resgatando aquela época sem ser nostálgica e conseguindo criar uma atmosfera anos 60  sem soar antiga.



Devil’s Radio, o rock mais forte do álbum abre o lado 2, mostrando um estilo de tocar guitarra que lembra o grande ídolo de George, Carl Perkins.
A simplicidade e pureza de Someplace Else, mais uma balada romântica de George, não nos deixa esquecer que não era apenas Paul McCartney que sabia compor músicas lentas na fase Beatle de suas carreiras.
Finalmente, quem rouba o show é uma cover de uma música dos anos 50, Got My Mind Set On You, que lançada em single chegou ao primeiro lugar na América. Sem dúvida, foi uma grande e merecida surpresa para Harrison ter mais uma vez uma canção interpretada por ele liderando as paradas.

A previsão - e esperança - de todos nós era a de que George se entusiasmasse com o sucesso do álbum e retomasse de maneira mais efetiva sua carreira solo, compondo e lançando mais discos.
Não foi o que aconteceu.

Em 1988, ele ainda se reuniria a Bob Dylan, Tom Petty, Jeff Lynne e Roy Orbison e formaria o supergrupo de astros Traveling Wilburys, tendo relativo sucesso em dois álbuns lançados no intervalo de três anos.
Estimulado por Clapton, Harrison faz algumas apresentações no Japão em 1991, com a participação do próprio Clapton e sua banda. George não parecia muito animado, mas relembrou seus sucessos antigos e várias músicas do tempo dos Beatles. Estes shows seriam eternizados no cd duplo ‘Live in Japan’.



Após estas apresentações, George silenciou novamente. A partir de então, seu principal passatempo e verdadeira paixão passou a ser a jardinagem.
Simultaneamente quando a produtora de cinema de Harrison, a ‘Handmade Films’ abre falência, ele participa junto a seus ex-parceiros Ringo Starr e Paul McCartney do projeto “Anthology’, resgatando a memória dos Beatles para os jovens dos anos 90.

Por melhor que tenham sido todos esses trabalhos posteriores de George Harrison nenhum deles chegou perto do criativo e ousado mergulho no passado – mas com um olho no futuro – de “Cloud Nine”. 


*Texto Escrito para o livro 'Alto & Bom Som - Ruidos, Chiados e Pinceladas Musicais'.



4 comentários:

Ana V. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana V. disse...

Parodiando Dado Macedo, vale dizer que a simplicidade, a ternura, o divino e a pureza de Someplace Else, talvez a balada mais romântica de George, nos fará sempre recordar de quão grande e sublime era o seu talento.
Dado, nem preciso dizer o que achei do post, né?

Luciano Ox disse...

Olá Dado ! Também curto muito a música no formato do bom e velho vinil ! Tenho alguns vinis, inclusive Cloud Nine ! Bem, me faltam ainda alguns do George. Gostei do teu blog, e excelente conteúdo!

Eduardo Lenz de Macedo disse...

Valeu, Luciano! Acho que o vinil tá voltando com tudo! 'Cloud Nine', para mim, é sempre uma audição especial!
Parece que em 2013 o 'Dark Horse' do George, será relançado... Boas novas!

Te convido para participar sempre do blog.
Grande abraço.