Total de visualizações de página

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Uivo!! Por Eric Drooker!






No início dos anos 80, quando a febre da geração 'beat' finalmente me atingiu, parti em busca de alguns trabalhos de Kerouac, Ginsberg e Burroughs.
'On the road' foi lido rapidamente, 'Naked Lunch', nem tanto. O poema 'Uivo' de Ginsberg, foi um dos que voltei a ler frequentemente.
Agora que On the Road virou filme, me deu vontade de reler o 'Uivo', mas desta vez numa apresentação mais moderna. 
Eric Drooker, americano de Manhattan, conheceu Ginsberg em 1988, e logo sua colaboração 'Poemas Iluminados' ganharia vida. O sucesso chamou a atenção dos grandes estúdios que pediram a Drooker para fazer o trabalho gráfico que resultaria no longa 'Howl'(2010)!




Impressionante o traço de Drooker, nesta graphic novel, em colaboração com a poesia de Ginsberg!

O livro é dedicado, "aos fodidos anônimos
                                   & miseráveis sofredores
                                  & hipsters de cabeça feita
                                       de todos os lugares..."

Sempre curti muito a parte dedicada a Moloch, que começa assim:

                      'Que esfinge de cimento e alumínio arrebentou
                                  seus crânios e devorou os cérebros
                                  e a imaginação'?


Boa pergunta,Ginsberg!!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Lembranças a Broad Street! - O Filme!



Em 1983, Paul McCartney vivia uma das melhores fases de sua carreira-solo.
Após descartar a banda Wings em 1981, ele lançara dois grandes álbuns de estúdio. O criativo, ousado e amargurado 'Tug of War', foi sem dúvida um dos melhores trabalhos de sua carreira. Logo depois aparecia 'Pipes of Peace', não tão essencial, feito com algumas sobras do anterior, e participação especial de Michael Jackson.
Ambos venderam muito, além de gerarem dois singles vencedores: 'Ebony and Ivory' (com Stevie Wonder) e 'Say, Say, Say' (com Jackson).

Pois valendo-se deste novo acerto musical, Paul imaginou expandir sua arte para o cinema.
A coisa não era tão simples como Macca pensava, e nem os fracassos do tempo dos Beatles com as filmagens de 'Magical Mystery Tour' e 'Let It Be', lhe serviram de alerta.

O problema já começava no roteiro de 'Give My Regards to Broad Street', claro, escrito pelo próprio McCartney. Ele tratava de um 'rock star' - adivinhem quem -, que tinha suas fitas de gravação surrupiadas, (experiência do próprio Macca com as fitas de 'Band on the Run' na Nigéria), dias antes do prazo final de entregá-las a gravadora. Neste meio-tempo, você assistia ao astro em performances de estúdio, algumas muito boas como 'The Long and Winding' Road', 'For No One' e em clips cuidadosamente ensaiados. Destaque para o clip de 'Balroom Dancing'.

As participações especiais que tentavam dar vida ao roteiro incluíam Ringo Starr e sua esposa Barbara Bach, a própria Linda McCartney e os músicos Eric Stewart, Chris Spedding e Dave Edmunds.
Os atores convidados eram capitaneados por Bryan Brown (como o incauto 'ladrão' das fitas originais), Tracey Ullman e o veterano Ralph Richardson, em uma de suas últimas atuações.



O saldo infelizmente foi negativo para McCartney. Muitos críticos até perguntaram o porquê deste filme. George Harrison, particularmente uma pessoa acostumada com as produções de cinema com sua 'Handmade Films', criticou a Paul por, como de costume, tentar fazer tudo sózinho!
O que ocorreu foi que em princípio, 'Give My Regards...' seria um curta-metragem. Para a função de dirigir este curta, Paul contratou um diretor especializado neste tipo de filmagem, chamado Peter Webb.
Webb, pouco a pouco foi se entusiasmando com o roteiro de Paul, e no final tinha um longa em suas mãos, o que foi motivo de brigas acirradas entre ele e Macca, sempre preocupado com a qualidade e a questão financeira.

Se o filme deixou muito a desejar, a trilha-sonora compensou, em parte, o fiasco. Além das já citadas, também faziam parte dela, 'Yesterday', 'Good Day Sunshine', 'Silly Love Songs', 'So Bad' e 'Eleanor Rigby', além de três composições inéditas de Macca: o rock 'No Values' (Paul sonhou com esta música e com os Rolling Stones a tocando e depois foi se certificar que eles não haviam composto nada parecido), 'Not Such a Bad Boy' e a balada inesquecível de 'No More Lonely Nights', ganhando uma força extra com a guitarra de David Gilmour.
'No More Lonely Nights' também seria lançada em single, e compensaria um pouco dos prejuízos morais e comerciais de Macca!

Não pela primeira vez, e talvez ainda não pela última, Paul McCartney misturava o seu lado condescendente com seu trabalho. Novamente faltou alguém - como após o final dos Beatles - para olhar nos olhos do 'velho Macca' e lhe dizer: "This is muzak to my eyes"!!!




quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Sharon Tate e o Fim do Sonho!




Há 43 anos, na madrugada de 9 de agosto, a famosa atriz Sharon Tate era assassinada de forma brutal em sua casa em Hollywood! O sonho 'hippie' terminava neste momento, e o mundo nunca mais seria o mesmo! 


O ano de 1969, foi talvez o mais representativo do final de uma década que se tenha notícia.
Naquele ano, as marcas – e os sonhos - deixados pela contra-cultura seriam postos a prova.
A utopia da vida comunitária hippie e dos shows de Woodstock, deixara a todos com esperança, logo abalada pelo concerto dos Stones em  Altamont, em que brigas, tumultos e o assassinato de um espectador, caíram como um choque de realidade na geração paz e amor!

O pior aconteceu quando um bando de hippies, liderados por um maníaco chamado Charles Manson invadiu a casa do diretor de cinema Roman Polanski e assassinou todos que estavam presentes, incluindo sua esposa Sharon Tate, grávida de oito meses.

Sharon Tate, era uma bela modelo, vinda de uma família conservadora, que se tornou atriz de cinema.
O que muitos comentavam, era que sua extrema beleza atrapalhava sua carreira. Ela havia chegado à Hollywood muito nova e passara a fazer pontas no cinema e pequenos papéis em séries para a TV.
Quem logo a descobriu foi o produtor da MGM Marty Ransohoff, que investiu no seu talento e a contratou.
 Seu papel mais significante nessa época foi em ‘Don’t Make Waves’, uma comédia com Dean Martin.
Em 1966, Sharon estava namorando o cabelereiro das estrelas de Hollywood Jay Sebring, quando numa festa é apresentada ao cineasta Roman Polanski.


Polanski contou que ficou impressionadíssimo com sua beleza. Ele havia sido contratado pela MGM para rodar o filme ‘The Fearless Vampire Killers’ (A Dança dos Vampiros), na Europa.
Roman estava à procura de uma atriz para o papel principal feminino no elenco do filme. Ransohoff espertamente sugeriu Sharon. Polanski achava que Tate, loura e saudável, não se encaixava no papel de uma filha de estalajadeiro judeu.
Após alguns testes em que Sharon acabou colocando uma peruca ruiva sob seu lindo cabelo loiro, Polanski ficou convencido que ela estava apta para o papel. Sharon brilharia como uma vampira sedutora.  
O início das filmagens coincidiu também com o início do relacionamento dos dois.


Neste meio tempo, após passar quase metade de sua vida na prisão, por crimes que variavam de roubos de carros até estupro e tentativas de assassinato, Charles Manson foi libertado. O ano era 1967, o chamado 'verão do amor' estava no auge, e jovens de todas as partes dos EUA convergiam para Los Angeles e San Francisco.

Manson, tinha um certo carisma para aqueles jovens alienados, que haviam abandonado a casa dos pais. Com seu poder mental, aliado a algum conhecimento de cientologia, hipnose, e se valendo das drogas e até de citações da Bíblia, Manson consegue as primeiras adesões para sua trupe que ficaria conhecida como a ‘família’.
Durante essa época, vagabundeando por L.A., Manson desenvolve um talento para a música e fantasia uma carreira na cena musical do oeste americano.
Manson fica conhecendo o baterista dos Beach Boys Dennis Wilson, e este o apresenta ao produtor musical Terry Melcher, que ouve as suas canções e se compromete a fazer testes com Manson e talvez gravá-lo.

No início de 1968, Sharon e Polanski se casam em Londres. A carreira de Polanski vai de vento em popa e nesse ano ele faria grande sucesso com o ‘cult movie’ ‘Rosemary’s Baby’ (O Bebê de Rosemary).
Sharon não tem tanta sorte. O novo filme de que ela participa, ‘Valley of the Dolls’ (O Vale das Bonecas), não é bem recebido pela crítica.
Em março de 1968, Polanski aluga uma casa em Cielo Drive, nas colinas de Los Angeles. O inquilino anterior havia sido Terry Melcher.


 Manson, durante o verão de 1968 vai conseguindo cada vez mais adeptos para sua seita.  Toda a ‘familia’ passa a viver no Rancho Spahn, um antigo cenário de filmes abandonado, em pleno deserto.    
Uma das teorias – e alucinações - de Manson era a de que os negros iriam dominar o planeta. Uma revolta racial culminaria com a morte da população branca no mundo todo, com a exceção é claro, de Charles Manson e seus adeptos.    
Quando em setembro, o ‘Álbum Branco’ dos Beatles é lançado, ele consegue achar provas de sua teoria em quase todas as canções do disco. Na verdade, Manson acreditava que os Beatles usavam sua música para se comunicar com ele, do outro lado do Atlântico.
Na canção ‘Blackbird’, ele sentia que os Beatles falavam sobre o povo negro se preparando para a guerra. ‘Piggies’, ele achava que se referia ao estabilishment, e a via como um prenúncio da derrocada da classe rica dominante.
O rock ‘Helter Skelter’, seria a própria revolução acontecendo, com guitarras parecendo metralhadoras.
Como Manson conseguiu incutir todas essas ideias nas cabeças de seus seguidores é difícil saber. A maioria deles provavelmente já tivesse inúmeros problemas, além do uso das drogas. Eram jovens delinquentes fantasiados de hippies, e em sua maioria abandonados pelos pais. Não seria improvável que decidissem seguir – na época os líderes espirituais estavam na moda - o primeiro guru esperto (e maluco) que aparecesse.


Para a carreira de Sharon deslanchar de vez, tudo de que ela precisava parecia ser de um grande papel em um bom filme. Mas em dezembro de 68 ela engravida. Sua carreira agora teria que esperar. Sharon investe tudo no nascimento do bebê, e fotos a mostrando, já em gravidez avançada, percorrem o mundo fazendo sucesso por sua beleza.
Ela viaja para a Europa em março de 69 apenas para terminar sua participação no filme ‘Thirteen’ e depois, despedindo-se de Polanski, volta para ganhar seu filho nos EUA.
Enquanto trabalhava em Londres, Polanski pediu a seu amigo polonês, Wojtek Frykowsky que cuidasse da casa de Cielo Drive, junto com sua namorada Abigail Folger.

Na noite de 8 de agosto Manson diz a seus discípulos que havia chegado a hora para o ‘helter skelter’. Isto significava que eles começariam a revolução. Cansado de esperar pela rebelião dos negros, Charles Manson resolve tomar a iniciativa e promover crimes bárbaros com a intenção de colocar a culpa nos ‘Panteras Negras’.
A casa escolhida para a chacina naquela noite foi a de Sharon Tate. Manson já havia frequentado aquela mansão na época em que o inquilino era Terry Melcher. Melcher não havia cumprido a promessa de dar uma chance na música a Manson. Mesmo sabendo que Melcher não morava mais naquele endereço, Manson tinha fortes ressentimentos contra o mundo do show bizz e sabia que eram artistas do ramo do cinema que se encontravam na casa.
Charles Manson não participaria fisicamente dos crimes. Ele orientou seus asseclas, Charles Watson, Susan Atkins, Patrícia Krenwinkel e Linda Kasabian a ‘matarem todos que estivessem no local’, da maneira mais brutal e sangrenta possível.
Naquela noite de horror ao chegarem à Cielo Drive, um jovem estava saindo de carro do local após visitar o caseiro que morava nos fundos. Watson o matou com 3 tiros. Após cortarem o fio telefônico ele entraram na casa por uma das janelas. Sharon conversava com Jay Sebring, Abigail lia um livro e Woytek dormia no sofá da sala.
Sharon Tate implorou por sua vida e pela de seu bebê. Não adiantou. Todos foram mortos a tiros e facadas. Um dos assassinos escreveu a palavra ‘pig’, com o sangue de Sharon, na porta de entrada.


O que se seguiu nas semanas seguintes foi um verdadeiro linchamento póstumo de Sharon e seus amigos. A mídia sem saber a quem culpar pelos homicídios, decidiu achar pistas de mau comportamento nas próprias vítimas. Houve teorias que ligavam os amigos de Sharon ao tráfico de drogas, também foi amplamente divulgado que houvera orgias na casa, rituais satânicos, e muitos questionaram a presença de Sebring, ex-namorado de Sharon, no local.
Roman Polanski veio em defesa de sua mulher e de seus amigos. Nenhum deles era traficante, não havia orgias e Sebring continuara um grande amigo deles. Segundo Polanski não havia motivo nenhum para os assassinatos.
 A comunidade do cinema de Los Angeles não poderia ter se sentido mais insegura. Atores viajaram da noite para o dia para outras cidades, e a venda de armas de fogo teve um aumento significativo. Ninguém estava imune ao medo provocado pelos crimes.

Somente em dezembro a polícia teve pistas concretas de quem tinha cometido os assassinatos. Quando os criminosos foram finalmente presos e se descobriram os motivos absurdos para a matança, a reação da mídia foi como se já soubesse de tudo o tempo inteiro.
Não houve nenhuma tentativa de se fazer justiça à memória de Sharon. Polanski ficou profundamente magoado com a situação. Até hoje ele acredita que muitos só lembram do que leram nos jornais.
Em 1974 seria publicada as memórias do promotor público que trabalhou na acusação, chamado Vincent Bugliosi. O livro ‘Helter Skelter’ (Manson – Retrato de um Crime Repugnante), mostrou a podridão moral da comunidade de Los Angeles e toda a verdade sobre o caso.
Manson e seus seguidores foram condenados à cadeira elétrica. Algum tempo depois, a pena de morte foi abolida na California e o bando teve a sua pena comutada para prisão perpétua, que cumprem até os dias de hoje.

Sharon Tate, uma das mulheres mais belas que o cinema já viu, nunca conseguiu atingir o estrelato que merecia devido a uma carreira curta e à péssima escolha dos filmes de que participou.
 Infelizmente ela seria lembrada muito mais pela sua morte trágica, do que por sua carreira. O filme ‘A Dança dos Vampiros’ dirigido por seu marido Roman Polanski permanece como o único legado indiscutível de seu talento como atriz.